domingo, 31 de dezembro de 2017

COM APOIO DA COMUNIDADE, CACAM RESGATA A INFÂNCIA DE CRIANÇAS EM MARILIA.

Por Célia Ribeiro

O relógio marcava 11 horas quando um cheirinho de comida caseira, sentido desde a vizinhança, aguçava o apetite dos operários concentrados na obra ao lado da cozinha. Nas panelas estavam as refeições que seriam servidas pelo CACAM (Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente de Marília) aos menores abrigados, na zona norte da cidade.
Brinquedoteca da entidade
Comum, esta cena foi registrada na semana que antecedeu o Natal. Muitas crianças já haviam sido encaminhadas para as famílias de apoio, um bem-sucedido programa da entidade que permite a integração dos menores com famílias previamente cadastradas, nos finais de semana e em datas especiais.

No entanto, o trabalho de construção e reforma do CACAM seguia a todo vapor com os operários empenhados na conclusão das melhorias desta que é uma das instituições modelo responsáveis pelo acolhimento de crianças e adolescentes, de zero a 17 anos, em situação de risco encaminhadas pela Justiça.
Da cozinha, que será reformada em 2018, saem todas as refeições
ACOLHIMENTO

Segundo explicou a assistente social Lorine Vila Real de Souza Ribeiro, para participar do programa os casais não podem fazer parte da lista de adoções do Fórum, precisam residir em Marília, serem casados ou manterem união estável, e estarem cadastrados há um ano, no mínimo. Neste período, os interessados participam das atividades no CACAM, conhecem as crianças que, posteriormente, se sentirão à vontade nas saídas dos finais de semana.
Crianças brincam na festa de fim de ano
Ela falou com entusiasmo sobre a importância dessa parceria: “As crianças amam e as famílias somam conosco. Quando chegam no serviço de acolhimento, as crianças não têm noção de nada, nem como se portar numa mesa, como usar o banheiro, como tomar banho, nada. Então, nós ensinamos coisas básicas”.

Além disso, prosseguiu, “inserimos na escola porque a rotina de ir à escola eles não têm nas casas dos pais de origem. A gente coloca regras, normas, ensina educação básica de comportamento e a família de apoio vem para fortalecer todo esse ensinamento. A família de apoio orienta como se fosse um filho”, disse sem disfarçar a emoção.
Em imagem de arquivo, Hederaldo Benetti, no berçário da entidade
A assistente social informou que, normalmente, as crianças e jovens saem às sextas-feiras, após a aula, e voltam ao CACAM no domingo no final da tarde. Nas festas de fim de ano, a saída ocorre no dia 23 de dezembro e o retorno no dia dois de janeiro sendo que, no caso de irmãos, há o cuidado de coloca-los com a mesma família de apoio.
Lorine, assistente social do CACAM


Lorine Ribeiro assinalou que “a época de Natal é importante para eles. No serviço de acolhimento atendemos todas as áreas de saúde, educação, mas o calor da família é diferente. No Natal eles precisam muito dessas famílias para se sentirem felizes, é um momento acolhedor que eles precisam. As crianças são muito carentes de atenção e a família de apoio pode dar uma atenção exclusiva”.

CANTEIRO DE OBRAS

O presidente do CACAM, Hederaldo Benetti, do Rotary Clube Marília de Dirceu, explicou que a entidade se mantém com o suporte do clube de serviços, doações de empresas e a solidariedade da comunidade que contribui com os eventos de geração de renda, incluindo o bazar permanente que movimenta entre 500 e 600 reais por semana.
Lojinha tem ar condicionado e provadores: geração de renda
Graças ao trabalho de fôlego desenvolvido pela direção da instituição, o CACAM tem as portas abertas sempre que necessita. O Tauste Ação Social, por exemplo, contribuiu com grande parte dos recursos das reformas e ampliações que tiveram, ainda, a colaboração da Sasazaki ao fornecer portas e janelas.

Quem visita a entidade em um dia e volta alguns meses depois sempre encontra alguma coisa diferente. E para melhor! Os investimentos são programados dentro de um planejamento que tem por objetivo oferecer um local seguro, confortável e acolhedor às crianças e adolescentes que chegam com muitas histórias tristes na bagagem de mão.

