domingo, 27 de maio de 2012

SEM MEDO DE OUSAR, NOVA SECRETÁRIA ESTÁ REVOLUCIONANDO A ÁREA AMBIENTAL EM MARÍLIA

Por Célia Ribeiro

 A casinha simples, de alegres portões azuis da Rua Santa Helena, atrás do Bosque Municipal “Rangel Pietraroia”, vem se transformando numa oficina de ideias onde a questão ambiental está sendo trabalhada, a toque de caixa, por uma jovem equipe que assumiu a Secretaria Municipal do Meio Ambiente na gestão do prefeito petista Ticiano Tóffoli. Com apenas 33 anos, mas um currículo invejável conquistado em 10 anos de militância ambiental, a titular da pasta, Sonia Cristina Guirado Cardoso, colocou sua expertise de consultora, docente do SENAC e especialista em Direito Ambiental à disposição do serviço público.

Viveiro da Fundação Bradesco é exemplo de investimento ambiental
Soninha, como é mais conhecida --- e gosta de ser chamada --- falou com exclusividade ao Correio Mariliense. Esta é a primeira entrevista da nova secretária que, por sinal, já frequentou essa página em duas outras oportunidades: em 29 de novembro de 2010, quando abordou as mudanças nos investimentos ambientais e em 20 de novembro de 2011 numa reportagem sobre a reforma que realizou em seu apartamento, sem uso de caçamba e geração mínima de resíduo.

Soninha Cardoso
Muito bem. Saindo da teoria para a prática, depois de conhecer as ideias da consultora ambiental, fomos saber como está sendo, para a nova titular da pasta, encarar a dura realidade de dispor de poucos recursos para investimento e déficit de mão-de-obra especializada. O resultado está adiante, nos tópicos selecionados para melhor entendimento:

 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Procurando valorizar as “pratas da casa”, a secretária trouxe a pedagoga Mirela Clemente Armentano da Secretaria da Educação. Com projeto premiado na área ambiental, a professora foi convidada a reforçar a equipe que reformulou o “Centro Curupira de Educação Ambiental”. A unidade, que funciona no bosque, tem atuado em parceria com as escolas (redes pública e particular) num bate-bola onde todos ganham com a troca de experiências.

Outro reforço foi a chegada da engenheira florestal Ludmila de Araújo Passos que além de cuidar dos licenciamentos ambientais e dos TACs (Termos de Ajustamento de Conduta), está trabalhando num inventário florestal do bosque, juntamente com Francisco Carlos Sanches, da área de Arborização Urbana.
Área de Preservação Permanente (APP) na zona norte, cuidada
pela ONG "Instituto Salve do Planeta Terra"
Falando em servidores municipais, Soninha assinalou que esta gestão tem buscando a valorização dos trabalhadores para que possam atender melhor a população. Por exemplo, as refeições agora estão sendo feitas num refeitório adequado cuja inauguração acontecerá em breve. E no horário do almoço, a Secretaria colocou à disposição dos trabalhadores um computador com acesso à internet, tabuleiro de xadrez etc.

O computador foi doado pela ETEC (Escola Técnica “Antonio Devisate”) que recebe computadores, impressoras e outros equipamentos descartados e transforma o “lixo eletrônico” em hardwares disponibilizados à população. Em outubro de2011, o Correio Mariliense publicou reportagem especial sobre o assunto.

COLETA SELETIVA

Muito embora ocorra em poucos bairros, com a participação da Cooperativa de Catadores Cotracil, a coleta seletiva será mais incentivada pela nova secretária do Meio Ambiente: “A gente trabalha de forma focal, pontual. Nas escolas, temos tambores para coleta seletiva. A Secretaria e o bosque são pontos de coleta”, disse. Ela defende uma “reestruturação das cooperativas de Marília” com o apoio para que os catadores se organizem.

