domingo, 29 de julho de 2012

NAS FÉRIAS DA VILA DAS ARTES, CRIANÇAS APRENDERAM SOBRE CONSUMO CONSCIENTE.

Por Célia Ribeiro

Numa época em que a massificação da publicidade voltada ao público infanto-juvenil seduz com novidades e lançamentos instantâneos, apresentar a esses exigentes consumidores as novas possibilidades de aproveitamento do que rotulavam como velho e ultrapassado é como nadar contra a maré. Pois foi exatamente isso que a Vila das Artes fez nestas férias, ao incentivar o reaproveitamento de materiais nos cursos de arte.

Criar reaproveitando materiais: lição para os pequenos
A vila, que o Correio Mariliense retratou, no ano passado, como exemplo de sustentabilidade, não teve folga e manteve o cronograma de cursos (infantil, juvenil e adulto) em julho. Além da clientela que ficou na cidade nas férias escolares, muitas crianças que estavam de passagem por Marília se interessaram em conhecer o lugar que exala arte por toda parte.

 Diante de muitas possibilidades, o Curso de Costurinha é um dos que mais tem atraído a atenção: mães que cresceram assistindo a desenvoltura de suas mães, tias e avós diante da máquina de costura, mas não aprenderam o ofício, agora querem que suas filhas saibam costurar como antigamente.

Direcionado às meninas, a partir de nove anos, o “Costurinha” tem à frente a publicitária e técnica em estilismo e coordenação de moda, Carolina Putinati. Aos 29 anos e com jeitinho de adolescente, a professora é conhecida por sua participação no programa “Tudo Simples” do canal a cabo “Bem simples”, onde ensina artesanato e costura na base da brincadeira.

A pedagoga Mariana explica o passo-a-passo para as aluninhas
“O curso é livre. Elas vêm com as ideias e os projetos delas e eu as ajudo a desenvolvê-los”, explicou Carolina. A cada aula, uma nova descoberta. E assim, as meninas confeccionam bolsas, estojos, almofadas para decorarem o quarto, além de dezenas de itens originais com que presenteiam as amigas.
Letícia Almeida já sabe costurar à máquina
Nada é desperdiçado: os retalhos de tecido são reaproveitados em trabalhos de Patchwork, transformam-se em alças para as bolsas e são matéria prima rica para as aulas de artesanato com espaço garantido onde a imaginação permitir. O conceito de reutilização de materiais é reforçado em cada atividade.

 ARTE NA INFÂNCIA

A estudante de Design Gráfico, Laura de Souza, 18 anos, tem duas paixões: criança e arte. Necessariamente nesta ordem! “Adoro criança desde sempre”, comentou a jovem monitora do curso de artesanato voltado aos pequenos artistas, meninos e meninas, a partir dos quatro anos de idade.

Laura: paixão pela arte
Familiarizada com a atividade artística, Laura começou a desenvolver sua criatividade quando tinha apenas cinco anos, durante as aulas dadas pela artista plástica Patrícia Muller, proprietária da Vila das Artes. Coincidências da vida, Laura é hoje uma das professoras que ajudam a dar asas à imaginação dos pequenos artistas do lugar.

 “Eles participam bastante e temos que usar as ideias deles”, comentou a jovem monitora, mostrando as casinhas de boneca feitas com caixas de papelão, forradas com tecido e que receberam móveis de argila e flores de biscuit nas janelas. Várias técnicas são empregadas para que a criação gerada na imaginação infantil ganhe formas concretas.

“A arte tem a proposta de oferecer o universo não só criativo, mas de autoconhecimento. E isso favorece a criança tanto na parte da escrita, na hora em que ela está na escola, como na hora de desenvolver sua criação”, assinalou a pedagoga Mariana De Lucca, que coordena o trabalho com as crianças da Vila, divididos por faixa etária.

BENEFÍCIOS

Além da demanda espontânea, muitas crianças e adolescentes são encaminhados para a Vila das Artes por médicos, psicólogos e pedagogos. Segundo Patrícia Muller, “toda semana tem o depoimento de um pai sobre ganhos do filho, como melhoria na escrita, no comportamento, na concentração. Acho que quando uma criança está precisando de uma atividade artística, de criar mais, ela acaba desorganizando o outro lado”.

