domingo, 24 de fevereiro de 2013

"TURMA DO BEM": COMO OS DENTISTAS VOLUNTÁRIOS DEVOLVEM O SORRISO A CRIANÇAS E JOVENS CARENTES.


Por Célia Ribeiro

Quanto vale um sorriso, daqueles abertos, escancarados, espontâneos? Depende! Para milhões de crianças e jovens, sem acesso à saúde bucal, não há muitos motivos para sorrir. Considerados onerosos, os tratamentos odontológicos raramente são prioridade na rede pública de saúde, situação que incomodou um grupo de cirurgiões-dentistas a ponto de saírem da zona do conforto para fazerem a diferença. Atuante em 12 países, a “Turma do Bem” está presente em Marília de forma destacada: a cidade foi classificada como uma das 20 melhores iniciativas de 2.012, entre 900 municípios brasileiros avaliados.

Triagem realizada em escola pública
 O prateado característico do aparelho ortodôntico nos dentes de Emílio Augusto Colombo, 17 anos, confere um brilho especial ao sorriso que agora se abre sem cerimônia. Morador do Jardim Santa Antonieta, ele é um dos jovens beneficiários do projeto que completou 10 anos por iniciativa do fundador e presidente da “Turma do Bem”,Dr. Fábio Bibancos. Paciente “adotado” pela Dra. Ana Carolina Massaro, coordenadora da organização em Marília, Emílio recebeu o tratamento necessário e terá acompanhamento gratuito assegurado até completar 18 anos.

A “Turma do Bem” chegou a Marília em 2.009 e a cada ano amplia sua participação. Quem explica é a coordenadora que conheceu a entidade durante um congresso na Capital. De pronto, ela resolveu se inscrever como voluntária para atender gratuitamente as crianças e jovens encaminhados pelo projeto. Mas, convidada a participar de um curso de capacitação, retornou como coordenadora com a missão de difundir a iniciativa e sensibilizar outros colegas.

“É um trabalho de formiguinha”, relata a dentista que lamenta a pequena adesão dos profissionais da área. Dos mais de 500 cirurgiões-dentistas da cidade, apenas 46 integram a “Turma do Bem”. Mas, como quantidade não significa qualidade, os participantes dão um show de capacidade e envolvimento ao atingirem a marca de quase 100 crianças e jovens atendidos.
Dra. Ana Carolina, coordenadora de
Marília e "Embaixadora do Bem"

Cada dentista pode optar por quantos pacientes, na faixa de 11 a 17 anos, quer atender. Após o tratamento inicial, geralmente demorado em função da gravidade da maioria dos casos, as crianças e jovens passam a contar com atendimento gratuito até completarem 18 anos. São realmente adotados pelos profissionais.

TRIAGEM

Segundo a coordenadora, de outubro de 2009 até hoje, cerca de 900 jovens passaram pela triagem, 136 foram selecionados e quase 100 estão sendo beneficiados. Os critérios utilizados são: crianças com problemas bucais mais graves, piores condições socioeconômicas das famílias e adolescentes mais próximos de conseguirem o primeiro emprego. Neste último caso, a chamada “boa aparência”pode ser determinante para a colocação no mercado de trabalho.

No próximo dia 18 de março, acontecerá uma “mega triagem internacional”. Em 12 países da América Latina mais Portugal serão selecionados os jovens que serão encaminhados aos 14 mil cirurgiões-dentistas voluntários. Em Marília, o evento acontecerá em uma das unidades da Casa do Pequeno Cidadão que será definida nos próximos dias.
Emílio com a mãe e sua dentista: motivos para sorrir.
Ações como essa são possíveis graças aos mantenedores da “Turma do Bem”: Oral-B, Trident, Instituto EDP, Vale, Amil Dental, Dental Cremer (Brasil) e Fundações EDP e Calouste Gulbenkian (Portugal). Mas, qualquer pessoa pode contribuir com esse trabalho, fazendo parte dos “Amigos do Bem”: doando 100 reais, em parcela única, quem quiser colaborar estará adotando uma das crianças ou adolescentes atendidos.

