domingo, 27 de janeiro de 2013

CASAL INSTALA MINHOCÁRIO NO QUINTAL PARA EDUCAR AS FILHAS SOBRE O RESPEITO AO MEIO-AMBIENTE.


Por Célia Ribeiro

Na faixa dos 40 anos, um casal de analistas de sistemas conhecido na Zona Oeste de Marília por sua liderança comunitária encontrou um modo diferente para despertar nas filhas, de 09 e 15 anos, os princípios preservacionistas. Mais que falar sobre o respeito ao meio-ambiente e valorizar a vida com mais qualidade, os pais deram o exemplo ao criar, no fundo do quintal da residência, um sistema rudimentar, porém eficiente, de compostagem de lixo orgânico com a criação de minhocas.
Minhocas californianas 
Criados na zona rural, Márcia e Vanderlei Scaquete nunca tiraram os pés da terra que visitam, invariavelmente, todo fim de semana. Na propriedade dos pais dele, no Distrito de Jafa, da vizinha cidade de Garça, a família se reabastece de ar puro e renova os votos de amor à natureza sempre que tem tempo livre. E foi de lá que eles trouxeram a ideia de fazer o minhocário em dois baldes plásticos onde criam minhocas californianas a partir de sobras de alimentos.

Márcia coloca húmus no vaso: plantas saudáveis
 
A preocupação ambiental do casal vem de muitos anos. Antes mesmo do nascimento das filhas Indaiá e Tainara, os pais já separavam o lixo reciclável e procuravam gerar o mínimo de resíduos orgânicos. Com a chegada das meninas foi natural a opção por educa-las segundo seus preceitos de vida, respeitando a natureza: “Nossa intenção é mostrar para as crianças que a gente tem que cuidar do que a gente gera de lixo”, afirmou Vanderlei.

Vanderlei coloca bagaço de acerola na composteira
Segundo ele, como já praticavam a coleta seletiva de lixo muito antes de o tema merecer a atenção da sociedade, a opção pela composteira doméstica foi uma consequência natural. “Elas não deixam cheiro, não atraem insetos e podemos usar quase tudo”, disse o analista de sistemas, citando as cascas de ovos, sobras de vegetais, frutas, legumes, pão, bolos, bolachas, filtro de café, arroz, feijão e até papeis. A exceção fica para os cítricos (bagaços de laranja, por exemplo) e das carnes.

CULTIVO ORGÂNICO
 
Márcia observa o marido ao lado do canteiro de hortaliças
A criação de minhocas, iniciada 10 anos atrás, deu tão certo que hoje a maior parte da produção do húmus é levada para a propriedade da família em Jafa. Lá, esse adubo natural excretado em abundância pelas minhocas, é responsável pelos belos canteiros de hortaliças e legumes. Só que Márcia e

Vanderlei também mantém uma pequena horta em casa, onde cultivam temperos e verduras graças às minhocas que, vez ou outra, são tiradas dos baldes e levadas ao canteiro do quintal para fazer o que sabem como ninguém: aerar a terra, mantendo a oxigenação da plantação.
 
Dona Odília e Indaiá mostram as verduras orgânicas do sítio da família
“Existe um mercado rentável para as minhocas”, contou Vanderlei, explicando que um copo de minhocas californianas chega a custar 10 reais. Elas são usadas para a pesca, principalmente. Em Marília, é possível encontra-las em lojas de material de pesca e no Mercadão. Perguntado se pretende investir no negócio, Vanderlei sorriu e descartou a possibilidade de ampliar o minhocário. Para ele, já valeu atingir seu principal objetivo que era educar as filhas e, de quebra, a família ainda conta com alimentos orgânicos de qualidade.
Tomateiro no quintal respondeu bem à adubação

FÁCIL DE FAZER E MANTER

MATERIAIS:
01 balde de plástico, 02  litros de pedra brita número 02, 15 litros de terra vegetal comum úmida, 05 a 10  minhocas  californianas (à venda no Mercado Municipal, casas de pesca ou via internet), 01 faca de ponta fina, 01 litro de restos orgânicos, 100 gramas de folhas ou grama seca.