Carolina orienta aluna
A artista plástica defende os benefícios do “resgate de atividades que dão prazer e preenchem um vazio. Então, vamos trabalhar para reaproveitar, pegar um pedaço de madeira que está jogado e transformar numa bandeja para apoiar o iPad, usar o tecido do forro que sobrou para uma almofada e, com isso, mostrar que o resultado é legal com o velho e o usado, também”.

Patrícia e o pufe de pneu: originalidade
Para Patrícia Muller, o ambiente da Vila, construído com quase tudo reciclado, é a prova viva que estimula os alunos a criarem de maneira sustentável: “Um dos nossos papeis é apresentar as inúmeras possibilidades, mostrar que com esses materiais a gente pode fazer arte e das melhores!”, finalizou.

Para saber mais sobre a vila, acesse aqui
A escola fica na Rua Atílio Gomes de melo, 64, perto da Praça Athos Fragata. O telefone é (14) 34547345.

* Reportagem publicada na edição de 29.07.2012 do Correio Mariliense

TOME NOTA!

PREMIAÇÃO DO SETOR SE SEGUROS

A 2ª edição do “Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros” vai premiar as iniciativas do setor voltadas para a sustentabilidade, onde serão observadas questões ambientais, sociais e de governança (ASG) que sejam relevantes para o negócio de seguros. Os responsáveis pelos cases vencedores (1º, 2º e 3º lugares) receberão troféus e prêmios em dinheiro nos valores de R$ 15 mil, R$ 10 mil e R$ 5 mil.
“A indústria de seguros é uma indústria de gerenciamento de risco, diferente da indústria petrolífera, mineradora ou da construção civil. E, na verdade, é o gerenciamento de risco feito pela indústria de seguros que garante a tranquilidade da operação das demais indústrias”, informa a Confederação Nacional das Seguradoras. As inscrições podem ser feitas até o dia 5 de agosto pelo endereço eletrônico: www.premioseguro2012.com.br

domingo, 22 de julho de 2012

KLÍNICA DA ALEGRIA: O REMÉDIO VEM EM INJEÇÕES DE SORRISO PARA OS PACIENTES HOSPITALIZADOS

Por Célia Ribeiro

Todas as pessoas que passaram pela experiência da hospitalização sabem como é difícil o período de internação, independente do grau ou complexidade da enfermidade. Ansiedade, dor, medo e muitos outros sentimentos controversos, que ficam em constante ebulição, agora estão encontrando um adversário à altura. São os doutores da Klínica da Alegria que oferecem medicamentos sem contraindicação. Afinal, quem resiste a pílulas de alegria e injeções de sorriso?
A turma em frente à Santa Casa: remédios sem contraindicação
A história deste formidável grupo de voluntários começou em 2.006, quando alguns amigos se juntaram para criar a associação com o objetivo de levar um pouco de conforto aos doentes internados nos hospitais da cidade. “Nossa motivação foi fazer um Natal diferente para as pessoas que estivessem hospitalizadas, fragilizadas emocionalmente”, recordou a vice-presidente, Maria Conceição das Graças Kwiatkoski Vieira, auxiliar de Desenvolvimento Escolar e mãe do presidente da ONG, o bancário Rafael Kwiatkoski Vieira.
Dona Maria: overdose de sorriso
Segundo ela, o grupo conta com 46 membros atuantes e 38 em formação, de diversas profissões. Sim, existe todo um preparo para que o futuro “Doutor” da Klínica da Alegria esteja apto a atuar. Divididos em dois grupos, eles visitam, atualmente, a Santa Casa de Misericórdia de Marília no primeiro e terceiro domingos de cada mês. Houve um tempo em que estavam também no Hospital São Francisco e no Materno Infantil. Mas, hoje concentram o trabalho voluntário na Santa Casa onde um grande número de pacientes, de várias cidades da região, recebem tratamento de média e alta complexidades.

BRINQUEDOS

“Nossa intenção é descobrir o potencial dessa pessoa hospitalizada. Às vezes, ela não poderia caminhar, mas poderia participar da brincadeira dando um sorriso”, explicou a vice-presidente. Dona Maria disse que cada paciente ganha um brinquedo, sem discriminação: adultos, crianças e até os pacientes da UTI recebem a visita desses doutores tão especiais.
"Doutores" passam por capacitação
Para arrecadar os brinquedos, cujo valor é simbólico (das lojas de R$ 1,99), a ONG conta com o coração generoso da população. No fim do ano o grupo costuma fazer campanhas em frente a essas lojas e os itens arrecadados são distribuídos ao longo do ano. Além disso, os membros da Klínica da Alegria fazem doações à entidade, que variam de dois a cinco reais por mês.