Aorganização também pretende influenciar e mudar as políticas públicas de saúde bucal. Para tanto, procura estar próxima aos governos a fim de conseguir compromissos para ações concretas que beneficiem a faixa mais carente da população. Durante a campanha eleitoral, por exemplo, a “Turma do Bem”conseguiu o compromisso assinado por todos os candidatos a prefeito de Marília. E agora aguarda uma audiência com o prefeito eleito Vinicius Camarinha.

Vinicius Camarinha se  comprometeu por
escrito  na campanha eleitoral
 PRAZER EM SERVIR

O trabalho da “Turma do Bem” tem impactado positivamente na vida dos jovens carentes: “Meu filho fez a triagem na escola, foi encaminhado e começou o tratamento com a Dra. Ana Carolina. Mas, como ele precisava de aparelho, também foi encaminhado para a Dra Regina Aramak. A vida dele é outra coisa agora, muito mais feliz”,relatou a mãe de Emílio, dona Sandra Aparecida Gonçalves Colombo que não teria condições de custear o tratamento particular.

Além de dentistas, o projeto recebe um apoio essencial: a ROD (Radiologia OdontológicaDigital) fornece, sem qualquer custo, toda a parte de diagnóstico por imagem. “É uma colaboração que damos à área social, já que o governo não colabora”,pontuou a Dra. Luciana La Valle Pedrão, que destaca a importância do trabalho voluntário.

Já a Dra.Simone Naline G. Favinha, endodontista, afirmou sentir-se feliz por colaborarcom o projeto: “Não temos que esperar tudo do governo. Podemos usar as ferramentas que temos para melhorar a vida de alguém”. E acrescentou: “Estou oferecendo um tratamento de ponta para uma pessoa que seria muito difícil de conseguir”, já que um tratamento de canal custa em torno de 600 reais. “Vai melhorar a estética, a saúde e manter o dente. É o que eu posso fazer”,finalizou a entusiasmada voluntária.

PARA AJUDAR

Anualmente,a “Turma do Bem” avalia os trabalhos desenvolvidos em todos os municípios classificando os 50 melhores como “Embaixadores do Bem”. A coordenadora de Marília, Dra. Ana Carolina Massaro, conseguiu posicionar a cidade entre os 20 primeiros. Assim, além do título de 2012, ela viajará a Portugal e Itália, em junho, para o intercâmbio que prevê uma audiência no Vaticano: “Espero que a mudança do Papa não altere a agenda, porque o Papa Bento XVI iria nos abençoar”,disse, cheia de esperança.
"Dentistas do Bem" esperam novas adesões
 Paraconhecer mais sobre a “Turma do Bem”, integrar o grupo como dentistas voluntários ou colaborar como “Amigos do Bem”, acesse: www.turmadobem.org.br Para contatar a coordenadora Dra. Ana Carolina Massaro, escreva para: acarolmassaro@hotmail.com ou ligue:(14) 34334122.

* Reportagem publicada na edição de 24.02.2013 do Correio Mariliense 



domingo, 17 de fevereiro de 2013

PROJETO COMUNITÁRIO AMPLIARÁ GERAÇÃO DE RENDA COM FÁBRICA DE HÓSTIA, NA ZONA NORTE DE MARÍLIA.

Por Célia Ribeiro

Previsões meteorológicasà parte, a manhã desta segunda-feira será iluminada para a comunidade de baixarenda estabelecida no entorno do Centro Comunitário São Judas Tadeu, na zonanorte. Após uma espera de quase dois anos, entrará em funcionamento a tãosonhada fábrica de hóstia do PROCRIA (Projeto Comunitário de Atendimento àCriança e ao Adolescente) que, além de reforçar as finanças do programa,contribuirá para a geração de renda às famílias diretamente envolvidas com otrabalho na linha de produção.
 
Sandra e Rose com as hóstias
 testadas em diferentes tamanhos
O CentroComunitário São Judas Tadeu, que em 2013 completará 35 anos, é um exemplo bemsucedido de articulação da comunidade em prol das necessidades dos menosfavorecidos. Na edição de 04 de setembro de 2.011, o Correio Marilienseregistrou ampla reportagem sobre o trabalho diferenciado que beneficia famíliasde baixa renda de diversos bairros, incluindo a favela da Vila Barros com seusquase 2.000 habitantes.

