Suas raízes rasgaram a terra desviando de rochas e obstáculos para formarem uma base resistente capaz de sustentar a copa e os numerosos galhos. Os frutos, por sua vez, geraram sementes que em contato com a mãe terra brotaram reiniciando o ciclo da vida. Esta é a “Árvore da Cidadania”, uma ONG (Organização Não Governamental) responsável por 20 projetos sociais desenvolvidos por 160 voluntários nos municípios de Pompéia (sede da instituição) e Marília.
Projeto Octo: polvinhos de lã doados aos bebês prematuros em UTI neonatal |
Entre os colaboradores estava o engenheiro Márcio Liberato que abraçou a ideia, junto com um grupo de profissionais, e que atualmente dedicam seu tempo à ONG instalada na sede do Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura. Entre tantos diferenciais da instituição, chama a atenção o fato de não haver uma hierarquia engessada. Não há diretoria, apenas líderes dos projetos, e Márcio faz questão de se colocar como “voluntário, apenas voluntário”.
Comemoração do Dia Internacional do Voluntariado em dezembro de 2017 |
Segundo Márcio Liberato, “a Árvore da Cidadania está organizada em áreas sociais: saúde, educação, assistência social, tecnologia, artes, cidadania e geração de renda, onde cada área tem seus projetos, cada um com seu líder e seus voluntários. "A gente acompanha para ver as necessidades, para dar a condição de sustentabilidade e seguir em frente”, assinalou.
Conforme disse, “na educação, estamos reformando uma escola, temos cursinho pré-vestibular para jovens carentes; temos aula de alfabetização para adultos etc. É bem eclético e de acordo com a disponibilidade dos voluntários. A gente não cria demandas, apenas apoia”.
Projeto "Um Jacto de Amor" doou quase 2 mil litros de leite materno |
Por isso, foi natural o caminho até encontrar um voluntário para desenvolver um aplicativo para celular em que os interessados acessam os projetos e informam-se sobre cada um com suas características podendo manifestar interesse em contribuir com um ou mais trabalhos. O aplicativo para Android está em funcionamento e, nos próximos dias, estará disponível para o Sistema iOS (iPhone) também.
Antonio Bezerra, Madalena Abdo (Amigos do COM) e Márcio Liberato |
“Somos semente de uma árvore que cresce a cada dia e que possamos semear mais, fazendo nosso mundo cada vez melhor”. Com essa apresentação a ONG deixa claro seu objetivo: fomentar o voluntariado de maneira sustentável. E um dos projetos mais longevos, nascido em 2008, contribuiu para salvar milhares de vidas de bebês prematuros: através da coleta de leite humano enviado ao Banco de Leite de Marília, já foram captados quase 2 mil litros, desde 2008. É o projeto “Um Jacto de Amor”.
Há outros projetos voltados à saúde, como “Um Parto de Amor” que desde 2017 atua na melhoria da qualidade do parto e nascimento dos bebês; o “Projeto Cuidar”(2017) voltado à assistência psicossocial aos profissionais que trabalham em regime de estresse; a “Oficina Atelier de Bordado” (2009) que ensina artes manuais para que se perpetuem algumas técnicas em vias de desaparecimento; “Projeto Aconchego” (2008) de confecção de mantas de crochê para doações no período do inverno; a “Oficina de Crochê” (2016) que ensina crochê para crianças matriculadas no Colégio das Irmãs (Pompeia); o “Projeto Octo” (2017) confecção de polvos de crochê para bebês prematuros em UTIs neonatais; “Nossa Biblioteca” (2008) com a disponibilização de livros doados na Biblioteca do Clube da Jacto; a “Oficina de Leitura” (2009) que tem atividades de leitura e contação de estórias para crianças no Colégio das Irmãs; “Projeto Árvore do Saber” (2017) que é um cursinho preparatório para o vestibular para jovens carentes; o “Projeto Caminho Suave” (2017) de alfabetização de adultos; “Família 17” que atua na reforma de salas de aula da Escola Estadual 17 de Setembro com a participação de alunos, pais e professores; “Campanha do lacre” (2010) que coleta lacres de alumínio de latinhas para reciclagem e aquisição de cadeiras de roda; “Projeto Visão 2038” (2017) é focado no planejamento estratégico para o município de Pompéia no ano 2038; “Projeto Amor Exigente” (2015) que dá apoio e suporte em condições familiares a dependentes químicos; “Projeto Tartania” (2017) com desenvolvimento de atividades lúdicas para educação e combate ao abuso infantil; “Equoterapia Cavalgar Esperança” (2011) através de atividades de equoterapia aos participantes da APAE de Pompeia e “Viva mais” (2017) que é a campanha municipal de proteção e apoio a crianças e adolescentes.