E foi justamente numa dessas campanhas que Maria Kwiatkoski Vieira enfrentou um desafio: um homem se aproximou do grupo e perguntou, desconfiado: “Quem me garante que o brinquedo vai mesmo para os doentes?” A voluntária respondeu: “Minha palavra é a garantia”. Pois bem, passando alguns dias, em pleno Natal, dona Maria chegou com o grupo à Santa Casa e, ao entrar em um quarto quase não acreditou em seus olhos. Ali, na cama, recuperando-se de uma cirurgia de emergência, estava o homem que duvidou das intenções do grupo.

Emocionado, ele recebeu o brinquedinho, como os outros pacientes, e se desculpou com dona Maria. Mais tarde ela soube que se tratava de um padre, cuja família reside em Lins e que agora quer levar a experiência do grupo para aquela cidade.

Falando em exportação do modelo, em breve Pompéia contará com a Klínica da Alegria. Um grupo foi capacitado e está quase pronto para começar a atuar. É importante ressalvar que a ONG não pede dinheiro na rua e não vende produtos, como cartões postais. Esta semana, em dois cruzamentos da Rua Nove de Julho estavam algumas moças vestidas de palhaço, mas a reportagem soube que se tratava de um grupo de São José do Rio Preto que está vendendo cartões. Não se sabe onde serão aplicados os recursos e muita gente pode pensar que são os voluntários da Klínica.

EMOÇÃO PURA

De fala mansa e sorriso iluminando o semblante, dona Maria Kwiatkoski Vieira não consegue conter a emoção ao se recordar de tantas histórias. Além do padre desconfiado, uma das coisas que mais lhe chamou a atenção aconteceu quando bateu à porta pedindo licença para entrar num quarto. O paciente respondeu do outro lado: “Quem está aí? Fale de novo. Eu conheço essa voz!” Quando entrou e se aproximou do leito, dona Maria soube que o senhor acamado havia passado vários dias na UTI: “Ele disse que, mais de uma vez, ouviu aquela voz conversando com ele mesmo estando inconsciente”.

Em outra oportunidade, o grupo soube de um menino, que recebeu a visita dos “doutores” no domingo e foi a óbito, na segunda-feira, abraçado ao brinquedo. “É um trabalho gratificante demais. A gente dá um pouco, mas recebe muito”, disse a vice-presidente, com os olhos marejados em lágrimas.

QUEM É A DRA BRUNECA?

Jovem, bonita, bem sucedida, a assistente de Marketing do Univem, Bruna de Souza Garcia, assume o personagem “Dra Bruneca” na Klínica da Alegria deixando a timidez de lado: “A vontade de participar já vem de muito tempo, desde que assisti ao filme ‘Patch Adams’”, revelou, explicando que o empurrão que faltava veio durante uma visita da trupe à universidade. Ela soube que haveria formação para uma nova turma de voluntários e se inscreveu.
A bela Dra. Bruneca
“Sou um pouco tímida e a minha maior dificuldade foi me soltar. Até pensava, como vou poder fazer alguém sorrir? Mas, isso na hora em que se está em visita fica de lado. A Dra Bruneca, meu apelido de palhaço, me surpreendeu. Ela está se saindo muito bem”, declarou bem humorada a voluntária de 28 anos.

Segundo Bruna Garcia, “a Klínica da Alegria é um trabalho muito sério e de muita responsabilidade. Quem desejar participar tem que ter disposição e comprometimento. Mas, vale muito a pena. É um trabalho que me dá muita alegria e que está me fazendo um bem enorme”.

