Marília é uma cidade privilegiada. Com uma rede de solidariedade formada por milhares de voluntários, o período mais negro da história recente encontrou alento no coração generoso de muitos abnegados. Um exemplo pode ser observado em cores e texturas variadas, mas com o mesmo fim: as 4.800 máscaras de proteção ao Covid-19 confeccionadas por um grupo de costureiras e que foram doadas a entidades e famílias afetadas pela pandemia.
Dona Eliude fez 800 máscaras |
Tudo começou no NEAP (Núcleo Espírita Amor e Paz), aonde as voluntárias Nilda Fernandes Pavão Camilo e Eliude Martins, que atuam no Departamento Infantil André Luiz, iniciaram a produção das primeiras máscaras. Como matéria prima, empregaram tecidos do estoque da instituição que, antes da quarentena, confeccionava enxovais de bebê doados ao final do tradicional Curso de Gestantes voltado à comunidade de baixa renda.
Voluntária do GACCH (Grupo de Apoio às Crianças com Câncer e Hemopatias), Maria Carolina Peres Ruano costumava dedicar as quartas-feiras ao bordado em ponto cruz de peças destinadas à venda em prol da instituição. Ela não costura. Porém, como participa do NEAP, presidido pelo marido, Antônio Ruano Filho, observou que os tecidos armazenados no local poderiam ter outra destinação: a confecção de máscaras para a população.
E assim, os elos da corrente solidária foram se entrelaçando: a direção do Núcleo Espírita Amor e Paz concordou com o aproveitamento dos tecidos desde que as máscaras fossem 100 por cento doadas. Carolina, então, conversou com algumas voluntárias do GACCH, como Nice, Geni, Telma e Fátima, e postou em uma rede espírita um pedido de ajuda por mais costureiras.
Carol Ruano: ação amenizou a quarentena |
Como informou Carol Ruano, apareceu muita gente disposta a colaborar. Quem não sabia costurar se ofereceu para cortar os tecidos, por exemplo. No caso da Senhora Eliude, a mais idosa do grupo, chamou a atenção a energia com que se empenhou na missão ao ponto de bater os recordes de produção.
Nilda Camilo confeccionou 500 máscaras |
Outra voluntária do NEAP, Nilda Fernandes Pavão Camilo, confeccionou 500 máscaras. Ela falou com entusiasmo sobre a empreitada: “Estou feliz por ter participado da equipe maravilhosa do NEAP, coordenada pela Carol Ruano. O trabalho foi árduo, mas atingimos o objetivo, tendo a ajuda dos familiares cortando o tecido e as amigas trazendo moldes, como a Elzira Castilho, que me passou o primeiro e repassei às outras costureiras”.
Ela assinalou que “para a doação das máscaras, priorizamos as pessoas carentes, hospitais, asilos, acamados com acompanhantes, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros etc”. Já para quem desejava colaborar de alguma forma, o grupo pediu doação de leite para o GACCH e ONG Semear.
De acordo com Carol Ruano, além dos beneficiários citados por Nilda Camilo, foram doadas máscaras para o GACCH, Hemocentro, Hospital de Clínicas, Hospital Materno Infantil, Maternidade e Gota de Leite, Associação dos Renais Crônicos, Centro Comunitário do Santa Antonieta e Comunidade da Vila Barros, entre outros.
GERAÇÃO DE RENDA
As máscaras foram doadas a quem mais necessitava. Mas, alguns acabaram se beneficiando duplamente. Carol Ruano explicou que, com o desemprego provocado pela pandemia, antigos frequentadores do brechó do NEAP estavam passando por dificuldade financeira. Neste caso, foi doado um número maior de máscaras para que essas famílias pudessem vender e ficar com o dinheiro, principalmente, para compra de alimentos.
Sede do NEAP |
Assim, seguindo uma das máximas da doutrina espírita, de que “fora da caridade não há salvação”, voluntários de várias crenças doaram seu tempo e talento fazendo o bem, contribuindo para a prevenção do avanço da doença e para que o amor ao próximo se materializasse em ações concretas. A solidariedade nocauteou o novo coronavírus.
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