domingo, 4 de fevereiro de 2024

LIPEDEMA: POUCO CONHECIDA, DOENÇA ASSUSTA AS MULHERES, MAS TEM CONTROLE MULTIDISCIPLINAR.

Por Célia Ribeiro

Em um país tropical com altas temperaturas na maior parte do ano, nada melhor que usar roupas leves e, no caso das mulheres, vestidos e shorts são peças quase obrigatórias para espantar o calor. No entanto, uma doença pouco conhecida tem se tornado um verdadeiro pesadelo, não apenas pelo aspecto como pelo inchaço e dores nas pernas dos pacientes.

 

Drª Viviane Bernava
Trata-se do lipedema que, segundo a nutricionista integrativa Viviane Bernava, “é um distúrbio do tecido adiposo de padrão genético familiar, hormonal e amplamente mediado por fatores epigenéticos (inflamação). É uma condição crônica, caracterizada por acúmulo anormal de gordura geralmente em pernas, tornozelos, quadril, nádegas e em alguns casos mais isolados, nos braços”.

Em entrevista ao blog, ela explicou que o lipedema “afeta principalmente mulheres em períodos de oscilação hormonal como puberdade, gestação e menopausa”. E, ao contrário do que muitos pensam, não afeta apenas quem está fora de forma: “Há mulheres que são magras e são portadoras de lipedema nos mais diferentes graus. É muito raro, mas o lipedema pode acometer homens, também”, assinalou.

Viviane Bernava disse que “há relatos de publicações em 1940 descrevendo o lipedema das pernas como ‘síndrome caracterizada por pernas gordas e edemaceadas’.

O lipedema foi recentemente reconhecido como uma doença e foi então incluído na classificação internacional de doenças (CID 11) no início de 2022”.

Nos últimos meses, várias publicações têm abordado essa doença e a descoberta das causas e tratamento levará, certamente, muitos anos. Mas, de acordo com a nutricionista, a abordagem multidisciplinar tem dado bons resultados.

 

Gordura que incomoda
Conforme disse, “a causa exata do lipedema ainda está sendo estudada, mas acredita-se em uma combinação genética porque cerca de 60 por cento das pacientes apresentam pelo menos um familiar com lipedema. Além disso, alterações hormonais onde há picos de estradiol, mulheres com predominância estrogênica  já que alterações hormonais possuem uma forte influência nesta condição e inflamação”.

Os principais sintomas são: “Dor, sensibilidade, sensação de peso e cansaço nas áreas típicas, como quadril, nádegas, pernas e mais raramente nos braços. Presença de pequenos nódulos de gordura visíveis e palpáveis sob a pele. Fragilidade capilar local, causando hematomas frequentes e sensibilidade à pressão”, explicou a nutricionista.

PREVENÇÃO

 Há algumas recomendações para a prevenção do lipedema: “Por ser uma doença que há pouco tempo começou a ser ativamente estudada, contar com fatores genéticos e hormonais e ainda com fisiopatologia e epidemiologia pouco compreendida, não há consenso definido. Recomenda-se monitorar e manter níveis hormonais adequados.

Monitorar peso e seguir dieta com padrão anti-inflamatório e a prática regular de exercícios físicos”, pontuou.

Viviane Bernava destacou que é necessário buscar ajuda profissional: “Às vezes será necessário também intervenção cirúrgica se houver indicação médica. Contar com ajuda de nutricionista para tratar e ou evitar obesidade e sobrepeso e para seguir uma dieta de padrão anti-inflamatório, com estratégias pontuais que ajudam muito no controle da inflamação e na manutenção de peso adequado”.



Além disso, a prática regular de atividade física, preferencialmente com orientação de um profissional de educação física, fisioterapia e drenagem linfática regular, visando reduzir inflamação, diminuir edema e sensibilidade. O tratamento psicológico também pode ser necessário, em alguns casos.