Finalizando, a moça que dá vida à Dra Bruneca comentou que “nas visitas, tentamos ajudar o paciente de alguma forma, levar alegria, um carinho, um momento de descontração para ele esquecer, por alguns momentos o motivo que ele está lá. Mas, a maioria das vezes somos surpreendidos por eles que nos passam tanta força, tanta vontade de viver, de se recuperar e sair logo de lá que o ganho maior é nosso. É muito gratificante”, finalizou.
Quem quiser conhecer mais ou entrar em contato, até para colaborar com os brinquedos de R$ 1,99 pode escrever para: klinicadaalegria@hotmail.com

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE MARÍLIA 
Kátia Santana
 Por sua vez, a direção da Santa Casa de Misericórdia de Marília, através da Superintendente Kátia Santana, elogiou o trabalho da Klínica da Alegria: “Somos  muito gratos por contar com voluntários tão dedicados à humanização  do atendimento  hospitalar através da alegria. Eles ajudam de forma decisiva na cura do paciente. Eles fazem a diferença”.


* Reportagem publicada na edição de 22.07.2012 do Correio Mariliense

domingo, 15 de julho de 2012

QUALITY HOTEL SUN VALLEY É O PRIMEIRO A IMPLANTAR O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM MARÍLIA

Por Célia Ribeiro

Um dos melhores hotéis da região, cuja reputação foi construída ao longo dos anos, saiu na frente ao implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) e tornar-se referência para outros estabelecimentos do setor hoteleiro. O Quality Hotel Sun Valley, privilegiado pela ampla área verde e construção horizontal, foi o primeiro a se adequar às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305) que, a partir de 2.014, não dará trégua àqueles que deixarem tudo para a última hora.
Cozinha gera 100 litros de óleo por mês
Não é de agora que a questão ambiental está na pauta do hotel, explicou o proprietário Fernando Ribeiro, citando que o lixo reciclável (lata, vidro, papel e papelão) é separado e doado à Cotracil (Cooperativa de Trabalho Cidade Limpa). Há dois anos, todo o óleo residual é vendido para produção de biodiesel. A empresa Óleo & Óleo, de Lins, recolhe 100 litros de óleo, mensalmente, no estabelecimento.
Funcionários separam o lixo do hotel
Fernando Ribeiro comentou que “a empresa está relacionada com a comunidade que ela envolve. Não é um ente isolado. Ela faz trocas e essas trocas são importantes para a comunidade e para a empresa também”. Neste sentido, avançar para a implantação do PGRS foi questão de tempo e oportunidade, com a contratação da Consultoria “Master Ambiental”, cuja representante em Marília é a analista ambiental Suzana Más Rosa.

“De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, as empresas consideradas grandes geradoras de resíduos, devido ao volume ou às características desses resíduos, como indústrias, shoppings, supermercados, hotéis, entre outros, devem elaborar e implementar seus planos”, destacou a analista.
Fernando Ribeiro, Carolina e Marília: equipe entrosada
Com 111 apartamentos, restaurante aberto ao público e instalações para grandes eventos sociais e corporativos, o Sun Valley recebe um grande volume de hóspedes e visitantes, gerando, com isso, um grande volume de resíduos.

TREINAMENTO
No decorrer dos estudos para implantação do PGRS, foi necessário envolver todos os colaboradores do hotel. Divididos em grupos, os 70 funcionários receberam informações e foram sensibilizados para contribuírem com o projeto. “Foram proferidas palestras onde se mostrou os impactos do lixo no meio ambiente para eles terem uma consciência maior sobre o que fazer”, explicou a governanta Maria Carolina Campos de Azevedo.
Suzana capacitou os colaboradores do hotel
Segundo ela, “as camareiras já faziam a separação do que era realmente descarte. Os demais também abraçaram a causa e foram bem receptivos”. A governanta afirmou que os ganhos são extensivos às famílias porque os funcionários estão levando informações sobre a coleta seletiva para suas casas e também trazem para o hotel o lixo eletrônico (pilhas, baterias, aparelhos celulares etc) para que o descarte ocorra corretamente.

Por sua vez, a controller Marília Simão de Santana informou que as lâmpadas utilizadas no hotel são armazenadas em local adequado e recolhidas por uma empresa, periodicamente. O mesmo também está ocorrendo com latas de tinta, disse, exemplificando os avanços que o hotel está registrando no gerenciamento de resíduos sólidos.