Recentemente, o prédio passou por uma grande reforma. Além da readequação das instalações elétricas e inclusão dos itens de segurança exigidos pelo Corpo de Bombeiros, como sinalizadores e lâmpadas de emergência, os dois grandes quartos transformaram-se em seis dormitórios menores para acomodarem, no máximo, 04 crianças cada um.
Presidente em quarto com ar condicionado


Considerado um luxo para alguns e uma necessidade para muitos, os aparelhos de ar condicionado, instalados em todos os dormitórios, foram recebidos com alívio nas noites quentes. A climatização também chegou ao bazar permanente: uma verdadeira loja, com provadores e araras, onde se encontra desde roupas, calçados, acessórios, eletrodomésticos, móveis etc, novos e seminovos em bom estado, com preços variando de um a cinco reais.

O bazar permanente funciona das 8 às 18 horas, é equipado com câmeras de segurança, a exemplo de todas as instalações do CACAM e representa uma ajuda e tanto para custear as despesas. A comunidade participa com doações e também adquirindo produtos na loja. E quem quiser colaborar pode entrar em contato pelo telefone (14) 34331645 ou ir à Rua Vidal Negreiros, 367, Bairro Palmital.

Com visível entusiasmo, o presidente Hederaldo Benetti, mostrou a reforma dos dormitórios climatizados onde foram adquiridos móveis (guarda-roupa, camas, colchões, cômodas) e roupas de cama novos e falou dos planos para 2018: a reforma geral da cozinha.
No dia 18 de dezembro aconteceu a confraternização com a comunidade
Apenas com móveis e eletrodomésticos, a nova cozinha exigirá 40 mil reais de investimento, fora os materiais de construção e de acabamento. Mas, como tudo que diz respeito ao CACAM atrai ajuda, no balanço do próximo ano, a tradicional festa de confraternização que reúne a comunidade, incluindo as famílias de apoio, terá mais um bom motivo para celebrar.

*Reportagem publicada na edição de 03.01.2018 do Jornal da Manhã.

Em agosto de 2010, este blog publicou uma reportagem sobre o CACAM que pode ser acessada AQUI!


domingo, 24 de dezembro de 2017

EM TERRENO FÉRTIL, PROJETO SEMEIA O FUTURO DE CRIANÇAS E JOVENS NA ZONA OESTE.

Por Célia Ribeiro

No fim de uma rua de terra batida, o terreno fértil responde brotando as sementes transformadoras que lhe são lançadas. Onde parece que a cidade termina é o princípio de tudo: uma construção simples abriga os sonhos de centenas de crianças e adolescentes, dos Jardins Cavalari e Higienópolis, assistidos pela ONG Projeto Semear Marília.
As crianças são acompanhadas no contra turno da escola
Como diz a canção “Prelúdio”, imortalizada por Raul Seixas, “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas, sonho que se sonha junto é realidade!” Essa teoria foi provada pelo encontro de uma ONG com o trabalho de uma mulher simples, que reunia na modesta residência, além de seus filhos, sobrinhos e vizinhos para contação de história, seguida de café da manhã, todo domingo.

Mãe de três filhos, Sandra Mara Luiz Ribeiro, 38 anos, sonhava com um futuro diferente para as crianças da vizinhança no Jardim Cavalari, Zona Oeste de Marília. “Meu pai foi o primeiro morador da favela ali de baixo”, contou com olhar sereno lembrando a infância. Em seguida, como uma boa contadora de história, mergulhou no tempo para relatar como tudo começou.
Adriano, Valéria, Sandra e Breno
Em 2014, Sandra trabalhava no setor de conservação e limpeza do Hospital Universitário. Certo dia, deixando a timidez de lado, abordou Claudino Brunharoto Junior, funcionário da instituição, em busca de doação de livros para as atividades que mantinha aos domingos, desde 2011. Como um dos 12 fundadores da ONG, de pronto ele se interessou pela história daquela figura de sorriso fácil e quis conhecer a iniciativa.