Pelos números das primeiras estatísticas, explica-se o grande interesse que o tema tem provocado. De acordo com a nutricionista, “estima-se que aproximadamente 12 por cento das mulheres dos Estados Unidos sejam portadoras de algum grau de lipedema. Isso corresponde a aproximadamente 16 milhões de mulheres americanas”. Não há dados conhecidos no Brasil.

NUTRIÇÃO

 

Uma boa alimentação contribui no controle da doença
Viviane Bernava observou que a nutrição tem um papel muito importante no controle da doença: “Se a paciente apresentar sobrepeso ou obesidade, é necessário a diminuição do peso para melhorar a inflamação, sendo isso de extrema importância para o gerenciamento do tratamento. A dieta anti-inflamatória é fundamental no manejo do lipedema. No geral, deve ser equilibrada em fibras, boas fontes de gordura, boas fontes de carboidratos complexos, vegetais, frutas, diminuir e ou evitar o consumo de carne vermelha, aumentar o consumo de peixes, beber bastante água, não consumir bebida alcoólica”.

Além disso, citou “a suplementação específica para diminuir inflamação. A modulação intestinal também é muito importante e deve receber atenção especial durante o tratamento nutricional. Ter um intestino saudável é essencial. Além da alimentação com padrão anti-inflamatório, várias abordagens nutricionais diferentes e cicladas podem ser usadas levando em consideração o quadro geral do paciente, suas individualidades e o tratamento ao qual está sendo submetido. É preciso acompanhamento constante para avaliar e definir estratégias nutricionais que vão auxiliando cada etapa do tratamento.”

PACIENTE REVELA DESCONFORTO

A paciente V. S. 46 anos, contou como descobriu a doença: “Desconfiei que eu tinha lipedema após a segunda gestação, há nove anos. Eu notei que o formato das minhas pernas mudou, ficou diferente. Eu achava que era porque eu tinha ficado com sobrepeso, por causa da segunda gestação, e eu realmente estava um pouco acima do peso, mesmo. Mas, minhas pernas ficaram diferentes, mesmo depois quando fui perdendo peso”.

 

Inchaço e dores
Ela prosseguiu recordando que “há dois anos, ouvi falar pela primeira vez de lipedema. Até então eu achava que era obesidade, celulite. E comecei a me informar e procurei auxílio médico, de um cirurgião vascular e ele me confirmou que, realmente pelos estudos e pesquisas que ele fez, eu tinha um lipedema de grau um para grau dois e que eu precisava tratar”.

A paciente disse que “o lipedema agora está mais controlado, mas ele me causa um peso muito grande nas pernas, principalmente no final do dia, um inchaço que está menor, já foi pior. E muitas manchas roxas: onde eu bato a perna, mesmo sendo um choque pequeno, eu sempre fico roxa e isso não melhorou até hoje. Quem tem dúvida se tem lipedema ou não, realmente, tem que procurar ajuda médica de um cirurgião vascular, ou de um médico que saiba que estude o lipedema e que tenha confiança que ele possa fazer seu diagnóstico ou não”.

Ela informou que, além do controle de peso, pratica atividade física cinco dias na semana e faz drenagem linfática uma vez por semana. Mas, assinalou que se relaxar na atenção, o lipedema volta pior.

E finalizou: “Faço um controle nutricional. A minha nutricionista que é a Dra. Viviane oscila entre a dieta anti-inflamatória e outras estratégias como uma dieta cetogênica em alguns períodos. Aprendi a evitar alimentos inflamatórios e a beber bastante água. Tomo uma suplementação voltada para a parte anti-inflamatória feita pra mim e que muda de acordo com os retornos com minha nutricionista”.

Saiba mais sobre a doença no site: https://lipedema.org.br/ O contato da Dra. Viviane Bernava é (14) 99903-9992 Rua Santa Helena, nº 12 em Marília. No Instagram acesse @vivianebernava.nutri 

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