Naoportunidade, a fábrica de hóstia era um sonho a caminho da concretização: preferindoo anonimato, um empresário doou 35 mil reais para a reforma do prédio, ao ladoda Igreja São Judas Tadeu, e outro empresário doou 15 mil reais para aquisiçãodos primeiros equipamentos. Desde então, foram realizados diversos testes,houve problemas com a adequação do maquinário e toda sorte de dificuldades.

Cultura: aulas de música reunem crianças e adolescentes
Quem relataessa trajetória é a coordenadora administrativa do PROCRIA, Sandra de FátimaCordeiro Roim. Ela recorda que a equipe se preparou da melhor maneira: 10pessoas, entre membros do PROCRIA e familiares de crianças atendidas,participaram de um curso do SENAI sobre manipulação de alimentos eoperacionalização do maquinário. As obras do prédio também foram executadassegundo as normas sanitárias vigentes.

Apesar detodo empenho, os equipamentos apresentaram alguns problemas e temendo teremdificuldades para entregarem as futuras encomendas, os responsáveis peloprograma encaminharam um projeto ao Banco do Brasil para aquisição de umsegundo grupo de maquinários, que chegou recentemente.

Equipamentos doados por empresário e Fundação Banco do Brasil
 “Agora,podemos trabalhar sossegados sem medo de não conseguir atender aos pedidos”,explicou a coordenadora, acrescentando que, antes da inauguração oficial dafábrica, serão promovidas degustações para os padres das mais de 30 igrejas ecapelas de Marília para que conheçam o produto e possam fazer as encomendas.Futuramente, a meta é atender também as igrejas da região.
 
Reforço na alfabetização das crianças
SegundoRosemeire de Cristi, responsável pela fábrica, ainda não há previsão sobre acapacidade de produção de hóstias e nem do valor a ser cobrado. Em média, 1.000hóstias são vendidas entre 13 e 15 reais. São três tamanhos: 03 centímetros(0,6 gramas) para os fiéis, 7,8 centímetros para o sacerdote e outra maiorainda para as missas campais. As hóstias são confeccionadas a partir de farinhae água e todo o processo é mecanizado, sem contato manual.

OPORTUNIDADE DE TRABALHO

Mães decrianças e adolescentes atendidos pelo programa trabalharão na fábrica. Elasforam selecionadas e treinadas para exercerem essa nova atividade e, com isso,melhorarem a renda familiar. “São pessoas que precisam trabalhar e têm filhosaqui desde pequenos”, assinalou a coordenadora.
Produção terá rigoroso controle na padronização
Com 17 anosde existência, o PROCRIA conseguiu se firmar entre as experiências exitosas deprojetos sociais. Começou atendendo 30 crianças e hoje já assiste 300 criançase adolescentes, de 06 a 18 anos, oferecendo atividades educacionais, esportivase culturais, ensino de espanhol, formação profissionalizante etc. Entre osrequisitos para estar no projeto, a renda familiar (até 02 salários mínimos) édeterminante para beneficiar os realmente necessitados.

O PROCRIAconta com apoio da Prefeitura Municipal desde sua implantação, através deprofessores, fornecimento da alimentação e de transporte. “Independente doprefeito, a Prefeitura sempre foi uma grande parceira”, destacou Sandra Roim.Ela informou que também o atual prefeito, Vinicius Camarinha, quando deputadoestadual, fez importantes contribuições ao projeto. Por exemplo, ele conseguiu100 mil reais da Secretaria Estadual da Assistência Social para a cobertura daquadra esportiva, que será inaugurada em março.

Xadrez: auxílio na concentração
Algumasempresas também já contribuíram muito com o projeto, como a Marilan e outrasdão apoio a projetos específicos. É o caso do Tauste que, através da campanhaPanetone Solidário de 2.012, reverterá cerca de 90 mil reais para as obras dereforma da cozinha e refeitório da entidade.