1. Coloque a pedra brita em um recipiente com água por 5 minutos
2.  Pegue o balde, faça  03  furos em sua lateral a 2 cm acima do fundo do tamanho da circunferência  de um grafite;
3. Coloque a pedra brita no fundo e não se esqueça de molhar a pedra por 5 minutos antes;
4. Coloque ¾ da terra no balde;
5. Não compacte a terra; apenas a despeje. Em seguida, coloque as minhocas e espere que elas entrem na terra;
6. Para terminar, coloque os resíduos orgânicos cobrindo-os totalmente com a terra que restou. Depois, coloque uma fina camada de folhas ou grama seca para manter a umidade.

Nos dois baldes são produzidos húmus em grande quantidade
e ainda aproveitado o lixo orgânico gerado pela família.
De acordo com Vanderlei Scaquete os três cuidados básicos são: não deixar faltar resíduos vegetais, não deixar a terra secar, e também não encharcar a terra, pois matará as minhocas. O correto é apenas umedecer a terra. Ao recolher o humos, o que deve ocorrer a cada 20 dias, repetir o passo 5.  Para outras informações, o contato do casal é: scaquete@zipmail.com.br

* Reportagem publicada na edição de 27.01.2013 do Correio Mariliense

domingo, 20 de janeiro de 2013

APÓS INTERCÂMBIO, ROSSANA CAMACHO APRESENTARÁ EXPERIÊNCIAS DE MARÍLIA ÀS NORTE-AMERICANAS.


Por Célia Ribeiro

“A violência contra a mulher não é um problema doméstico, mas uma questão que afeta toda a sociedade, no mundo todo”. A opinião é da ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, ex-delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e advogada Rossana Rodrigues Rossini Camacho que, nesta segunda-feira (21),recepcionará duas militantes norte-americanas que chegam a Marília para conhecerem projetos voltados à saúde da mulher, como o Grupo Amigos do COM e as ações de combate à violência doméstica, como a experiência da Rede Mulher.
Rossana durante apresentação

Ganhadora da prestigiada “Medalha Ruth Cardoso”, Rossana Camacho é considerada uma das expoentes no combate à violência contra a mulher. Por essa razão, foi uma das 14 brasileiras selecionadas para o Programa de Intercâmbio Internacional para Lideranças Femininas, patrocinado pelo Gabinete de Assuntos de Educação e Cultura dos Estados Unidos, e executado pelo ITD (Instituto de Desenvolvimento e Treinamento) em parceria com a universidade feminina Smith College, de Massachusets, de 29 de setembro a 12 de novembro do ano passado.

Durante 45 dias, a mariliense visitou diversas instituições dedicadas ao combate ao câncer de mama, além de entidades que mantém projetos voltados às mulheres vítimas de violência. Ela relatou o que viu: “Fiquei impressionada como os americanos destinam uma verba muito grande para os trabalhos com a mulher. Nós temos leis melhores no Brasil, uma logística melhor, toda uma organização melhor. Só que os americanos trabalham diferente. Eles investem mais”, disse citando que não apenas o governo, mas a sociedade norte-americana faz doações milionárias.
As intercambiárias brasileiras
Rossana Camacho falou sobre o acolhimento das mulheres em situação de vulnerabilidade. Nos abrigos visitados, ela comentou que as vítimas de violência podem levar os filhos e até os familiares, ficam em apartamentos com privacidade onde cozinham e cuidam das instalações. Cada mulher tem disponíveis os alimentos e materiais de higiene e limpeza que escolhem livremente, como se estivessem em um supermercado. Tudo de graça.

Obviamente,trata-se de um projeto caro. No entanto, através de doações da sociedade, das empresas e do governo, os abrigos garantem segurança e dignidade às famílias afetadas, assinalou a ex-delegada. Ainda assim, se a mulher decidir voltar para o convício com o agressor na própria casa, o programa cede um telefone celular com linha direta para denúncia, 24 horas, caso haja novas ameaças ou riscos. Já os homens agressores são assistidos em programas específicos para serem reinseridos na sociedade.