Dos primeiros grupos de crianças e adolescentes, o boca-a-boca se encarregou de espalhar a boa nova como o vento espalha o pólen das plantas. Em pouco tempo, já eram quase 20 crianças cada domingo. Para preparar o café da manhã, Sandra contava com doações de amigos para o leite, uma irmã fazia bolos e assim, a cada semana, a contação de histórias atraía um público fiel.
Aula de Jiu-Jitsu
Esse foi o cenário encontrado pela direção da ONG que, desde 2010, atuava em campanhas para arrecadação e distribuição de material escolar e apoio a outras entidades para reformas de bibliotecas, espaços de estudos etc. Com mais de 150 voluntários, formando um grupo heterogêneo (de juiz do Trabalho, advogados, engenheiros, médicas, empresários a estudantes e donas de casa), a instituição abraçou a causa.

SEMEADURA

Segundo a pedagoga Valéria de Oliveira Munhoz Evangelista, “trabalhou-se durante muito tempo só aos domingos. Mas, na busca de reconhecimento e certificado inserimos as atividades da semana no contra turno da atividade escolar, porque o objetivo é a criança ir para escola em um período e ter atividade em outro”.
As atividades são comandadas por profissionais voluntários

Dessa forma, há dois anos, crianças a partir dos cinco anos e adolescentes até 17 anos têm acesso a uma programação diversificada durante a semana: Jiu-jitsu (arte marcial japonesa), balé, sapateado, dança, pintura em tecido, inglês, oficina de jogos para crianças com déficit de aprendizagem etc.

E como os brotos que se espalham em terra bem cuidada, a ONG atraiu importantes parcerias: a EMEFEI Chico Xavier avalia as crianças e adolescentes encaminhando-os para o projeto que dispõe de psicopedagogas voluntárias prontas a auxiliarem os estudantes em dificuldade. Além disso, a ONG “Psicologia e Integração Social” oferece atendimento psicológico individual a crianças e mães, durante sessões realizadas aos domingos em sala privativa construída no fundo do terreno da casa de Sandra.
Apresentação musical no evento de fim de ano
Muito organizada, a ONG Projeto Semear trabalha com escala de voluntários para a realização das atividades, explicou Valéria Munhoz: “Temos um grupo forte de psicopedagogas voluntárias do Semear que ajudam neste atendimento individual às crianças que têm dificuldade de aprendizagem. Temos psicopedagogas de manhã e à tarde, durante a semana”.

Aos domingos, mantendo a tradição, os voluntários são distribuídos em escalas com 20 pessoas para apoiarem as atividades desenvolvidas por temas. Por exemplo, o Natal, cuja culminância aconteceu no dia 17, foi o tema central que norteou os trabalhos desde novembro.

CULTIVE UM CAMPEÃO

“Através do Jiu-jitsu, do esporte, conseguimos patrocínio com empresas que pagam para o adolescente uma pequena bolsa de 250 reais por mês e uma cesta básica para a família”, acrescentou Valéria Munhoz. Para participar, o estudante não pode ter faltas e nem notas ruins na escola. Atualmente seis atletas são contemplados.

Um dos fundadores da ONG e atual coordenador geral, o juiz do Trabalho Breno Ortiz Tavares Costa afirmou que “o programa é para o adolescente que frequenta com seriedade, que treina sério, que aceita essa proposta”. O apoio vai além. Os jovens têm suporte para leitura de textos, de livros e elaboração de redações que são corrigidas pelos voluntários em preparação para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).
Pais e familiares se uniram aos voluintários na festa de 17 de dezembro

Ele prosseguiu assinalando que “a ideia é incentivar o adolescente a terminar o colegial e se preparar para o curso técnico ou vestibular. A ideia é pegar a criança até adolescência indo para o vestibular e o mercado de trabalho”.

SONHANDO ALTO 

A auxiliar de limpeza Kelly Borges, 42 anos, participou da festa de Natal de domingo passado com o  filho de 16 anos e uma neta de 8 anos. Para ela, a ONG “é excelente porque ocupa a cabeça das crianças. A gente percebe a melhoria, uma mudança grande neles. Meu filho, que gosta de balé, ganhou uma bolsa de estudo para uma escola da cidade a partir de 2018”.

