domingo, 27 de outubro de 2013

DA HORTA PARA A MESA: CRESCE A VENDA DE VERDURAS SEM AGROTÓXICOS EM MARÍLIA.

Por Célia Ribeiro

Em busca de qualidade de vida, onde a preocupação com a saúde merece cada vez mais atenção, os consumidores têm se mostrado exigentes na hora de escolherem o que levar à mesa. Neste contexto, a agricultura orgânica, também conhecida como agricultura biológica, cresce a índices invejáveis, da ordem de 20% ao ano no Brasil, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em Marília, a venda direta dos horticultores que apregoam a produção natural (sem agrotóxicos) também cresce a olhos vistos, como na pequena área às margens da Via Expressa, na zona sul.
 
Verduras colhidas na hora: apenas R$ 2,50 
No terreno arrendado em 2012, dois irmãos e suas esposas, cultivam legumes e verduras sem uso de defensivos agrícolas ou fertilizantes químicos. Embora não possam ser considerados orgânicos, já que essa terminologia exige certificação, a produção, que sai de madrugada da terra direto para a banca na movimentada via de acesso à cidade, vem crescendo e atraindo consumidores até de bairros distantes.

Em abril do ano passado, “Marília Sustentável” dedicou uma edição para contar a história dessa família simples que tira da terra o seu sustento. Esta semana, fomos conferir como estava a área arrendada com dificuldade e a surpresa foi ver o verde tomando conta de tudo em um evidente sinal de progresso.
 
Maurício da Silva Novaes, o irmão Almir, a esposa Cláudia
 e a cunhada Cristina no preparo dos canteiros em 2012.
Cristina Kimi Nakadashi Cardoso, que mora na propriedade com a família, mal teve tempo de conversar tamanho o movimento na banca de verduras. Ela atendia o casal Nilda Gonçalves e Nivaldo da Silva, moradores do Nova Marília, que eram só elogios à horta: “Sempre compramos aqui. Além de ser fresquinha, colhida na hora, a verdura é bem mais barata”, explicou a dona-de-casa.
 
Nilda e Nivaldo: clientes fiéis.
Na sexta-feira, estavam à venda cheiro-verde (R$ 1,50), alfaces crespa, lisa, mimosa e americana imperial (R$ 2,50), couve manteiga, chicória, almeirão, coentro, berinjela, abobrinha etc. Tudo colhido momentos antes. A venda direta acontece de segunda a sábado, desde cedo até o fim da tarde. Aos sábados e domingos, os agricultores levam a mercadoria para as feiras da zona sul. Mas, se no domingo alguém bater palma na casa, Cristina manda avisar que não perde a venda!
 
Abobrinhas: qualidade atrai compradores todos os dias
EXPANSÃO

Com estimativa de crescimento em torno de 20% ao ano no Brasil, a agricultura orgânica é um fenômeno no mundo inteiro. Em muitos países, como Estados Unidos, Japão e Austrália já existe um programa específico para regular e desenvolver esta atividade. Na agricultura orgânica são usados somente esterco animal, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e o controle biológico de pragas e doenças para o desenvolvimento sustentável.
Área às margens da Via Expressa, na Zona Sul, está repleta de canteiros.
Para saber mais sobre agricultura orgânica, acesse:  www.agricultura.org.br e www.organicsnet.com.br                   

domingo, 20 de outubro de 2013

DENTISTA VOLUNTÁRIA DEVOLVE SORRISO ÀS CRIANÇAS CARENTES DA ONG “AMOR DE MÃE”.

Por Célia Ribeiro

O sorriso tímido, antes escondido atrás das mãos, vai evoluindo até transformar-se em uma sonora gargalhada. A dona desse riso fácil, que emoldura o rosto de traços delicados, é uma menina de 13 anos que resgatou a autoestima ao iniciar o tratamento odontológico pelas mãos solidárias da Dra. Maria Angela Brambilla Delboni. Moradora do Jardim Califórnia, periferia de Marília, a estudante Keila Suelen Dias Rodrigues é uma das seis pacientes da ONG “Amor de Mãe” em tratamento, neste mês. 

A cárie é o principal problema dos pequenos
A instituição, responsável por abrigar mais de 140 crianças na zona oeste, desenvolve inúmeros projetos de geração de renda para mulheres carentes da comunidade ao mesmo tempo em que acolhe as crianças em atividades educacionais, culturais e esportivas, graças ao apoio da Prefeitura de Marília e doações de empresas, clubes de serviço e pessoas físicas.

