domingo, 24 de abril de 2022

MELIPONICULTURA: A CRIAÇÃO DE ABELHAS SEM FERRÃO TRANSFORMA ÁREA ABANDONADA.

Por Célia Ribeiro

Pintor por profissão, mas ambientalista por vocação: Johnny Tiago Santana é o nome por trás de um projeto ambiental que, em menos de um ano, dá mostras de muito vigor. Localizado no Jardim Maracá II, zona oeste de Marília, o “Doce Futuro” tem por objetivo a criação, multiplicação e manutenção de abelhas nativas sem ferrão que serão devolvidas à natureza, além da promoção da educação ambiental.

(Esq) Fernando e Johnny
A área pública de quase 60 mil metros quadrados, antes depósito de lixo e frequentes focos de queimadas, vai se transformando em um santuário ecológico em que foram plantadas 7.500 mudas de árvores de espécies nativas, recuperadas duas nascentes de água e que também abriga o projeto Agrofloresta que tem à frente João Carlos Tramarim e André Luís Lima.
Cadeiras do antigo Clube dos Bancários
para quando o centro estiver concluído

Morador do bairro, Johnny conta que sempre gostou de andar no mato e que via com tristeza o abandono daquela área: “Há cinco anos comecei a apreciar as abelhas, como hobby, e fui me aprofundando sobre a importância das abelhas que quase ninguém dá atenção”, destacou em entrevista ao JM, no início da semana.

Piso concretado recentemente

Conforme conhecia a meliponicultura, que é a criação racional de abelhas sem ferrão, Johnny sentiu a necessidade de contar com mais espaço para a atividade. Em contato com o chefe do Meio Ambiente, Cassiano Rodrigues Leite, a ideia foi se expandindo até a Prefeitura autorizar a utilização da área para os dois projetos ambientais, “Doce Futuro” e “Agrofloresta” focado na produção de alimentos no meio das árvores nativas.

Caixas de abelhas: luta contra a extinção

DEDICAÇÃO

Incansável, Johnny bate ponto no projeto diariamente. Assim que termina o trabalho, ele calça as botas, coloca o boné e troca os pincéis e latas de tinta por ferramentas de marcenaria com as quais constrói as casinhas de abelha. Assim, aos poucos, o futuro Centro de Educação Ambiental vai tomando forma pelas mãos hábeis de quem espera incentivar as novas gerações a respeitarem e protegerem a natureza.

Placa anuncia o projeto ambiental

Ele disse que a Prefeitura tem contribuído com o projeto cedendo máquinas para limpeza da área, além da doação do concreto do barracão que ele levantou bem no início do terreno. De longe se avista uma placa anunciando as futuras instalações do centro que já recebeu 50 cadeiras para acomodar os estudantes quanto tudo estiver pronto.

Fernando, Johnny e Cassiano recebem a Polícia Ambiental

Johnny disse que, embora o portão do projeto fique aberto nos finais de semana, poucas pessoas aparecem para conhecerem ou oferecerem ajuda. Atualmente, são três ou quatro voluntários, entre os quais o jornalista Fernando Garcia, da TV Record, que também tem se dedicado à criação de abelhas nativas sem ferrão.

MELIPOLINÁRIO

Em entrevista à coluna, o jornalista falou sobre a importância do projeto: “Setenta por cento dos alimentos do ser humano são polinizados pelas abelhas. O Brasil tem entre 250 a 300 espécies de abelhas nativas sem ferrão. No Estado de São Paulo há 49 espécies nativas de abelhas sem ferrão catalogadas e o melipolinário ‘Doce Futuro’ tem a pretensão de criar essas 49 espécies aqui. E não só criar, mas multiplicar e manter essas abelhas”.

Caixa de abelha

Fernando Garcia assinalou que “grande parte ou quase totalidade dessas abelhas já estão extintas no bioma Mata Atlântica do interior”. Por isso, ao criar essas espécies, o projeto vai devolve-las à natureza, começando pelo bosque municipal. Ele acrescentou que “o outro objetivo é o consorciamento entre a meliponicultura e a agricultura familiar”, do projeto Agrofloresta.

“A meliponicultura está apoiando, com a polinização, a agricultura que está sendo praticada. Seja o feijão de vara, a batata doce, o milho e os hortifruti, tudo o que está sendo produzido ali está sendo potencializado pelas abelhas. Nos cultivos onde há a presença das abelhas nativas sem ferrão a produção é 20 por cento maior”, explicou.

Fernando Garcia informou que o Meliponário Doce Futuro está legalizado junto aos órgãos ambientais, com autorização para o manejo e multiplicação das abelhas nativas sem ferrão, incluindo colocar iscas para captura nas matas.

“A gente que está começando precisa de muita ajuda governamental, fomento do Estado, do governo federal, do município. A Prefeitura de Marília tem ajudado bastante, mas o projeto tem caminhado com o esforço e suor do Johnny, que é um abnegado que está todo dia ali cuidando das abelhas”, fez questão de frisar o jornalista.

Sr. Valdomiro planta para consumo próprio

Por sua vez, Johnny não desanima ao realizar o trabalho pesado quase solitariamente. Isto porque ele vislumbra no local algo grandioso, com trilhas para exploração quando as árvores crescerem, área para camping, uma “Casa do Mel” para envasar e comercializar mel com o selo de inspeção e um Centro de Educação Ambiental estruturado com instalações para receber alunos o ano inteiro.

“Esse é um sonho realizado”, disse, enquanto acompanhava o aposentado Valdomiro Lima de Novaes, 73 anos, morador do bairro e que em troca de ajudar na limpeza e cuidado da área iniciou uma pequena horta para consumo próprio. “Aos poucos, vamos transformando isso aqui. Faz um ano que começamos devagar e já conseguimos fazer tantas coisas”, finalizou.

Para conhecer o projeto, a área está localizada nas imediações da unidade de saúde do jardim Maracá II, à Rua Josefa Pereira Alves, 185.

Leia AQUI outra reportagem sobre a importância das abelhas e os riscos de extinção, publicada nesta coluna em março.

*Reportagem publicada na edição de 24.04.2022 do Jornal da Manhã

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