DETERMINAÇÃO

Num país que tem a “Lei Maria da Penha”, considerada uma das melhores do mundo, a violência contra a mulher continua matando dia após dia. “No Brasil, tudo é feito na raça. É um esforço hercúleo de quem trabalha com câncer, como a ACC de Marília,ou quem trabalha com a violência doméstica. Aqui, o governo federal também disponibiliza recursos, só que eles nem sempre chegam aos municípios, são desvirtuados, como nós tivemos em Marília. Não foi implantado o Centro de Referência da Mulher porque o recurso chegou para a Secretaria da Assistência Social e eles falaram que não precisava e devolveram cerca de 140 mil reais, no ano passado”.
Retratos de Michele Obama e Hillary Clinton, da artista Taís Monteiro,
e as experiências de Marília  foram expostos no espaço do Brasil
Rossana Camacho destacou a importância das ações que visam o empoderamento da mulher.“Existem muitas ferramentas que a gente conheceu, como angariar recursos, investir em palestras que transformem a sociedade”, afirmou, acrescentando que é necessário não só ter recursos, mas saber aplica-los, “preparar os profissionais, fazer as capacitações etc”.

Ela ressaltou que “a violência doméstica não afeta só a mulher. Afeta a família, afeta a economia e afeta o espaço de trabalho da mulher. Quando uma mulher está numa fábrica, numa lanchonete, num consultório, e ela é vítima de violência, a violência a acompanha. Nos Estados Unidos, tem muitos casos de maridos e namorados que não matam a mulher, mas matam o colega de trabalho que tentou separara briga, que chegou quando o marido estava nervoso no local de trabalho”.
Um dos abrigos visitados: investimentos maciços
do governo e sociedade norte-americanos.

Falando dos pontos positivos do Brasil, a ex-delegada da DDM citou a Lei Maria da Penha e as medidas protetivas que conseguem mandar o agressor para a prisão, além da existência de Centros de Referência e Casa Abrigo em vários municípios. No entanto, faltam recursos para expansão das boas experiências e investimentos na prevenção à violência doméstica.

PLANOS PARA MARÍLIA

Aposentada depois de quase 30 anos à frente da Delegacia da Mulher, da qual foi a primeira titular, Dra. Rossana Camacho está abrindo um escritório de advocacia que amparará as mulheres vítimas de violência. Além de manter sua participação voluntária no Conselho dos Direitos da Mulher, ela pretende ver implantada na cidade uma política séria de combate à violência, envolvendo o poder público e a sociedade em seus diferentes níveis.
Reunião de trabalho nos EUA
Sobre a implantação da Secretaria Municipal da Mulher, compromisso assumido pelo prefeito Vinicius Camarinha, Rossana Camacho observou que “é necessário ter um plano de governo, um trabalho de base estruturado. Não adianta só ter a secretaria. Tem que ter a estrutura, com coordenadores para as áreas da saúde,da educação, da cultura, da segurança pública, por exemplo. A coordenadoria da Mulher, do jeito que está, é perfumaria e não tem condições”.

Ela defendeu o empoderamento das mulheres: “Não é a mulher pegar o lugar do homem. É garantir que as mulheres tenham seus direitos e possam usufruir de uma vida mais digna”. E prosseguiu: “A questão de gênero, a diversidade e a sexualidade das pessoas, isso precisa ser trabalhado e respeito para garantir a família,com as pessoas sendo responsáveis pelos filhos que têm”.

VISITA

Nesta segunda-feira (21), às 8h, WendyMota Kosongo (Connecticut Coalition Against Domestic Violence) e La ShondaPetifort  ( The Women's Fund of Westernof Massachusetts) serão recebidas no auditório da Santa Casa, onde se reúnem com os integrantes do Grupo Amigos do COM (Centro Oncológico de Marília). Elas chegaram no dia 13 ao Brasil, com um grupo de intercambiárias.
Rossana exibe os certificados dos cursos
Focadas em saúde pública e direitos civis, elas conhecerão as experiências exitosas promovidas pelos marilienses. Outras participantes estão realizando visitas aos projetos mantidos no Paraná, Minas Gerais, Piauí, Tocantins, Rio de Janeiro,Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Santa Catarina. O grupo embarcará dia 26 de volta aos Estados Unidos.