PROFISSIONALIZAÇÃO

Crianças eadolescentes em situação de risco social encontram no PROCRIA um porto seguropara se desenvolverem e alcançarem seus sonhos. Um dos caminhos percorridos éda preparação para o encaminhamento ao mercado de trabalho. Uma parceria com oBanco do Brasil garante vagas para o “Aprendiz Trabalhador”, na faixa dos 14aos 24 anos. Mas, muitas empresas também recorrem ao projeto quando precisam demenores diferenciados para seus postos de trabalho.

Enquanto areportagem do Correio Mariliense registrava a fábrica de hóstia, um telefonemado Banco do Brasil anunciou a abertura de mais uma vaga. O corre-corre foigeral. Visivelmente emocionadas, as coordenadoras comemoravam a boa nova. É que08 adolescentes estão prontos para serem enviados à seleção do banco: em comumeles são de famílias de baixa renda, têm boas notas na escola e comportamentoadequado na entidade.
Instalações seguiram os rigorosos padrões da Vigilância Sanitária
A parceriacom a Fundação Banco do Brasil vem de longa data. Anualmente, 120 crianças eadolescentes participaram de atividades esportivas na sede da AssociaçãoAtlética Banco do Brasil dentro do Programa AABB Comunidade.

Já oColetivo Coca-Cola, do Instituto Coca-Cola Brasil, realiza no PROCRIA cursos dedois meses de duração para preparação ao mercado de trabalho (atacado evarejo). Gratuitamente, a cada 60 dias, são abertas 120 vagas para os adolescentes.O próximo curso terá início no dia 25 de fevereiro. Informações podem serobtidas diretamente no Centro Comunitário (telefone 34548955).

Paraconhecer mais sobre o programa ou fazer contribuições aos projetos mantidospela entidade, escreva para: ccsjtadeu@terra.com.br.O endereço do PROCRIA é Rua Ribeirão Preto, 696, ao lado da Igreja São judasTadeu, em Marília.

* Reportagem publicada na edição de 17.02.2013 do Correio Mariliense

 

 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

IRRIGAÇÃO COM ÁGUA DA CHUVA É UM DOS SEGREDOS DO ORQUIDÁRIO DE 70.000 PLANTAS EM MARÍLIA.

Por Célia Ribeiro

A paixão pelas orquídeas vem de longa data. Há 35 anos, o médico Carlos Pelissari iniciou o cultivo dos primeiros vasos, sempre com muito amor e dedicação cirúrgica. O que era um passatempo, no entanto, acabou tornando-se um negócio lucrativo que ele mantém com a esposa, Adriana Dias Pelissari, aproveitando um recurso abundante na natureza: a água da chuva.

Plantas respondem bem à água da chuva
Atualmente, o casal mantém 70.000 plantas em 2.000 metros quadrados de estufas localizadas em uma chácara do Condomínio Campo Belo, próximo ao Distrito de Padre Nóbrega. De lá saem os vasos para a loja “Portal das Orquídeas”, onde são realizados cursos gratuitos para os interessados em aprenderem sobre o cultivo das orquídeas ou melhorarem seus orquidários particulares.
Água em abundância nas quatro estações do ano
Tanto na chácara como na loja da cidade, o diferencial do orquidário de Adriana e Carlos Pelissari é o aproveitamento da água da chuva que gera economia e preserva uma das riquezas naturais do planeta. Com poucos investimentos, eles instalaram 05 caixas (5.000 mil litros cada) na chácara e uma caixa no portal,  armazenando as águas pluviais para posterior irrigação das plantas.

Adriana ao lado de uma das caixas d'água
“Antes, nós tínhamos que molhar com a água da torneira. Mas, as orquídeas não gostam de água clorada”, contou Adriana, explicando que a ideia de utilizar a água da chuva surgiu da necessidade de manter a vitalidade das plantas. Para surpresa do casal, as orquídeas responderam muito bem à mudança. E o melhor ainda estava por vir: uma expressiva economia financeira.