Ao tomar conhecimento da ONG, a Dra. Angela aproveitou a aposentadoria, depois de 30 anos como dentista da Rede Básica de Saúde, para dedicar uma manhã por semana ao atendimento das crianças em seu consultório na Rua Gonçalves Dias, 276. “Eu sempre tive vontade de fazer esse trabalho, mas trabalhava na Prefeitura e não tinha tempo. Quando me aposentei eu falei: agora é a hora”, contou na quinta-feira (17), pouco antes de receber os pequenos pacientes.
 
Dra. Angela e o grupo de quinta-feira
Integrante do Rotary 4 de Abril, que já realizou várias ações voltadas à entidade, ela explicou que visitou a “Amor de Mãe” e ficou sensibilizada com a situação das crianças. “Conheci a Tammy e a mãe dela (Marluci Gripa) e achei lindo o trabalho que fazem lá”, comentou, acrescentando que a amizade se consolidou nos contatos na Igreja Nossa Senhora da Glória, onde frequentam as missas.

Inicialmente, a ideia era instalar um consultório odontológico na instituição, o que foi inviabilizado pelo alto custo. “Então decidi começar a atender aos poucos no meu consultório onde tenho tudo que preciso”, afirmou a dentista que examinou 40 crianças que frequentam a “Amor de Mãe” no período da manhã.

 
Keila: motivos para sorrir
Em junho, foi possível iniciar os atendimentos. Em três meses foram concluídos os tratamentos de oito crianças. Atualmente, seis crianças, a partir dos seis anos de idade, estão sendo atendidas pela dentista que apontou a cárie como o principal problema: “Eles têm muitas cáries em dentes permanentes. Dá dó de ver. É raro encontrar o primeiro molar sem cárie”, explicou.

“Estamos indo devagar, mas estou percebendo que a autoestima das crianças mudou radicalmente. Tem uma menina que chegava aqui despenteada, nem sorria. Agora, se cuida mais, está sempre com o cabelo arrumado e ri à toa”, observou a Dra. Angela que lamenta não poder atender um número maior desses pacientes carentes: “Se tivesse mais dentistas, poderíamos levar o tratamento a mais crianças”, afirmou.

PREVENÇÃO

De acordo com a dentista, não basta tratar os dentes comprometidos. “Temos que investir também na prevenção”, observou. Conforme disse, muitas crianças não têm escovas de dente nem creme dental: “Se pudéssemos doar os kits de escova e pasta, poderíamos orientar sobre a escovação” contribuindo para a prevenção.

“Estou fazendo um trabalho de formiguinha”, finalizou a dentista voluntária, enquanto se preparava para receber os quatro pequenos pacientes da última quinta-feira. E, ao contrário de muitas crianças que vão com medo aos consultórios odontológicos, a clientela parecia ter chegado ao parque de diversões: com sorriso na vitrine, dois meninos e duas meninas correram para abraçar a Dra. Angela, assim que ela abriu a porta.

 
Beijos e abraços na chegada
Entre beijos e abraços carinhosos que se troca entre pessoas que se gostam, a dentista voluntária pegou pela mão seu pequeno paciente encaminhando-o para a cadeira odontológica que não amedronta mais. As crianças sabem que tudo será feito com muito carinho e que sairão de lá sem dor e muito mais bonitas. Isso, sim, é motivo para sorrir!

Para conhecer a entidade “Amor de Mãe” ligue para: (14) 34225525. O endereço é Rua João Francisco do Nascimento, 320, próximo ao Condomínio San Remo. A entidade aceita todo tipo de doações, como materiais de limpeza e alimentos, principalmente para a padaria (açúcar, trigo, óleo e leite) que gera renda para as mulheres do projeto social.

Leia mais sobre a entidade em reportagens anteriores publicadas em 2010 e 2011.

domingo, 13 de outubro de 2013

“BELO FUTURO”: PROJETO SOCIAL DE TRABALHADORES DA INDÚSTRIA INVESTE NA FORMAÇÃO DE JOVENS.

Por Célia Ribeiro

Quando os primeiros raios de sol tocaram as verdejantes pastagens do Haras ZD, no último dia cinco de outubro, um grupo de adolescentes, que mal conseguiu dormir de ansiedade, comemorou a estiagem após uma semana de muita chuva. Tudo porque, algumas horas depois, aconteceria a formatura da 7ª. turma do Projeto “Belo Futuro”, à sombra de um imponente jatobá.

Grito de guerra no fim da solenidade
O dia claro, de céu azul praticamente sem nuvens, foi recebido como mais um presente pelos convidados: formandos e seus familiares, além de diretores e colaboradores da Bel Chocolates onde funciona a Belajuda. A ONG, criada em 2.003 pelos funcionários e incentivada pela empresa, possui vários projetos sociais e apoia outros tantos sendo o “Belo Futuro” aquele voltado à formação de um novo cidadão.