Quanto aos hóspedes, eles também são envolvidos no processo: nos apartamentos e áreas comuns há informações sobre a implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos com orientação para uso das lixeiras identificadas para receberem os recicláveis. De acordo com Marília Santana, muitos hóspedes aprovam tanto a ideia que levam o material informativo embora.
Lixeiras estão por toda parte
PRÓXIMOS PASSOS

Fernando Ribeiro contou que o uso de energia solar já vem de alguns anos na empresa, mas o Sun Valley quer ir além apostando também na captação e utilização da água da chuva. “Antes, para trocar um aparelho de ar condicionado, pensávamos no preço e na potência. Agora, também pensamos no selo Procel que indica o gasto energético. Então, estamos fazendo a troca de equipamentos porque entendemos que o hotel precisa ser mais sustentável, mais eficiente, um dia após o outro”.
Há planos, também, para a compostagem de lixo orgânico, “uma vez que a cidade não possui empresas que façam a coleta desses resíduos e está sendo desenvolvido o projeto para a implantação de uma compostagem dos resíduos no próprio hotel, que dispõe de espaço físico”, informou Suzana Más Rosa.

Com relação ao investimento, Fernando Ribeiro não citou números. Entretanto, adiantou que o investimento é razoável e pode ser feito por qualquer empresa, desde que haja um planejamento das etapas. O lixo reciclável também poderia ser comercializado para geração de renda. Mas, o executivo do Sun Valley afirmou que prefere doar o material para a Cotracil devido ao alcance social da cooperativa que emprega dezenas de catadores.
Carolina e Marília mostram os
impressos destinados aos hóspedes
Já os 100 litros de óleo residual, gerados todo mês na cozinha do hotel, são comercializados com renda destinada ao fundo dos funcionários que realizam a confraternização de fim de ano em grande estilo. Isto é, com o exigente padrão de qualidade do Quality Hotel Sun Valley!

* Reportagem publicada na edição de 15.07.2012 do Correio Mariliense

domingo, 8 de julho de 2012

ROTARACT: COMO OS JOVENS SE ORGANIZAM PARA CONTRIBUIREM PARA UM MUNDO MELHOR.

Por Célia Ribeiro

Enquanto milhares de jovens --- principalmente os que não trabalham --- aproveitam as manhãs de sábado para dormirem até mais tarde, um pequeno grupo de rapazes e moças, cheios de sonhos típicos da adolescência, se encontra para discutir maneiras de contribuir para um mundo melhor. Em Marília, 14 desses jovens diferenciados formam o Rotaract Club, patrocinado pelo Rotary Clube Marília Pioneiro, numa prova de que é possível dar o melhor de si em benefício da sociedade, em qualquer idade.

Mãos à obra: limpeza da Avenida Esmeralda
Formado por jovens de 18 a 30 anos, o Rotaract está presente em 170 países com 8.400 clubes. Segundo o portal da organização “todas as iniciativas de projeto nascem das próprias necessidades da comunidade e promovem a paz e a compreensão internacional através de amizade e trabalho conjunto”.

As reuniões acontecem todos os sábados, às 10 h, na Avenida República, 908, e são abertas aos interessados, explicou a ex-presidente Camila Rodrigues da Silva, graduanda em Ciências Sociais e pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero da UNESP/Marília. No começo da semana, ela transmitiu o cargo ao estudante Eduardo Guimarães Mielo, que faz cursinho para Faculdade de Química.

Grupo observa parte da mostra na biblioteca da Unesp
“Nós procuramos desenvolver projetos, ações, que auxiliem para melhorar a sociedade de alguma forma”, ressaltou a ex-presidente explicando que a questão da sustentabilidade ambiental é um dos pontos que merecem maior atenção. Para não ficar no discurso, a moçada saiu às ruas e colocou a mão na massa, como se diz popularmente.

Em junho, aproveitando o mês do meio-ambiente, os jovens distribuíram à população mudas de árvores no Bosque Municipal, promoveram a limpeza em trechos da Avenida Esmeralda e promoveram uma oficina de reciclagem na Mansão Ismael.  Assim, como algumas alunas de Terapia Ocupacional da UNESP integram o grupo, foram realizadas atividades de atenção aos idosos que puderam conhecer o reaproveitamento de materiais, como as embalagens de leite longa vida (Tetra Pak) transformadas em caixinhas de presentes.

EXPOSIÇÃO DE RECICLÁVEIS

Os jovens do Rotaract também ministraram palestras na UNESP, em parceria com o Centro de Pesquisa de Estudos Agrários (CEPEA) da universidade, e organizaram uma exposição sobre recicláveis, durante todo o mês de junho, na biblioteca. Com muita criatividade, eles selecionaram objetos passíveis de reaproveitamento, incluindo um puf feito com garrafas PET.