De acordo com Adriana Pelissari, as contas de água encanada variavam de 250 a 300 reais por mês. Hoje, não chegam a 30 reais. Ela disse que estão pensando em instalar mais duas caixas na chácara, ampliando para 35 mil litros a capacidade de reservação: “Dá pena quando chove muito porque as caixas enchem e somos obrigados a jogar água fora por falta de espaço”. Ela revelou que além de irrigar as plantas, as águas pluviais servem para a limpeza do quintal da propriedade, abrigo dos cães etc.
Detalhe das caixas d'água: 25 mil litros armazenados a custo zero
A sócia do “Portal das Orquídeas” contou que muitos clientes ficaram interessados na novidade e, por isso, também costumam orientar quem deseja adotar o sistema de aproveitamento da água da chuva. No próximo sábado, dia 16 de fevereiro, das 14 às 17h30, a loja promoverá mais um curso gratuito sobre cultivo das orquídeas e quem quiser participar, basta entrar em contato pelo telefone: (14) 33160463.

FACILIDADE

A curvatura das estufas facilita o escoamento das águas pluviais. Quando chove bem, em 10 minutos dá para encher uma das caixas de 5.000 litros, assinalou a proprietária do Portal das Orquídeas. Um sistema de tubulação leva a água para o reservatório que devolve o líquido através de bombeamento na hora de regar as plantas.
70 mil orquídeas nas estufas da propriedade
“Ninguém precisa comprar uma caixa grande. Um tambor ou balde, com tampa, resolve. É só encher na hora da chuva e pronto”, comentou Adriana. Outra opção para quem tem poucos vasos é deixar as plantas alguns minutos na chuva, mas com cuidado para não molhar demais porque as orquídeas sentem tanto a falta quanto o excesso de água.
Pequenos cuidados e dedicação garantem flores lindas assim
Outras orientações da orquidófila: manter as plantas longe do sol, em local com claridade. Quando estiver muito calor, pode molhar um pouco todos os dias, caso contrário o indicado é colocar pouca água três vezes na semana. Outra dica é não deixar pratinhos sob os vasos porque o acúmulo de água pode apodrecer as raízes da planta.

Orquídeas da loja: informações garantem manejo adequado
Para outras informações ou para se inscrever, gratuitamente, no curso, acesse: www.portaldasorquideas.com.br ou escreva para: atendimento@portaldasorquideas.com.br O endereço em Marília é Avenida Santo Antonio, 477, telefone (14) 33160463.

 * Reportagem publicada na edição de 10.02.2013 do Correio Mariliense

domingo, 3 de fevereiro de 2013

SABÃO ARTESANAL: VOVÓS PASSAM O TEMPO EM OFICINA QUE GARANTE RENDA E COMPARTILHAM CONHECIMENTO.

Por Célia Ribeiro

Um grupo de idosas, acostumadas a dormir pouco e dar conta de todo trabalho doméstico, desperta ainda mais cedo, às terças-feiras, em diferentes bairros de Marília. Além de netos, bisnetos e famílias numerosas, as simpáticas senhorinhas têm em comum a disposição para o trabalho e um bom humor contagiante que alegra as manhãs da ONG Unijovem, mantida pela Unimed de Marília.

Compartilhando conhecimento nas oficinas de sabão artesanal
É que às terças-feiras, das 8 às 10h30, acontece a Oficina de Sabão Artesanal responsável pela utilização do óleo residual de fritura na produção de sabão em barra que vem conquistando clientes fieis. O grupo é formado por 09 idosas, na faixa etária de 67 a 79 anos, que aproveitam para trocarem experiências, receitinhas de família e, claro, ocuparem o tempo enquanto trabalham.

Dona Angelina embala as unidades para venda
Em média, são produzidos 180 pedaços de sabão por semana, explicou a auxiliar de projetos sociais da entidade, Camila Rodrigues da Silva, 23 anos. Cada unidade é vendida a 80 centavos, sendo que kits com 03 unidades saem por R$ 2,50 e de 05 unidades por R$ 3,50. O capricho na produção do sabão é tanto que a propaganda boca-a-boca gerou uma clientela fixa. Tem uma compradora que encomenda 50 pedaços de sabão de uma vez para enviar a parentes e amigos.