Formatura em dia de céu azul reuniu familiares e colaboradores da Bel
“O ‘Belo Futuro’ vem de um sonho de contribuir para a formação do jovem. Os professores são os funcionários voluntários, sendo que cada um fala um pouquinho de sua área de conhecimento e passa uma mensagem, principalmente de quais são os valores de uma empresa do bem, e a Bel se enquadra perfeitamente nesta questão”, explicou a presidente da Belajuda e gerente de Recursos Humanos da empresa, Ana Ramalho.
(Esq.) Ana Ramalho e Eloizi Dedemo Ferraz
com formanda da 7a. turma
Segundo ela, já passaram pelo projeto cerca de 200 alunos. Como os primeiros, que entraram com 15 anos, agora estão atingindo a maioridade, alguns estão sendo contratados pela Bel Chocolates. Em 2.013 foram registradas seis contratações e novas vagas devem ser abertas na medida em que houver demanda.

As aulas são ministradas na fábrica, aos sábados, no período da manhã. Além da preparação para o mercado de trabalho através do conhecimento de áreas como contabilidade, atendimento ao cliente etc, os jovens desenvolvem projetos sociais como forma de valorizarem o trabalho voluntário.

NOVOS HORIZONTES

O “Belo Futuro” tem como diferencial o fato de ser executado pelos próprios funcionários da Bel Chocolates, através da ONG Belajuda, numa via de mão de dupla que beneficia a todos: os adolescentes são preparados para o mercado de trabalho e a própria empresa se vale dessa mão-de-obra moldada segundo seus princípios.


Grupo chega ao fim do curso sonhando com o futuro

“Hoje, nossas necessidades de mão-de-obra com responsabilidade, com empenho, com noção do que se quer da vida, como a capacidade de sonhar, está se tornando muito difícil de encontrar. Então, vimos esta oportunidade de poder formar nossos adolescentes que têm contato com nossos funcionários”, observou Eloizi Dedemo Ferraz, coordenadora de Inteligência de Mercado e sócia-proprietária da Bel.

Jatobá imponente: inspiração para o projeto de plantar para colher no futuro
Entusiasmada, ela anunciou a duplicação das vagas para a 8ª.turma, em 2014: serão 60 adolescentes, a partir de 14 anos de idade. Em parceria com a Escola “Amélia Lopes”, próxima à indústria, na zona norte, serão encaminhados 10 jovens. Outras escolas também devem ser contatadas para disponibilização de vagas.
Paulo Sérgio Dedemo e Sra. Izabel, proprietários da Bel Chocolates
entregaram os certificados e brindes aos formandos.

“Eles estão chegando mais rápido pra gente e já chegam com princípios e valores muito parecidos com os da empresa. Isso já é meio caminho andado”, observou Eloizi sobre os jovens formados nas turmas anteriores e que vêm sendo aproveitados. Conforme disse, o projeto está contribuindo para formar cidadãos melhores, mais preparados e muito solidários. “No final do curso, muitos comentam que mudaram, amadureceram, melhoraram na escola e que até seus pais notaram a diferença”, pontuou.

Plantio de muda de "Ninho" é um marco no encerramento do curso
Na solenidade da semana passada, além de receberem certificado e brindes, os formandos plantaram uma muda de árvore da espécie “Ninho”. Já foram sete mudas desde a primeira turma simbolizando a crença no plantar e cuidar para colher no futuro. A escolha da sombra do Jatobá foi providencial: “A gente imagina que nosso trabalho é uma semente e que no futuro vai virar uma árvore forte e com muitos frutos”, concluiu Eloizi.

FAMILIA ORGULHOSA

Ao lado dos pais, Regina e Carlos, a jovem Monique Laura Leardine, de 16 anos, era uma das mais animadas no coquetel que se seguiu à formatura. Estudante da Escola “Amélia Lopes” que a encaminhou ao projeto, ela disse que o “Belo Futuro” abriu seus horizontes. “Minha expectativa é continuar estudando, procurar me aperfeiçoar nos estudos e começar uma faculdade para conseguir um bom emprego”, declarou. 
Monique e seus pais, Carlos e Regina.
Dos 22 encontros semanais que frequentou, Monique disse que tirou lições como “não pensar só na gente; também pensar nos outros e ajudar porque não somos só nós que temos problemas”. Um momento marcante para ela foi a visita a uma instituição filantrópica que cuida de crianças: “É muito bom pensar no outro e se doar”, disse.

Sorridentes, seus pais elogiaram a iniciativa da Belajuda: “Achamos muito bacana por ajudar nossa filha a enxergar o caminho certo, a caminhar sempre numa direção benéfica. Temos essa preocupação que ela se torne uma boa cidadã”, destacou Carlos Leardine.

Obs. Em junho de 2011, reportagem mostrou a ONG Belajuda. Clique aqui para conferir.