Na agenda,está prevista uma entrevista coletiva às 14h, no auditório da Prefeitura, com a presença do prefeito Vinicius Camarinha e da presidente do Fundo Social de Solidariedade, Paula Almeida. Nos dois dias, as norte-americanas visitarão:Delegacia da Mulher (DDM), Defensoria Pública, Hospital Materno-Infantil,Serviço de Atendimento Especializado (SAE), Banco de Leite Humano, Escola Fisk,Quartel da PM, Lavanderia Comunitária, CAPs Conviver, ACC, Centro de Referênciada Assistência Social, Projeto Procria, CACAM, Horta Comunitária, Bel Chocolate e Unesp.

* Reportagem publicada na edição de 20.01.2013 do Correio Mariliense


VIOLENCE: after participating in an international exchangeprogram in the US, ROSSANA CAMACHO will present the projects she is conducting here, in Marilia to the US North American Visitors. 


By Celia Ribeiro


"Violence against women is not only a domestic abuse, it is an issue that affects all of society, worldwide." This is the opinion from the former president of the Municipal Council of Women's Rights, former chief of police of the Women's Police Department (DDM) and  actually the attorney at law Rossana Rossini Rodrigues Camacho who, this Monday, will receive two militants from the U.S. visiting Marilia to get acquainted with the city’s projects related to women's health, such as the Group of Friends (COM) and actions to combat domestic violence,  such as the ones reported at the Rede Mulher TV Network.

Winner of the prestigious " Ruth Cardoso Medal," Rossana Camacho is considered one of the exponents in combating violence against women. For this reason, she was one of the 14 brazilians selected for the International Exchange Program for Women Leaders, sponsored by the Bureau of Educational and Cultural Affairs of the U.S., and performed by ITD (Training and Development Institute) in partnership with the Smith College - Massachusetts, a university for women only, from September 29th to November 12th of last year.

During 45 days, Mrs Camacho visited several institutions dedicated to the fight against breast cancer, as well as entities that keep projects directed to women who were victims of violence. She reported what she saw: "I was impressed how Americans invest a large sum to projects regarding women. We have better laws in Brazil, better logistics, the organization as a whole is better. But Americans work differently. They invest more.” – she says referring not only to the government, but to the American society which donates millions.

Rossana Camacho spoke about the quality reception women in vulnerable situations have. In the shelters visited, she commented that victims of violence can take their children and even their family, staying in apartments with privacy, where they cook and take care of the facilities. Each woman has food, personal care items and cleaning materials available to them and they choose freely, as if in a supermarket. All for free.

Obviously, this is an expensive project. However, through donations by the society, companies and government, the shelters provide safety and dignity to the affected families, said Mrs. Camacho. Still, if the woman decides to go back home to live together again with the abuser,  the program provides a cell phone with a direct line, 24 hours, if there are new threats or risks. In the other hand the abusers are assisted in specific programs to be reintegrated into society.

DETERMINATION
In a country like Brazil, which has a bill entitled "Maria da Penha", considered one of the best in the world, violence against women continues killing day after day. "In Brazil, everything is done with a strong determination and effort. It is a Herculean job for those who work with cancer, as the ACC Marilia, or anyone who works with domestic violence. Here, the federal government also provides resources, the problem is that they do not always reach the municipalities, they are deviated, as happened in Marilia. The Reference Center for Women in Marilia was not implemented due to the lack of resource, which was received by the Department of Social Welfare, but was returned to the Federal Government’s treasury as was said that there was no need and about 140 thousand dollars were returned last year. "

Rossana Camacho highlighted the importance of actions aimed at women's empowerment. “There are many tools that were presented to us, as how to raise funds, how to invest in conventions and reunions that can transform society," she said, adding that it is not only necessary to raise the funds , but we should also know how to efficiently apply them i.e: "preparing the professionals, so do the skills, etc."

She stressed that "domestic violence not only affects women. Affects the family, affects the economy and affects the women’s workspace. When a woman is in a factory, a cafeteria, a clinic, and she is a victim of violence, the violence follows her. In the United States, there many cases of husbands and boyfriends who did not kill the woman, but ended up killing the coworker who tried to break up the fight, between the woman and the husband that was nervous when arriving at her workplace."

Speaking of positives aspects from Brazil, Mrs Camacho cited the Maria da Penha Bill and the protective measures that can send the offender to jail, besides the existence of Reference Centers and Shelters in several municipalities. However, there is a lack of funds for expansion of positive experiences and investments in domestic violence prevention.

