Por Célia Ribeiro
Em um país tropical com altas temperaturas na maior
parte do ano, nada melhor que usar roupas leves e, no caso das mulheres,
vestidos e shorts são peças quase obrigatórias para espantar o calor. No
entanto, uma doença pouco conhecida tem se tornado um verdadeiro pesadelo, não
apenas pelo aspecto como pelo inchaço e dores nas pernas dos pacientes.
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Drª Viviane Bernava |
Trata-se do lipedema que, segundo a nutricionista
integrativa Viviane Bernava, “é um distúrbio do tecido adiposo de padrão
genético familiar, hormonal e amplamente mediado por fatores epigenéticos
(inflamação). É uma condição crônica, caracterizada por acúmulo anormal de
gordura geralmente em pernas, tornozelos, quadril, nádegas e em alguns casos
mais isolados, nos braços”.
Em
entrevista ao blog, ela explicou que o lipedema “afeta principalmente mulheres
em períodos de oscilação hormonal como puberdade, gestação e menopausa”. E, ao
contrário do que muitos pensam, não afeta apenas quem está fora de forma: “Há
mulheres que são magras e são portadoras de lipedema nos mais diferentes graus.
É muito raro, mas o lipedema pode acometer homens, também”, assinalou.
Viviane Bernava
disse que “há relatos de publicações em 1940 descrevendo o lipedema das pernas
como ‘síndrome caracterizada por pernas gordas e edemaceadas’.
O lipedema
foi recentemente reconhecido como uma doença e foi então incluído na
classificação internacional de doenças (CID 11) no início de 2022”.
Nos últimos
meses, várias publicações têm abordado essa doença e a descoberta das causas e
tratamento levará, certamente, muitos anos. Mas, de acordo com a nutricionista,
a abordagem multidisciplinar tem dado bons resultados.
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Gordura que incomoda |
Conforme disse, “a causa exata do lipedema ainda está
sendo estudada, mas acredita-se em uma combinação genética porque cerca de 60
por cento das pacientes apresentam pelo menos um familiar com lipedema. Além
disso, alterações hormonais onde há picos de estradiol, mulheres com
predominância estrogênica já que alterações
hormonais possuem uma forte influência nesta condição e inflamação”.
Os
principais sintomas são: “Dor, sensibilidade, sensação de peso e cansaço nas
áreas típicas, como quadril, nádegas, pernas e mais raramente nos braços.
Presença de pequenos nódulos de gordura visíveis e palpáveis sob a pele.
Fragilidade capilar local, causando hematomas frequentes e sensibilidade à
pressão”, explicou a nutricionista.
PREVENÇÃO
Há algumas recomendações para a prevenção do
lipedema: “Por ser uma doença que há pouco tempo começou a ser ativamente
estudada, contar com fatores genéticos e hormonais e ainda com fisiopatologia e
epidemiologia pouco compreendida, não há consenso definido. Recomenda-se
monitorar e manter níveis hormonais adequados.
Monitorar
peso e seguir dieta com padrão anti-inflamatório e a prática regular de
exercícios físicos”, pontuou.
Viviane Bernava
destacou que é necessário buscar ajuda profissional: “Às vezes será necessário
também intervenção cirúrgica se houver indicação médica. Contar com ajuda de nutricionista
para tratar e ou evitar obesidade e sobrepeso e para seguir uma dieta de padrão
anti-inflamatório, com estratégias pontuais que ajudam muito no controle da
inflamação e na manutenção de peso adequado”.
Além
disso, a prática regular de atividade física, preferencialmente com orientação
de um profissional de educação física, fisioterapia e drenagem linfática
regular, visando reduzir inflamação, diminuir edema e sensibilidade. O tratamento
psicológico também pode ser necessário, em alguns casos.