Eduardo Mielo e Camila Rodrigues: à frente do Rotaract Club
 “A gente ficou super feliz com a aceitação. Logo na entrada da biblioteca chamou a atenção das pessoas que queriam pegar e ver como se faz”, afirmou Camila acrescentando que a mostra só precisou ser desmontada devido ao período de férias.

Distribuição de mudas no bosque
Ao encerrar seu primeiro mandato, Camila Rodrigues observou que “ainda tem muita coisa a ser construída. Mas, acho que os primeiros passos já estão sendo dados, principalmente por esse grupo”. Ela contou que saiu de São Paulo, há cinco anos, para estudar e se apaixonou pela proposta da organização mantida pelo Rotary.

 “O nosso objetivo é desenvolver o lado profissional para ajudar a sociedade. Cada um dá o que tem da sua profissão, do que está aprendendo. Nossos projetos têm esse diferencial por causa da formação de cientista social, de procurar o que a sociedade está precisando”, afirmou a universitária.

Oficina de reciclagem com idosos da Mansão Ismael
Finalizando, a ex-presidente lamentou a grande rotatividade entre os membros do Rotaract: “A maior dificuldade, que a gente encontra todo ano, é do quadro social. O jovem tem um problema que são as fases de transição. Ao mesmo tempo em que estou aqui, amanhã posso não estar. A maior necessidade é termos que estar renovando sempre o quadro social”.

TRANSFORMAÇÃO

“O Rotaract transforma. Ele transforma além da população, dos projetos que a gente desenvolve na cidade. Transforma a cada um. Posso dizer isso por experiência própria porque depois que eu entrei aqui acabei mudando o jeito que eu era”, confidenciou o novo presidente, Eduardo Guimarães Mielo, 18 anos.

Cheio de planos, Mielo explicou que o grupo pretende reestruturar projetos já realizados, dando-lhes uma nova amplitude, “para atingirmos um volume maior da população”. O primeiro projeto será a adoção de uma praça: “Queremos mostrar para a população a importância que é ter uma área verde, uma praça bem cuidada”, assinalou.

Painel na entrada chama a atenção
Eduardo Mielo concorda com a ex-presidente Camila sobre a dificuldade em manter o grupo: “É difícil a gente conseguir atingir a maior parte dos jovens, como a gente gostaria, porque nesta fase ocorre a transição. O jovem entra na universidade ou sai dela para entrar no mercado de trabalho”.

No entanto, o presidente fez questão de frisar que os poucos que ficam no Rotaract trabalham dobrado: “A qualquer momento, podemos ter um grande número de sócios e muitos deles saírem por motivos pessoais. Os que ficam acabam trabalhando pelos outros. Posso dizer que o comprometimento de quem faz hoje é muito grande até para compensar aqueles que não estão mais presentes”.

 Lançando um convite para que jovens interessados em atuarem no Rotaract entrem em contato, Eduardo Mielo concluiu afirmando que “vale muito a pena. Antes, eu era apenas um observador. Hoje, sou um dos transformadores”.

Quem quiser contatar o grupo pode escrever para: mila_polis@hotmail.com ou comparecer às reuniões do Rotaract, todo sábado, às 10h, à Avenida República, 908.

* Reportagem publicada na edição de 08.07.2012 do Correio Mariliense

domingo, 1 de julho de 2012

CÂNCER DE MAMA: SOLIDARIEDADE DE DOIS MÉDICOS DEVOLVE A VIDA E A AUTOESTIMA ÀS PACIENTES DO SUS

Por Célia Ribeiro

Na infância, as brincadeiras de médico e professora povoam a imaginação das crianças há muitas gerações. Mas, para dois meninos que costumavam brincavam juntos desde pequenos, a amizade dos tempos do “Forte Apache” e dos carrinhos coloridos evoluiu: tornaram-se médicos e estabeleceram nova parceria, agora salvando vidas e devolvendo a autoestima às portadoras de câncer de mama.

Dr. Leo Pastori e Dr. Giandon
O médico mastologista Dr. Carlos Giandon e o cirurgião plástico Dr. Léo Pastori, detentores de sólidas carreiras profissionais, sensibilizados com a situação das mulheres afetadas pela doença, resolveram fundar o Centro de Oncologia de Marília (COM), em 1998. Desde então, dedicam um dia da semana para operarem, pelo SUS, as pacientes portadoras de câncer de mama, e o COM tornou-se referência para a Rede Básica de Saúde.

