terça-feira, 11 de dezembro de 2012

CAMINHO DA ROÇA: VISITAS MONITORADAS ENCANTAM CRIANÇAS E ADULTOS EM PADRE NÓBREGA

Por Célia Ribeiro

Um pouco antes do amanhecer, quando o canto dos pássaros anuncia um novo dia, a bicharada desperta animada pelos lados do Distrito de Padre Nóbrega: em uma área preservada formou-se um pedacinho do paraíso na Terra onde as crianças aprendem a respeitar a natureza e os adultos renovam seu compromisso em defesa do meio ambiente.
Peixes no lago do "Caminho da Roça" 
A “Fazendinha Caminho da Roça”, como é conhecida, nasceu do sonho acalentado pela professora aposentada e consultora de jardinagem e paisagismo, Lílian Aparecida Marques de Oliveira, que vislumbrou a possibilidade de implantar uma reserva natural na propriedade, de 48.000 metros quadrados, que serviria para difundir a educação ambiental.

Lilian recepciona as crianças
Os visitantes dificilmente acreditam que tudo aquilo foi formado em apenas seis anos: plantio de milhares de árvores nativas, frutíferas, ornamentais e exóticas de cerca de 500 espécies, organização dos viveiros com aves, coelhos, pavões e mini-animais, como pôneis, área destinada aos eqüinos, bovinos, jabutis e carneiros além do lago repleto de peixes que encantam à primeira vista.
Um dos viveiros da propriedade
Junto com o marido, Ademir Antônio de Oliveira, e o filho Adolfo Marques de Oliveira, Lilian tem a ajuda de alguns funcionários da fazenda que foram treinados em monitoria. São eles que recebem desde os grupos de estudantes até  as pessoas que agendam os passeios ao local que pertence à família há 30 anos.

VONTADE DE ENSINAR

Sorridente e exalando simpatia, a professora aposentada que é também conhecida como “Lilian Flor” no Univem, onde dá consultoria de paisagismo, contou que quando estava na ativa, costumava levar seus alunos do SESI para passeios monitorados na propriedade. Como professora de Ciências, ensinava botânica e zoologia na prática para encanto dos pequenos.
 
Fogão à lenha e utensílios da roça: clima do interior
“Depois que me aposentei, senti muita falta disso. Esse espaço tem tanto a ensinar e eu não tinha com quem compartilhar”, recordou a professora que não conseguiu ficar longe dos alunos. Segundo ela, conversando com parentes em São Paulo soube das fazendinhas que serviam de visitação às famílias ansiosas pelo contato com a natureza. Foi quando decidiu investir no negócio, aliando seus conhecimentos a uma imensa vontade de difundir o que aprendeu ao longo dos anos.

Hoje, a “Fazendinha Caminho da Roça” está muito bem organizada e a agenda, sempre lotada, é o termômetro do sucesso. Para se ter uma ideia, a agenda de 2.013  está quase toda tomada. Na semana passada, o Correio Mariliense acompanhou uma visita de crianças de 07 a 10 anos da EMEF “Prof. Olimpio Cruz”: cerca de 600 alunos, divididos em grupos, visitaram o local.
Hora de tirar leite: as crianças entram no clima
Ao chegarem, as crianças ficaram eufóricas. Maravilhadas, queriam correr para explorar o ambiente e deram um trabalhão aos monitores. Para os pequenos, foi uma experiência incrível andar de pônei e de trator, descer na tirolesa feita de canos de PVC, alimentar os peixes e as aves, ordenhar a vaca e brincar no playground ecológico construído com reaproveitamento de madeira e outros materiais.
Cadeirinha da tirolesa feita com canos PVC
“É um trabalho que dá uma felicidade imensa para eles porque é um tempo que aproveitam ao máximo”, comentou Lilian, acrescentando que as brincadeiras na casinha improvisada com fogão à lenha e o museu de utensílios da roça encantam os pequenos que podem brincar com os pés na terra.
Playground, que reaproveitou materiais, faz a alegria das crianças.
Invariavelmente, Lilian faz um bate-papo à sombra das frondosas árvores que termina com o juramento de “Amigo da Natureza”. Trata-se de um comprometimento “dessa criança que a gente pretende que, em algum momento, se lembre disso e tenha atitudes corretas em relação ao meio-ambiente”, explicou a professora.


Ademir, Lilian e Adolfo: família unida
As árvores, aliás, merecem uma observação à parte: a diversidade de mais de 500 espécies Lilian conseguiu com muita determinação. Nas viagens pelo Brasil e exterior, sempre dá um jeito de trazer sementes ou mudas: “Já trouxe sementinha na meia, de um vôo internacional”, conta entre gargalhadas. O resultado é incrível: muito verde em árvores de grande porte que deixam os visitantes boquiabertos.

VISITA SENSORIAL

Lilian contou, emocionada, sobre a experiência que teve com um grupo de deficientes visuais: “Fizemos uma visita sensorial. Eles tocaram nos pêlos dos animais para diferenciar o coelho do carneiro, por exemplo, e estimularam o olfato quando passamos por plantas como cravo, canela, alecrim, arruda”.

Na semana passada, havia um garoto cadeirante no grupo da EMEF. Com o auxílio de professoras e monitores da fazendinha, ele pode aproveitar todas as brincadeiras, incluindo a alimentação dos peixes no lago.
Cadeira de rodas não limitou as brincadeiras

Segundo Eina Cristina de Melo, que acompanhava o grupo de estudantes, a visita a surpreendeu muito: “Estou impressionada. Acho que é algo que as crianças vão se lembrar pelo resto da vida. Jamais esquecerão”.

Lilian finalizou explicando que muitos professores preparam aulas com base nas visitas e trabalham a temática nas classes, posteriormente. No caso das escolas de inglês, muitos professores vão antes mapear tudo o que o local oferece, preparam as aulas e depois realizam a visita apresentando plantas e animais no idioma.
Visita ao gado foi muito concorrida
Para manutenção da fazendinha, Lilian cobra uma taxa quase simbólica. Mas, muitas visitas são realizadas gratuitamente, dentro da responsabilidade social do lugar. Há, ainda, possibilidade das famílias locarem o espaço para comemorarem os aniversários das crianças de uma maneira diferente. Uma oportunidade rara de entrar em sintonia com a natureza bem pertinho da cidade.

Informações no site: www.caminhodaroca.com.br ou pelo telefone (14) 34257448.
 
* Reportagem publicada na edição de 11.12.2012 do Correio Mariliense

Um comentário:

  1. Muito bom adorei a reportagem!!vou sempre para Marília sera que posso fazer uma visitinha no caminho da roça.

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