Tales com a mãe Kelly
Ao lado, Tales Vinicius, estudante do primeiro ano do ensino médio, falou com empolgação sobre a novidade: “Esse projeto foi onde me encontrei porque aprendo um pouco de tudo”. Com a possibilidade de fazer aulas de balé com a professora Amanda Lima ele sonha realizar o sonho de se tornar um bailarino profissional.

NOVA SEDE: FINCANDO RAÍZES 

Apesar das ampliações na estrutura física, a casa da Sandra ficou pequena para as mais de 100 crianças e adolescentes assistidos. Por isso, a proposta do NEAP (Núcleo Espírita Amor e Paz) de doar um terreno, localizado nas imediações, e os recursos iniciais para construção da sede própria chegaram como uma benção. Quando estiver concluído, em meados de 2018, o prédio funcionará com o projeto da ONG Semear durante o dia e à noite receberá as atividades do NEAP.
Obras da sede própria na fase de fundação
A sustentabilidade econômica da ONG é garantida com doações da comunidade e de empresas. No site: www.apoiesemear.com.br estão as diversas formas de contribuir com a causa. E no portal da ONG, www.projetosemearmarilia.org.br, é possível conhecer a abrangência do projeto e ter acesso às prestações de contas desde 2012 em uma invejável demonstração de transparência e responsabilidade na aplicação dos recursos.

E por falar em recursos, este ano o Papai Noel chegou mais cedo com a campanha do Panetone Solidário do Tauste. A meta é chegar a 30 mil unidades, até 31 de dezembro, com renda totalmente revertida para a construção da nova sede do Semear. Neste Natal, ao levar para casa ou presentear família e amigos com panetones, todos podem colocar mais um tijolinho nesta obra.

* Reportagem publicada na edição de 24.12.2017 do Jornal da Manhã

Obs. Fotos de atividades são do site da ONG (http://www.projetosemearmarilia.org.br/)
e Fotos da comemoração do Natal são de Célia Ribeiro


domingo, 17 de dezembro de 2017

COMO A SENSIBILIDADE ALIMENTAR LEVOU UMA JORNALISTA A CRIAR RECEITAS SAUDÁVEIS.

Por Célia Ribeiro

Os balões coloridos e as réplicas dos personagens recepcionam os pequenos convidados. Na mesa principal, ao lado do bolo temático, docinhos em embalagens multicoloridas atraem os olhinhos curiosos. Para a maioria das crianças, a hora das guloseimas é aguardada como um presente; mas, para algumas delas, os brigadeiros continuarão fora de alcance por serem portadores de algum tipo de sensibilidade alimentar.
Brownies são o carro chefe da confeitaria Mombrum
A situação descrita acima é mais comum do que se imagina. Estudos apontam que, de cada 100 crianças, 8 apresentam sensibilidade a algum alimento. Evidentemente, as crianças (e seus pais) são os que mais sofrem, o que abriu uma avenida de oportunidades para quem apresenta alternativas inclusivas neste universo.

Em Marília, a jornalista Mariana Roncari, 32 anos, se encontrou na confeitaria artesanal ao fundar a Mombrum, em abril deste ano. Apaixonada por doces, principalmente à base de chocolate, ela possui sensibilidade a nada menos que 38 alimentos e, como os pequenos das festinhas infantis, tinha que passar bem longe dos bolos, brigadeiros e beijinhos de côco.
Fabrício e Mariana no Bazar da Vila das Artes
Sem ser uma expert na cozinha, Mariana correu atrás do prejuízo. Frequentou cursos de confeitaria, fez experimentos e adaptações, chegando a receitas que fazem muito sucesso não só entre quem tem alergia ou sensibilidade alimentar como, também, entre o crescente público vegano que não come nada de origem animal.