Segundo Léo Pastori, na área de reconstrução mamária, que ocorre em três tempos, já foram realizadas mais de 1.200 cirurgias. O Dr. Giandon também realiza, em média, 03 cirurgias por semana.  A parceria com a Secretaria Municipal da Saúde, responsável pelo encaminhamento das pacientes e autorização dos exames complementares (ultrassom, mamografia e biópsia) aliada à estrutura da Santa Casa, contribuíram para a drástica redução do intervalo entre o diagnóstico e o início do tratamento. Enquanto fora desse serviço a espera pode chegar a seis meses, quem entra pela porta da Secretaria Municipal da Saúde, COM e Santa Casa, consegue atendimento em até 15 dias!

Lenço rosa, doado pela Casa Três irmãos, é a marca registrada do grupo
 Dando suporte ao trabalho, está o investimento social privado: em 2007, o Instituto Avon doou quase 200 mil reais para o Programa de Prevenção e Detecção Precoce do Câncer de Mama, coordenado pelo Dr. Giandon, numa parceria entre o município e a Santa Casa de Misericórdia de Marília. Na época, o ex- vice-prefeito Luiz Eduardo Nardi ocupava a Secretaria Municipal de Governo e fomentava as parcerias.

Os recursos da Avon foram utilizados na capacitação dos médicos e enfermeiros da Rede Básica de Saúde, além da aquisição de equipamentos como o ultrassom e pistolas de biópsia para o Ambulatório de Saúde Mamária que funciona na UBS Alto Cafezal.
Pacientes e familiares: apoio muúuo nas reuniões quinzenais

DÍVIDA DE GRATIDÃO

Com uma clínica particular de cirurgia plástica movimentada, Dr. Leo Pastori construiu sua reputação profissional ao longo de uma trajetória diferenciada: após formar-se na Unicamp (Universidade de Campinas), foi estagiar em Milão com o Dr. Humberto Veronesi, um dos maiores mastologistas do mundo, quando decidiu que faria cirurgia plástica para dedicar-se à reconstrução mamária.
Dr. Leo com Dra.Rossana, na sede da DDM

De volta ao Brasil, estagiou com o renomado Dr. Ivo Pitanguy e passou, também, pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), ambos no Rio de Janeiro, acumulando a experiência necessária a encarar novos desafios na cidade natal. Em Marília, por uma feliz coincidência, reencontrou o amigo de infância quando surgiu a ideia de fundarem o COM: “Por termos o privilégio de estudar numa universidade pública, acreditamos que essa é a melhor maneira de contribuir com a sociedade de uma maneira direta e altamente especializada”.

Léo Pastori recorda que fizeram “a primeira mastectomia com reconstrução da região em 1.998. A partir daí, vencemos todo tipo de preconceito”. Ele destaca o apoio da Secretaria Municipal da Saúde e da Santa Casa, cuja direção faz questão de elogiar e agradecer.

O Centro de Oncologia de Marília (COM) deverá se tornar uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), sonham os dois médicos que vislumbram alçarem a entidade a um patamar que permita ampliar ainda mais o atendimento às portadoras de câncer de mama pelo SUS.

GRUPO AMIGOS DO COM

 Mesmo sem a formalização, o COM já mobiliza a comunidade. Num espaço cedido pela Santa Casa, e reformado pelos dois médicos, pacientes e familiares que enfrentaram ou enfrentam o câncer de mama se reúnem quinzenalmente. Num ambiente descontraído, todos se apoiam, trocam experiências, acolhem uns aos outros e, principalmente, celebram a vida!

Adriana Tognoli à frente na caminhada do Amigos do COM
“Em conversa com pacientes operadas resolvemos criar o espaço para acolher principalmente quem tivesse recebido o diagnóstico. Temos pacientes 15, 18 e 70 anos. Nossa vontade era fazer essa interface entre quem já fez e está curada com quem está chegando”, explicou o cirurgião plástico.

O “Amigos do COM” tem recebido cada vez mais pessoas interessadas em colaborar, caso da ex-coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres, Adriana Tognoli. Desde os eventos do “Outubro Rosa”, tradicional mobilização contra o câncer de mama promovida pelo Instituto Avon, ela abraçou a causa e tem participado das reuniões e eventos do grupo.