Utilizando equipamentos de segurança, como luvas e máscara, as idosas já estão craques no trabalho e se dividem com a distribuição de funções (lavagem das formas, embalagem das barras, limpeza do local etc). Toda semana, cada participante recebe uma quantidade do produto que comercializa livremente para reforçar o orçamento familiar. Mas, quem quiser, também pode adquirir o produto diretamente na ONG.

ADEUS DEPRESSÃO!

Na tarde de quinta-feira as simpáticas senhorinhas participaram de um animado café da tarde na ONG. Vaidosas, chegaram perfumadas e com batom emoldurando o sorriso só para apresentarem a Oficina de Sabão. Uma das mais animadas, dona Angelina dos Santos Cruz, 70 anos e moradora do Nova Marília, foi responsável por trazer outras amigas ao grupo.

Animação na hora do cafezinho das vovós
“Aqui não tem depressão. Só tem alegria. Eu adoro vir aqui e acordo feliz na terça-feira”, contou explicando que ultimamente tem se dedicado ao setor de embalagem da produção. Ao seu lado, dona Francisca Ignácia Pedro, 75 anos e orgulhosa bisavó, foi uma das idosas que conheceu a ONG através de Angelina: “A gente mora perto e vem junto pra cá. Eu adoro”, disse sorridente.
 
Produção pronta para venda: qualidade
Também da zona sul, dona Adelaide Teles de Barros Denadai, 72 anos, mora no Jardim Santa Paula e não se incomoda de percorrer um longo trajeto de ônibus para chegar pontualmente à oficina: “Depois que termina o serviço a gente toma café, conversa, conta as histórias e se diverte”, explicou. Da mesma forma, a mais idosa da turma, dona Verônica Pereira Bernardo, 79 anos, da Vila Jardim, contou que espera ansiosa chegar o dia da oficina para rever as amigas, como dona Maria Dolores Santos Silva, 67 anos, que também reside no bairro.

As vovós já sabiam fazer sabão, mas à moda antiga. Elas disseram que o método ensinado na ONG é muito mais fácil e seguro. E como coisa boa tem que ser compartilhada, a Unijovem sempre promove oficinas, abertas ao público, em entidades, escolas, centros comunitários etc. A ideia é ensinar as donas-de-casa a reaproveitarem o óleo usado, altamente poluente, e ainda economizarem com material de limpeza.

As tarefas são divididas no grupo

A qualidade do sabão em barra do grupo é divulgado com entusiasmo. Dona Francisca contou que uma cliente deixou tão brancas as meias de um neto que o menino pensou tratar-se de meias novas quando as encontrou na gaveta. As vovós destacam o alto poder de limpeza do produto que também vem sendo muito procurado para higienizar lençóis de pessoas acamadas: “Tenho uma cliente que só lava com nosso sabão porque tira todo o cheiro e deixa bem limpo”, assinalou vovó Francisca.
Dona Francisca confere o estoque
Por outro lado, perguntadas sobre a parte econômica, as idosas revelaram que ganham até 70 reais com a venda do sabão. Como o óleo usado chega por doações da população e de empresas e a Unijovem compra os materiais químicos necessários, o lucro é líquido para as participantes.

“Aqui a gente não vem só pelo dinheiro do sabão, que ajuda muito. A gente também vem para se distrair, passar as horas, deixar a tristeza e os problemas para trás”, finalizou vovó Angelina.

PROJETOS SOCIAIS

A ONG, mantida pelos colaboradores da Unimed Marília, possui vários projetos sociais gerenciados pela consultora Maria Estela Monteiro e que já foram registrados pelo Correio Mariliense em reportagens publicadas em 2011 e 2012. Além de ensino profissionalizante e encaminhamento para o mercado de trabalho, a Unijovem atua com fomento cultural.


Rea roveitamento de garrafas PET na entrada da oficina
de sabão mostra a preocupação ambiental da ONG

Para 2013, há vagas para jovens a partir dos 15 anos nos cursos de auxiliar de escritório e de atendimento e vendas. As aulas terão início em março, com duração até julho. Os interessados podem entrar em contato pelo telefone (14) 32218388 ou se dirigir à sede da instituição localizada na Avenida Campinas, 167, próxima à Santa Casa de Marília.

* Reportagem publicada na edição de 03.02.2013 do Correio Mariliense