Oficina de leitura: obras à disposição das crianças |
“O Programa de Voluntariado Árvore da Cidadania nasceu em 2008 dentro da Jacto, mas, em função da significância que ele tem para a comunidade, hoje atua dentro do Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura, com a participação aberta a toda comunidade”, explicou Márcio Liberato.
Ele informou que dos 160 voluntários, 20 são de Marília: “Temos trabalhado com a Associação Anjos Guerreiros, instituída em 2016, em Marília. Fizemos um trabalho de reestruturação em conjunto com a AAG, focado no planejamento estratégico da instituição, buscando melhorar a organização para encarar a sua missão, que é orientar as famílias e dar voz às pessoas com deficiência”. A Associação Anjos Guerreiros está recebendo novos voluntários. Contatos através do telefone (14) 99613-4411, em Marília.
Projeto Aconchego: trabalhos manuais executados por voluntários |
“Eles se recuperam mais rápido. Em função da criticidade que estão passando, com o polvinho lá dentro se sentem mais confortáveis, acolhidos, ganham peso mais rápido e saem antes do tempo previsto”, observou o voluntário, acrescentando que o bebê leva o polvinho para casa após a alta. “Estas mesmas voluntárias participam do Projeto Aconchego: confeccionam mantas de lã na época do inverno ou roupinhas de bebês, casaquinhos, sapatinhos e toquinhas para doar às famílias mais carentes”, assinalou.
Com tantas histórias que renderiam um livro, a “Árvore da Cidadania” frutificou no Natal de 2017 com o “Projeto Amor de Irmão”. Vinte e cinco voluntários visitaram a Casa de Passagem na Rua Sargento Ananias, em Marília, em busca das pessoas em situação de rua quando entregaram 60 panetones, adquiridos da campanha “Panetone Solidário” do Tauste, e 70 Bíblias. Ele se emocionou ao relatar a reação das pessoas naquela noite: teve o rapaz que pediu o violão do grupo emprestado e tocou lindamente, teve o encontro de uma família (casal e filha de dois anos) que vivia na rua e recebeu uma ajuda especial.
O grupo procurou a família no dia seguinte, conseguiu emprego na construção civil para o pai e dinheiro para manter os três em um hotel modesto até que ele tivesse renda para se reerguer. Essa, na opinião dos voluntários da ONG, foi a demonstração do verdadeiro espírito de Natal.
DESAFIOS
Com tantos planos, a “Árvore da Cidadania” espera semear a solidariedade onde for possível. A meta é conquistar mais 200 voluntários em 2018, embora Márcio Liberato sonhe mais alto. Para ele, o melhor dos mundos seria ter um voluntário em cada família, atuando em prol da comunidade.
Ele destaca a importância do engajamento de todos: “A gente acredita muito nisso, que a transformação da comunidade só se consegue com engajamento de pessoas, do poder público, da iniciativa privada e do terceiro setor. Ninguém cresce sozinho. Esse é um dos valores que a gente tem no Grupo Jacto”.
Para saber mais sobre a “Arvore da Cidadania”, acesse: www.arvoredacidadania.org.br, baixe o aplicativo no celular ou acompanhe os projetos no Facebook. A ONG está sediada no Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura, à Avenida Floriano Peixoto, 333 em Pompéia. Telefone para contato, informações e adesão aos projetos : (14) 98200-4080.
*Reportagem publicada na edição de 07.01.2018 do Jornal da Manhã
Fotos: Arquivo Árvore da Cidadania
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja bem-vindo(a). Seu comentário será postado, em breve.