PLANS FOR MARÍLIA
Retired after almost 30 years as the head of the Women's Police Department, where she was the first to be elected, Mrs Camacho is now opening a law office firm specialized in defending women who were victims of violence. Besides keeping their voluntary participation in the Council of Women's Rights, she expects to see implemented in the city a strict policy to combat violence, involving the government and society with all their different levels.

Regarding the implementation of the Women’s Municipal Secretary, one of the commitments of the Mayor Vinicius Camarinha during his campaigns, Mrs Camacho expressed that "it is also necessary to have a government plan, a well structured base work, besides the Secretary itself, which alone is of no use. There must be a structure, with coordinators in the areas of health, education, culture and public safety, for example. The Women’s Department as we have today could be considered below its needs and we do not have any conditions to go further on".
She defended women's empowerment: "It is not the woman taking the man's place. It is to ensure that women have their rights and can enjoy a better life, with dignity. She continued: "The issue of gender, diversity and sexuality of people, needs work and respect to protect the family, with people being responsible for their children."

VISIT
This Monday at 8 am, Wendy Mota Kosongo (Connecticut Coalition Against Domestic Violence) and La Shonda Petifort (The Women's Fund of Western of Massachusetts) will be received in the auditorium of the Santa Casa Hospital, where they will meet with members of the group Friends of COM (Marília Oncological Center). They arrived on the 13th to Brazil with a group of International Exchangers.

Focused on public health and civil rights, they will get to know the successful experiences promoted by Marilians. Other participants are conducting visits to projects held in Parana, Minas Gerais, Piauí, Tocantins, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina and the Federal District . The group will embark on 26th back to the United States.

On their schudule, a press conference will be held at 2pm, in the City Hall auditorium, attended by the mayor Vinicius Camarinha and the President of Social Fund for Solidarity, Paula Almeida. In two days, they will visit: Women Police Department (DDM), Public Defender, Materno-Infantil Hospital, Specialized Care Service (NCS), Human Milk Bank, Fisk School, Military Police Headquarters, Community Laundry, CAPs Conviver, ACC, Reference Center for Social Assistance, Project Breeds, CACAM, Community Farm, Bel Chocolate and Unesp.

Sílvia Sampaio
FISK MARILIA 


domingo, 13 de janeiro de 2013

MEIO-AMBIENTE: NOVO GESTOR APOSTA NA INTEGRAÇÃO DOS TRABALHOS PARA ENFRENTAR OS DESAFIOS DA ÁREA.

Por Célia Ribeiro

Leonardo Mascarin: ideias novas
Em uma semana foram menos de cinco horas de sono por noite, reuniões com secretários das principais pastas, visitas a técnicos de órgãos estaduais, como CETESB e DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) e muitas horas de pesquisa para mapear a situação em que se encontra a área ambiental de Marília. Foi assim que o engenheiro agrônomo Leonardo Mascarin debutou como gestor da Secretaria Municipal do Meio Ambiente escolhido a dedo pelo prefeito Vinicius Camarinha.

Aos 31 anos,o secretário exibe o perfil técnico exigido pela nova administração: formado em 2003 pela Faculdade de Agronomia da Unimar, ele fez especialização e mestrado em Georreferenciamento pela prestigiada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) de Piracicaba e especialização em Gestão Ambiental e Recursos Hídricos pela UNESP de Presidente Prudente. Nos últimos anos vinha atuando como consultor em licenciamento ambiental.

Vista dos itambés que precisam ser preservados
Em entrevista ao Correio Mariliense na última sexta-feira, Leonardo Mascarin afirmou que ainda estava se inteirando sobre os problemas da pasta. Mas, deu uma ideia do ritmo que pretende imprimir ao trabalho: integração é a palavra. Conforme disse, as secretarias municipais devem trabalhar em sintonia, socializando informações e otimizando a utilização de recursos.