UMA BOA CAUSA

A ideia era iniciar a Mombrum mais adiante, não fosse uma gatinha doente cruzar seu caminho. Mariana conta que recolheu o animal muito debilitado, na rua, encaminhando-o ao hospital veterinário. Apesar das tentativas, Lili não resistiu, morrendo quatro dias depois deixando, além de saudade, uma conta de 800 reais com o tratamento. Muito triste, a jornalista teve a ideia de produzir brownies para vender entre amigos e levantar os recursos necessários.
Tiramissú: delícia da confeitaria italiana 
Sobremesa de chocolate típica da culinária dos Estados Unidos, o brownie conquista pela combinação de sabores. Mas, sensível ao leite e derivados, farinha de trigo etc, a jornalista criou uma versão que leva ovos caipiras, manteiga de búfala, chocolate, cacau e açúcar cristal. “A ideia era vender 80 brownies a 80 amigos, por 10 reais. Em uma semana consegui vender tudo e pagar a conta do veterinário. Mas, os pedidos continuaram chegando”, revela.

A boa aceitação do doce americano alavancou a confeitaria artesanal da jornalista que pesquisou outros ingredientes e, atualmente, oferece também a opção com chocolate belga, ovos caipiras, óleo de côco, cacau e xilitol (adoçante natural à base de fibras vegetais). Do brownie para o brigadeiro, foi um pulo.

Mariana Roncari criou opções que têm como ingredientes leite condensado de amêndoas preparado por ela, cacau, chocolate em altas concentrações, açúcar de côco ou demerara, manteiga de búfala ou óleo de côco, dependendo da sensibilidade alimentar. Há ainda as trufinhas de tâmaras com macadâmia, amendoim e castanhas. Ou seja, brigadeiros e beijinhos garantidos para quem tem intolerância, é vegano ou procura opções menos calóricas.
Brigadeiro leva leite condensado de leite de amêndoa: sucesso nas festas infantis
E, suprassumo do bom gosto, Mariana se aventurou por outras paragens e já produz, sempre sob encomenda, Tiramissú (delícia italiana) e até cheese cake sem queijo, usando pasta de castanha de caju.

HOMENAGEM AO AVÔ

Neta do conceituado professor Dr. Idevar Mombrum, titular da Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu, que trabalhou na implantação do curso de Medicina da Unimar, Mariana Roncari decidiu homenageá-lo. “É um nome que já tinha ligação com a cidade. Muitos tinham o nome do meu avô na memória e foi ele que me trouxe para Marília onde vim estudar jornalismo”. Ela lamenta o Dr. Mombrum ter falecido seis meses antes de se formar. A homenagem na confeitaria, dessa forma, tem um sabor ainda mais doce.

A jornalista conta que percorreu um longo caminho até diagnosticar seu problema. Sempre doente, faltando ao trabalho, tratou de gastrite erosiva, enxaqueca crônica “e nenhum médico conseguia resolver”. Chegou a fazer testes para alergia até a pelos de gatos, sua paixão. Nada. Foi somente quando a nutricionista Priscila Franco solicitou exames relacionados a 220 alimentos que ela foi confrontada com a dura realidade.
Brownies têm duas opções, incluindo a versão com chocolate belga

Mariana Roncari é sensível a nada menos que 38 alimentos, incluindo milho, soja, feijão, trigo, leite de vaca, castanha de caju, linhaça e até ao açúcar da cana-de-açúcar. No auge da crise, chegou a pesar 48 quilos e foi com muita persistência que encontrou o caminho para se manter saudável.

“Aprendi o que era comer, o respeito pelo corpo. Hoje, consigo entender o meu corpo, ouvir o que ele me fala e respeitar isso, quais alimentos são legais”, assinala, acrescentando que tenta preservar seu corpo “porque já fiquei muito doente e agora não pego nem gripe, nunca mais tive amidalite”.

CRIANÇAS

Conciliando o trabalho na Revista D’Marilia, Mariana Roncari tem a ajuda do namorado, Fabrício Resende, na Mombrum. A dupla participa de feiras veganas e eventos como o recente Bazar Quintal da Vila, na Vila das Artes, além de atender encomendas.

A jornalista relata, com visível emoção, a alegria que sentiu ao produzir uma versão de brigadeiros para a festa de aniversário de uma garotinha de um ano que nunca ingeriu açúcar. Para ela, poder oferecer produtos feitos com critério e que atendam às necessidades, seja uma leve sensibilidade até uma alergia alimentar mais severa, é inspirador.
Docinhos que lembram beijinhos e brigadeiros são vendidos em centos
Conforme disse, “há outras pessoas trabalhando neste segmento. Eu trabalho com receitas personalizadas. Por exemplo, se não pode leite de vaca substituo por manteiga de búfala, leite condensado de leite de amêndoa; se é diabético posso usar stevia ou xilitol. O importante é oferecer um produto gostoso e saudável sem abrir mão do prazer de um bom doce”.