“As ações do grupo são essenciais para que as pacientes se sintam acolhidas e protegidas. Elas sabem que têm com quem contar. Acredito que seja uma sensação muito acolhedora para quem está passando por uma situação como essa”, afirmou. Ela acrescentou que “as mulheres precisam saber que podem ser curadas para que não fujam do tratamento e não desanimem. Trabalhar a autoestima é fundamental e por isso o grupo de apoio é tão importante na vida das pacientes”.

Para Adriana tognoli, “essa convivência mais estreita com os problemas enfrentados por elas tem me permitido avaliar melhor as necessidades das pacientes e de que forma o poder público poderá contribuir para prevenir e minimizar as sequelas da doença” E finalizou: “Cada vez mais quero contribuir com o meu trabalho para a prevenção e o enfrentamento do câncer de mama, desenvolvendo ações afirmativas, leis de proteção e políticas públicas em prol da saúde integral da mulher”.

No ano passado, a ex-coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres organizou o Guia Rosa, um manual com informações sobre os direitos das portadoras de câncer. Neste fim de semana, Adriana Tognoli está desembarcando em Londres, para um mês de intercâmbio quando manterá contato com algumas ONGs engajadas em movimentos em prol das mulheres.

 VENCENDO DESAFIOS

A educadora física e treinadora de voleibol feminino, Romilda Luzia de Maio Gianini, encontrou um adversário duro na queda. Hoje, aos 50 anos e em franca recuperação, ela contabiliza três anos de luta contra o câncer de mama. “Foi muito difícil receber o diagnóstico. Mas, não tinha outra coisa a fazer senão enfrentar” recordou destacando o apoio que recebeu dos amigos e, principalmente, da família.
Romilda, treinadora de volei e guerreira

Casada e mãe de dois filhos, Romilda tinha uma saúde invejável. Além do corpo em plena forma e do condicionamento físico em dia, longe do álcool e do tabagismo, ela sempre manteve hábitos saudáveis. Mesmo assim foi acometida pela doença que enfrentou com garra e determinação. Ela fez a reconstrução mamária e, mais tarde, substituiu a prótese quando apresentou problema.

Para Romilda, é preciso manter o pensamento positivo e o otimismo em alta. Ela elogiou o atendimento da equipe do COM e faz questão de participar das reuniões do grupo, apoiando quem chega. Ela só lamenta que no Brasil não respeitem os direitos dos portadores de câncer: mesmo com tempo para se aposentar, a educadora física ainda não conseguiu o benefício e está recorrendo junto ao INSS.

Aos poucos, ela vai retomando a vida normal. Voltou a treinar uma equipe de vôlei e não descuida da aparência. “É preciso se reconhecer no espelho como mulher e se sentir bonita para o marido”, comentou.

 PROJETOS DOS EUA PARA MARÍLIA    

A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e delegada titular da Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher (DDM), Dra. Rossana Camacho, foi uma das 20 brasileiras selecionadas para participarem de um intercâmbio internacional para lideranças femininas pelo ITD (Instituto de Treinamento e Desenvolvimento de Amherst, Massachusets) em parceria com a Smith College, dos Estados Unidos, por 06 semanas, de setembro a novembro de 2012.
Dra. Rossana  mostra a Lei Maria da
Penha em inglês
O intercâmbio, subsidiado pelo Gabinete de Assuntos de Educação e Cultura do Departamento de Estado dos Estados Unidos, através do Consulado americano e Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), possibilitará que a mariliense troque experiências e possa replicar, futuramente, projetos de grande alcance às causas das mulheres. Entre eles, Dra. Rossana destacou os projetos relacionados ao câncer de mama que será desenvolvido em Marília junto com os “Amigos do COM”.

No que tange à violência doméstica, a delegada levará um exemplar da Lei Maria da Penha em inglês, bem como os folders e manuais sobre a DDM, Rede Mulher, NAM, Guia Rosa, Coordenadoria e Conselho da Mulher. Em contrapartida à sua participação nesse projeto, a Dra Rossana receberá, em janeiro de 2.013, intercambiárias americanas para conhecerem as políticas públicas para as mulheres que estão sendo desenvolvidas em Marília.

* Reportagem publicada na edição de 01.07.2012 do Correio Mariliense