Nas reuniões que manteve na CETESB e DAEE, o secretário foi surpreendido com compromissos assumidos pela Prefeitura, na gestão anterior, que sua pasta não tinha conhecimento. De um modo geral, ele pretende saber onde está pisando quanto aos TACs (Termos de Ajustamento de Conduta) firmados com vários órgãos e o Ministério Público: “Estamos trabalhando para entender o que está acontecendo.Por exemplo, tem compromissos de plantio de mudas, que é uma compensação das ações da Prefeitura, coisas que estão vencidas e que vamos solicitar mais prazo para cumprir”.
Fiscalização será rigorosa para coibir
podas drásticas como essa.

SANGUE NOVO

Com orçamento reduzido, o novo secretário não se deixa abater. Colocou uma equipe para trabalhar em projetos visando captar recursos junto a órgãos públicos e iniciativa privada. Empresas como Petrobras, que têm política de investimento em projetos ambientais, estão na mira, adiantou.

Destacando a experiência e livre trânsito do vice-prefeito Sérgio Lopes Sobrinho junto às empresas marilienses, Leonardo disse que o apoio do ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Marília (ACIM) será muito importante para emplacar os projetos ambientais financiados pela iniciativa privada.

Enquanto planeja as ações futuras, o secretário determinou a solução de problemas emergenciais, caso das podas das árvores que estão atrasadas, limpeza das escolas e revitalização de praças. Além disso, o plantio de mudas cedidas pelo viveiro municipal merecerá atenção especial. Segundo Leonardo, “vamos plantar e cuidar. Plantar é fácil, o difícil é manutenção”, com a capinação do mato, irrigação na época da seca etc.

Outras questões que demandarão mais estudos e investimentos, no entanto, também serão priorizadas, de acordo com o secretário. No caso do lixo, de responsabilidade da Secretaria de Serviços urbanos, Leonardo adiantou que a coleta seletiva deverá ser estimulada e que há planos de implantar, a curto e médio prazos,unidades para triagem de lixo. Ele lamentou o fato da cidade não contar com aterro licenciado pela CETESB e ter que pagar caro pelo transporte do lixo fora de Marília.

PARCERIAS

Com relação às parcerias, o secretário afirmou que serão mantidos os trabalhos em andamento, como o firmado com a Unimar no Complexo Veterinário do Bosque, além de estudadas novas maneiras de contar com a participação das universidades. No caso do Centro de Educação Ambiental, Leonardo explicou que “pretendemos melhorar e desenvolver projetos e não ser apenas um centro de visitação. A ideia é transformá-lo em um centro de produção de projetos ambientais para as diferentes áreas do município”.

Rio Tibiriçá, antes do Ribeirão dos Índios: preservar é preciso.
(Foto Antônio Luiz Carvalho Leme)
 
Demonstrando muito entusiasmo, Leonardo Mascarin também abordou a participação da sociedade civil. Ele quer prestigiar o Conselho Municipal do Meio Ambiente, integrado por representantes de universidades, órgãos estaduais, ONGs etc. “Já me reuni com o Conselho e pedi um relatório com as atas das últimas reuniões. Queremos ter o Conselho do nosso lado porque ele é o elo das instituições, das ONGs e da sociedade civil. Vamos valorizar o Conselho como órgão consultivo das nossas ações porque ele nos trará a visão da sociedade”, finalizou.

 * Reportagem publicada na edição de 13.01.2013 do Correio Mariliense

domingo, 6 de janeiro de 2013

EM MARÍLIA, DESCENDENTES DE ALEMÃES CRIAM MINI-HORTAS EM VASOS ONDE CULTIVAM FLORES E LEGUMES ORGÂNICOS.

Por Célia Ribeiro

A casa da Rua Jericó, protegida por muros indevassáveis e cerca elétrica, reserva uma surpresa a quem atravessa o portão branco pela primeira vez. A agradável sinfonia da água batendo nas pedras da pequena cascata, que se debruça sobre o lago repleto de carpas japonesas, dá um aperitivo do que virá em seguida: uma profusão de flores e plantas dispostas em vasos e floreiras ilumina o concreto do sobrado construído em 1.990, na cidade de Marília.


Maria Emília mostra as carpas japonesas
No lugar, ocasal de descendentes alemães, Ada e Ebraim Malaquias Junior, conseguiu trazer a natureza para o convívio familiar, resgatando lembranças da infância passada em Minas Gerais. “Na casa dos meus tios e dos meus pais, em Minas, é tudo desse jeito, com muitas plantas”, explicou o representante comercial ao lado da esposa professora.
 