Escola Fisk dá exemplo com coleta seletiva
De qualquer modo, Soninha observou que a população deve continuar separando o lixo, independente da coleta seletiva. Conforme disse, latinhas de alumínio, papel, vidro, papelão, e garrafas PET não sobram nas lixeiras. Ela assinalou que ao separar o lixo orgânico do reciclável, a população colabora com os catadores que não precisam revolver os sacos plásticos. “É uma questão social”, destacou.

Lâmpadas fluorescentes recolhidas das Emeis serão descontaminadas
A novidade são os estudos para instalação de eco pontos em áreas estratégicas da cidade. Soninha Cardoso informou que estão sendo realizados estudos para que em determinados pontos haja locais para recebimento de descarte de móveis, entulhos etc que a população acaba jogando nas áreas públicas, como os itambés que margeiam o município.

A lição de casa está sendo feita pela Secretaria: centenas de lâmpadas fluorescentes recolhidas das escolas municipais estão acondicionadas, com cuidado, para serem enviadas a uma empresa que realiza a descontaminação, evitando danos ao meio ambiente.

ARBORIZAÇÃO URBANA

“Na frente da casa do cidadão, a árvore tem uma função não só paisagística. Ela tem uma função na biodiversidade, ela abriga pássaros, refresca. Um bairro arborizado pode chegar a uma diferença de três graus de temperatura, onde a sensação térmica é muito melhor”, afirmou a secretária.

Segundo disse, “temos uma proximidade maior do fiscal da Secretaria do Meio Ambiente com a população. Não tem mais esse olhar punitivo só. Ele tem um olhar educacional, de acolhimento dessa população, de instrutor desse processo. Mudamos a notificação que é mais clara e menos impositiva. Aí, a pessoa vem ao bosque e escolhe uma árvore que goste e ache bonita, recebe uma cartilha de instrução de como ela deve fazer o coveamento, qual a profundidade”, assinalou.
Praças e rotatórias adotadas são bem cuidadas
As mudas são cedidas pelo viveiro da Secretaria Municipal da Agricultura num tamanho fácil de manusear. Soninha disse que “a gente precisa desmistificar algumas coisas. Toda árvore mal plantada faz com que a calçada fique irregular. A árvore, mesmo que seja de pequeno porte, se ela não tiver a profundidade, um coveamento adequado, a raiz vai vir para a superfície”.

DOMINGO NO BOSQUE

O “Domingo no Bosque”, evento tradicional das tardes de domingo no pulmão verde de Marília também passou por melhorias nestes 40 dias de gestão da nova secretária. Os ambulantes foram organizados no mesmo local e orientados a recolherem o lixo gerado, como canudinhos plásticos e palitos de algodão doce, que poderiam ferir os animais que vivem soltos no bosque. Além disso, os ambulantes foram orientados a usarem “vestimenta adequada para manipulação de alimentos (gorros e luvas). Para completar, os artesãos estão sendo convidados a exporem e venderem seus trabalhos no local.
Lazer no bosque atrai famílias inteiras
E por falar em verde, Soninha informou que uma equipe está realizando um levantamento das praças existentes no município, daquelas que foram adotadas por moradores e associações de bairro e dos locais em que há interesse em ter uma área de lazer. A ideia é realizar os projetos paisagísticos, implantar a praça com seus equipamentos de lazer e contar com a parceria dos moradores para ajudarem na manutenção. A equipe da arquiteta e paisagista Aglays Damasceno recebeu mais funcionários e equipamentos, acrescentou a secretária.

PARCERIAS

Soninha Cardoso garantiu que apesar de ter poucos meses à frente da Secretaria, já que o mandato do prefeito termina dia 31 de dezembro, não se intimidará com os desafios e está preparando alguns projetos para pleitear recursos junto à iniciativa privada. Ela lembrou que grupos econômicos como o Santander e a Petrobrás apoiam projetos ambientais e têm muitos recursos disponíveis. Basta ter disposição para escrever os projetos nos padrões exigidos pelas empresas e ir à luta. Fôlego, pelo visto, não falta à jovem secretária.

 * Reportagem publicada na edição de 27.05.2012 do Correio Mariliense

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo(a). Seu comentário será postado, em breve.