Pelos
números das primeiras estatísticas, explica-se o grande interesse que o tema
tem provocado. De acordo com a nutricionista, “estima-se que aproximadamente 12
por cento das mulheres dos Estados Unidos sejam portadoras de algum grau de
lipedema. Isso corresponde a aproximadamente 16 milhões de mulheres americanas”.
Não há dados conhecidos no Brasil.
NUTRIÇÃO
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Uma boa alimentação contribui no controle da doença |
Viviane Bernava
observou que a nutrição tem um papel muito importante no controle da doença: “Se
a paciente apresentar sobrepeso ou obesidade, é necessário a diminuição do peso
para melhorar a inflamação, sendo isso de extrema importância para o
gerenciamento do tratamento. A dieta anti-inflamatória é fundamental no manejo
do lipedema. No geral, deve ser equilibrada em fibras, boas fontes de gordura,
boas fontes de carboidratos complexos, vegetais, frutas, diminuir e ou evitar o
consumo de carne vermelha, aumentar o consumo de peixes, beber bastante água,
não consumir bebida alcoólica”.
Além
disso, citou “a suplementação específica para diminuir inflamação. A modulação
intestinal também é muito importante e deve receber atenção especial durante o
tratamento nutricional. Ter um intestino saudável é essencial. Além da
alimentação com padrão anti-inflamatório, várias abordagens nutricionais
diferentes e cicladas podem ser usadas levando em consideração o quadro geral
do paciente, suas individualidades e o tratamento ao qual está sendo submetido.
É preciso acompanhamento constante para avaliar e definir estratégias
nutricionais que vão auxiliando cada etapa do tratamento.”
PACIENTE
REVELA DESCONFORTO
A paciente
V. S. 46 anos, contou como descobriu a doença: “Desconfiei
que eu tinha lipedema após a segunda gestação, há nove anos. Eu notei que o
formato das minhas pernas mudou, ficou diferente. Eu achava que era porque eu
tinha ficado com sobrepeso, por causa da segunda gestação, e eu realmente
estava um pouco acima do peso, mesmo. Mas, minhas pernas ficaram diferentes,
mesmo depois quando fui perdendo peso”.
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Inchaço e dores |
Ela prosseguiu recordando que “há dois anos, ouvi
falar pela primeira vez de lipedema. Até então eu achava que era obesidade,
celulite. E comecei a me informar e procurei auxílio médico, de um cirurgião
vascular e ele me confirmou que, realmente pelos estudos e pesquisas que ele
fez, eu tinha um lipedema de grau um para grau dois e que eu precisava tratar”.
A paciente disse que “o lipedema agora está mais
controlado, mas ele me causa um peso muito grande nas pernas, principalmente no
final do dia, um inchaço que está menor, já foi pior. E muitas manchas roxas:
onde eu bato a perna, mesmo sendo um choque pequeno, eu sempre fico roxa e isso
não melhorou até hoje. Quem tem dúvida se tem lipedema ou não, realmente, tem
que procurar ajuda médica de um cirurgião vascular, ou de um médico que saiba
que estude o lipedema e que tenha confiança que ele possa fazer seu diagnóstico
ou não”.
Ela informou que, além do controle de peso, pratica
atividade física cinco dias na semana e faz drenagem linfática uma vez por
semana. Mas, assinalou que se relaxar na atenção, o lipedema volta pior.
E finalizou: “Faço um controle nutricional. A minha
nutricionista que é a Dra. Viviane oscila entre a dieta anti-inflamatória e
outras estratégias como uma dieta cetogênica em alguns períodos. Aprendi a
evitar alimentos inflamatórios e a beber bastante água. Tomo uma suplementação
voltada para a parte anti-inflamatória feita pra mim e que muda de acordo com
os retornos com minha nutricionista”.
Saiba mais sobre a doença no site: https://lipedema.org.br/ O contato
da Dra. Viviane Bernava é (14) 99903-9992 Rua Santa Helena, nº 12 em Marília. No
Instagram acesse @vivianebernava.nutri