Um dos muitos vasos da residência

 A inspiração da família desencadeou a vontade de transformar a residência em um pulmão verde no meio da cidade. Cada espaço tem aproveitamento máximo. Na garagem, as floreiras que hoje exibem uma vistosa plantação de pepinos, anteriormente, produziram safras de tomate orgânico da melhor qualidade, para alegria da vizinhança.


 “Quando viajamos para Londrina, levamos caixas de tomate verde para a família. Mas, ao voltarmos, os tomates estavam maduros e distribuímos entre os vizinhos, dois a três quilos para cada um”, contou a sorridente esposa que já brinda osmoradores do entorno com pepinos colhidos na hora.

Tomateiro se deu bem na garagem
 
Flores colorem a residência
Atuando em uma empresa do setor agrícola, Ebraim é formado em marketing e jamais se esqueceu das lições do curso de técnico agrícola frequentado na juventude. Com conhecimento de causa e muito amor à natureza, ele contagiou a mulher, as trêsfilhas e até a netinha Maria Emília: na hora de plantar, a família toda participa num divertido mutirão.

ORIGINALIDADE

Para quem chegou a ter 1.200 vasos de orquídea em casa, os cuidados com vasos e floreiras cultivados com hortaliças, legumes e flores, parece tarefa fácil. Mas, dá mão-de-obra. O segredo, segundo o casal, é dedicação. “Não existe mão boa. Isso é lorota. Existe é dedicação”, sentenciou Ebraim que ainda tem outro passatempo: a construção de casinhas de abelha utilizando madeiras que encontrana rua.

Vista da área de lazer da casa
Começou a colheita dos pepinos orgânico
Na casa da Rua Jericó, uma dessas casinhas --- chega a produzir 1.000 ml de mel de Jataípor ano --- está estrategicamente posicionada próxima ao lago da entrada.Talentoso e detalhista, Ebraim presenteia amigos e parentes com as casinhas de abelha e até perdeu as contas de quantas já construiu: “Para meu sogro e cunhado foram umas 15. Para o pai do meu genro umas cinco casinhas”, revelou,orgulhoso.

 “Aqui emcasa nós somos apaixonados pelo verde. Eu morei muito tempo em sítio. Mas, esse cuidado todo que ele tem é dele e foi passado para nós”, comentou a esposa referindo-se a Ebraim. Ela disse que as viagens que costumam fazer, no Brasil e no exterior, as atenções estão sempre voltadas para as plantas. E foi num desses impulsos que trouxeram da Europa sementes de tomatinhos amarelos e marrons.


Detalhe dos tomates que encantaram a vizinhança
Além dos legumes, as flores chamam a atenção no lugar: petúnia, amor-perfeito, beijinho,cravo, gerânio, onze horas, orquídeas, entre outras. Em vasos dentro e fora de casa e nas floreiras da área de lazer, o colorido atrai pássaros e alegra o ambiente. Usando somente adubo orgânico, o segredo é o cuidado permanente para que a natureza faça sua parte.

“A dica é simples. Não precisa ficar colocando terra pesada. Na calha da entrada (na garagem) tem 80% de pedrisco, um pouco de terra e adubo (esterco). O resto é água”, explicou Ebraim que construiu um original sistema de gotejamento para irrigar as plantas mesmo quando o casal está fora.
Ebraim e Ada com uma das casinhas de abelha
Segundo ele, quem se interessar pelo cultivo em vasos e floreiras, deve ter alguns cuidados:fazer a rotação de culturas, ou seja, alternar os tipos de legumes e flores,aplicar fertilizantes facilmente encontrados em lojas de materiais agrícolas e estar atento ao desenvolvimento das plantas. “Às vezes, não dá certo a muda que plantou. Repita, faça de novo. Se não deu certo a petúnia, eu tiro e planto beijinho, amor-perfeito, por exemplo”, finalizou.

Osinteressados em trocarem informações com Ebraim podem entrar em contato pelo e-mail: ebraimmj@ymail.com

* Reportagem publicada na edição de 06.01.2013 do Correio Mariliense