Para saber mais sobre a confeitaria artesanal Mombrum, acesse o perfil nas redes sociais: FACEBOOK @mombrumconfeitaria ou WhatsApp: 14 98825-0355

* Reportagem publicada na edição impressa de 17.12.2017 no Jornal da Manhã

sábado, 9 de dezembro de 2017

ORIGINAIS E ACESSÍVEIS, OS PRODUTOS ARTESANAIS SÃO DISPUTADOS NO FIM DO ANO.

Por Célia Ribeiro

Um fio de linha e um retalho de tecido aqui, uma essência borrifada ali e pérolas selecionadas com cuidado: nas mãos habilidosas de três artesãs vão surgindo criações delicadas e únicas. São produtos artesanais, criativos e acessíveis a todos os bolsos, que fazem a alegria de quem costuma presentear amigos e familiares nas festas de fim de ano.
Saboaria artesanal: sabonete empérolas
Marília é uma cidade privilegiada quando o assunto é talento. Há muita gente fazendo trabalhos em grupos de voluntários para ajudar uma causa ou entidade, criando sozinha para relaxar a mente e o corpo, ou que descobriu uma nova fonte de renda aliando o prazer de produzir encomendas ao novo negócio.

A seguir, três artesãs contam um pouco sobre seu trabalho.

JÉSSICA GOMES: SABOARIA ARTESANAL

Formada em Recursos Humanos, a jovem Jéssica Gomes sempre se encantou com o belo. Por 07 anos trabalhou com a venda de acessórios e tinha uma clientela cativa. Mas, estava faltando alguma coisa: “Eu gostava muito do que eu fazia, mas chegou um momento que senti a necessidade de mudar e fazer algo que, além de ser o meu trabalho, me relaxasse muito”, contou.
Parece doce: mas é sabonete cremoso de colher

Com o apoio da mãe, a servidora pública Regina Moura, ela encarou o desafio capacitando-se nos cursos de saboaria artesanal. O resultado apareceu tão logo abriu o “Ateliê A Lua Me Disse”. Os sabonetes cremosos em potes, acompanhados de colher, lembram os doces que fazem sucesso nas festas infantis. Acondicionados em vidros adornados por fibras naturais, tecidinhos e frutas desidratadas, os sabonetes de colher enfeitam e perfumam podendo ser usados no lavabo ou no banho.
Jéssica e a mãe Regina
A lista do Ateliê é variada: sabonetes líquidos, em creme e em barra, água de lençois, aromatizadores, mini sabonetes em formato de pérolas acondicionados em elegantes frascos de vidro, Kits em caixas decoradas, hidratantes, sais de banho, pós-barba, sachês etc. Aproveitando o Natal, a novidade fica por conta de sabonetes com formato de Papai Noel e da Sagrada Família, além de caixas e sacolinhas decoradas para embalar presentes.

Jéssica afirmou que “as pessoas gostam muito de procurar os presentes. Todo mundo gosta de ganhar um mimo para a pele, para perfumar a casa ou seu ambiente de trabalho”. Ela explicou que produz diariamente, “por ser um trabalho delicado e que exige um tempo; por exemplo, o sabonete em barra tem um tempo de derretimento da matéria prima, um tempo para esfriar e poder misturar o restante da matéria prima e um tempo de secagem.”
Os kits são muito pedidos no fim do ano
Sobre o interesse pelo seu trabalho, Jessica disse que “o artesanato sempre esteve em alta. As pessoas acham lindo por ser algo que não se encontra, na maioria das vezes, no comércio tradicional. E, como podemos criar de acordo com as necessidades e desejos de cada um, creio que é um ponto que atraia o interesse das pessoas”.
Os sabonetes recebem decoração especial
Ela concluiu destacando o prazer que encontrou no novo trabalho: “Adoro fazer artesanato, adoro arte em geral e creio que, quando fazemos o que realmente gostamos, não tem como dar errado. Acho que a energia positiva que desprendemos em tudo o que fazemos com amor atrai o que há de mais positivo sempre”.
Papai Noel em sabonete: sucesso no Natal
A artesã exibe suas criações na fanpage https://www.facebook.com/ALUAMD/ onde podem ser feitas encomendas. Os produtos têm etiqueta com prazo de validade.

