A Rua 9 de Julho, ao lado do Terminal Rodoviário Urbano e do Camelódromo, é passagem obrigatória para milhares de pessoas, diariamente. Com passos apressados, a maioria não se dá conta da situação de abandono da antiga Estação Ferroviária de Marília que, há quase 20 anos, deixou de ser palco de alegria e tristeza com o embarque e desembarque de passageiros. Mas, uma pessoa olhou. E se incomodou a ponto de pensar em alternativas para ocupar o espaço público de maneira organizada.
Estação iluminada: novos tempos |
As crianças ajudam no paisagismo |
Pouco mais de um ano após a descoberta da velha estação de trem, é impossível passar pelo local e não observar a mudança que só aconteceu pela determinação de Dema e seu poder de articulação. Ele atraiu voluntários e ganhou o respeito da administração municipal, que tem colaborado “na medida do possível”, como conta o ativista, além de parceiros na iniciativa privada como Centro Comercial Estação e a empresa Life (colocou internet aberta), a ONG “Amigos do Bar”, entre outros.
“Desde 2010 eu falava com o André Gomes, atual secretário da Cultura, e a Iara Pauli, ex-secretária, que a maioria das estações ferroviárias estavam sendo ocupadas por frentes, ativistas, movimentos, artesãos, cultura de rua, movimento Hip Hop etc”, comentou Dema.
Mas, foi em 2017, em busca de novos desafios, que “passei pela 9 de Julho e olhei para esta área. Ventilei para algumas pessoas que eu queria ocupar esse espaço e dar uma destinação social”, recordou.
No lugar do lixo, uma horta orgânica |
A UNIÃO FAZ A FORÇA
Dema, sob a jabuticabeira: visionário |
Venda de mudas a preços acessíveis |
Os eventos atraem muita gente |
Biblioteca pública: estímulo à leitura |
Feira de orgânicos às sextas e sábados |
Voluntário trabalha na limpeza da área |
Lixo antes da ocupação |
VOLUNTÁRIOS
O brechó da estação recebe roupas e calçados doados pela população. A venda dos produtos, a um ou dois reais, é revertida para manutenção do projeto que também aceita doações de alimentos para o preparo das refeições dos voluntários. Dema afirmou que “a maioria de nós, que faz com que a arte e a cultura tenham vida dentro da cidade, e vários coletivos, a maioria invisíveis, não têm onde gerar sua renda. A ideia foi tornar isso aqui um grande espaço onde se possa respirar arte e cultura”.
O “Projeto Estação” conta com 42 voluntários de várias idades, sendo alguns jovens e até crianças que colaboram no plantio e cuidado das flores e plantas, além de 08 pessoas em situação de rua que, segundo Dema, “já estão bem integradas”. Ele acrescentou que “algumas pessoas conhecidas, mas muitos anônimos também nos ajudam, seja com alimentos ou até 30 ou 50 reais por mês que são muito úteis” já que não contam com verba pública.
A biblioteca, localizada estrategicamente na entrada pela Rua 9 de Julho, recebeu o trabalho voluntário da bibliotecária Bruna Otreira Muniz Patrício, 24 anos. Formada em 2017, ela contou que “mercado de trabalho está um pouco complicado para trabalhar na minha área. Quando soube do projeto, e como estavam precisando de alguém para organizar a biblioteca, vi uma oportunidade de conseguir adquirir experiência na minha área e de dar o retorno da faculdade pública que a sociedade bancou para mim”.
Brechó com doações da comunidade |
Refeições servidas aos voluntários |
Dema e a bibliotecária Bruna Patrício |
O movimento é intenso na estação: às sextas ocorre a feira de produtos orgânicos e aos sábados é a vez dos produtores de agricultura familiar e de assentamentos da região levarem seus produtos para comercialização.
Corte de cabelo: sempre tem voluntários colaborando. |
Como um espaço vivo, a estação está em permanente movimento. Está programada uma feijoada, aberta ao público, com ingressos a 15 reais com direito ao almoço animado pela roda de samba, no dia 18 de maio, a partir das 11h. Toda a renda será revertida ao projeto.
“A Estação Cultural foi tomando vida com ajuda e participação de vários grupos, coletivos, bandas de todos os gêneros e estilos, artistas, ativistas, igrejas, profissionais liberais, ONGs parcerias, profissionais liberais, até tomar a cara de hoje”, finalizou Dema, deixando os telefones de contato para quem desejar colaborar com a iniciativa: Sandra Mara – (14) 996714562 e Dema – (14) 996899101.
Conheça a história de Dema, publicada em 2010, acessando AQUI
*Reportagem publicada na edição de 05.05.2019 do Jornal da Manhã
Parabéns a todos! Especialmente ao Dema.
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