ANGELA BOTTINO: SANTAS & SANTOS

Eles fazem sucesso o ano inteiro. Mas, em datas religiosas as encomendas chegam a todo instante: são os santos e santas customizados pela artesã Angela Bottino. Com rara delicadeza, ela produz os trabalhos de acordo com os pedidos, o que torna suas peças únicas tanto para quem vai presenteá-las como para quem deseja ter em casa ou no trabalho uma das suas criações.
Imaculada conceição e Nossa Senhora de Fátima

Angela revela como tudo começou: “Sempre fui ligada às artes. Fui professora de Artes e ao me aposentar eu procurava algo para fazer quando vi algumas imagens customizadas e me apaixonei. As amigas viram e começaram a pedir” e com suas postagens nas redes sociais os pedidos aumentaram.
Santa Apolonia, protetora dos dentistas
Ela comentou que “as pessoas que encomendam minhas imagens são devotas, ou quem deseja dar um presente a alguém que aprecie ou tenha devoção a alguma santa. O meu diferencial acredito que seja o fato de tentar colocar nas peças os desejos de meus clientes”.

A delicadeza das pérolas no manto de Nossa Senhora Aparecida
Angela disse que pede prazo para entregar os trabalhos porque “não deixo estoque pronto. Assim que vou produzir uma peça dedico a ela o meu dia. Só compra peças artesanais quem realmente gosta de algo diferenciado. Cada peça é única. Em cada uma existe o amor que se coloca na elaboração, diferente de um produto industrializado”.

O contato de Angela é: https://www.facebook.com/angela.bottino.7 

MARA BONELLO PERES TÁPIAS: ARTE EM FAMÍLIA

O sorriso chega antes que ela: a publicitária Mara Bonello Peres Tápias é a alegria em pessoa. Bem-humorada, sempre ilumina o seu entorno. E com essa animação toda é que ela se joga nos trabalhos manuais por inspiração da irmã, Helena Rubira Peres. “Tudo começou pela Helena.  Ela fazia alguns trabalhos de personalização de toalhas de banho e o pessoal que trabalhava com ela começou a encomendar. Mas, só fazia para dar de presente”, revelou ao falar sobre o início da atividade.
Artesã reaproveita CDs nos escapulários de porta
Ela prosseguiu contando que a irmã se animou, foi se empolgando, “comprando tecidos, linhas, tintas, etc. E fez uma promessa que quando se aposentasse iria se dedicar a isso. O tempo foi passando e ela ainda trabalhando convidou a mim e minha outra irmã Inez para nos reunirmos uma vez por semana”.
Mara (Esq) com as irmãs Helena e Inez e amigas Tereza e Eni

O resultado dos encontros semanais pode ser visto em lindas peças confeccionadas pelas irmãs e por amigas que, vez ou outra, apareciam: “Nós nos víamos, dávamos boas risadas e ainda fazíamos um lanchinho bem especial. Chegamos a fazer um bazar bem lindo e com muitas  peças artesanais no quintal da casa da Helena”.
Atenção aos detalhes: trabalhos especiais
Com uma pegada sustentável, Mara reaproveita CDs que seriam descartados como base para lindos escapulários de porta: Nossa Senhora, Anjo da Guarda, Espírito Santo, Virgem Maria, Santo Antônio, São Francisco entre outros. “As encomendas acontecem naturalmente. Deixo em exposição na Clínica da Mariana Tavares onde a Juliana Tápias trabalha e as coisas vão acontecendo”.
Há várias opções de escapulários de portas
Nas redes sociais, Mara também compartilha suas criações. E, entre sorrisos e alto astral segue colocando arte em cada retalho adornado por rendas e fitas.

O contato de Mara é: https://www.facebook.com/mara.bonelloperestapias