domingo, 27 de maio de 2012

SEM MEDO DE OUSAR, NOVA SECRETÁRIA ESTÁ REVOLUCIONANDO A ÁREA AMBIENTAL EM MARÍLIA

Por Célia Ribeiro

 A casinha simples, de alegres portões azuis da Rua Santa Helena, atrás do Bosque Municipal “Rangel Pietraroia”, vem se transformando numa oficina de ideias onde a questão ambiental está sendo trabalhada, a toque de caixa, por uma jovem equipe que assumiu a Secretaria Municipal do Meio Ambiente na gestão do prefeito petista Ticiano Tóffoli. Com apenas 33 anos, mas um currículo invejável conquistado em 10 anos de militância ambiental, a titular da pasta, Sonia Cristina Guirado Cardoso, colocou sua expertise de consultora, docente do SENAC e especialista em Direito Ambiental à disposição do serviço público.

Viveiro da Fundação Bradesco é exemplo de investimento ambiental
Soninha, como é mais conhecida --- e gosta de ser chamada --- falou com exclusividade ao Correio Mariliense. Esta é a primeira entrevista da nova secretária que, por sinal, já frequentou essa página em duas outras oportunidades: em 29 de novembro de 2010, quando abordou as mudanças nos investimentos ambientais e em 20 de novembro de 2011 numa reportagem sobre a reforma que realizou em seu apartamento, sem uso de caçamba e geração mínima de resíduo.

Soninha Cardoso
Muito bem. Saindo da teoria para a prática, depois de conhecer as ideias da consultora ambiental, fomos saber como está sendo, para a nova titular da pasta, encarar a dura realidade de dispor de poucos recursos para investimento e déficit de mão-de-obra especializada. O resultado está adiante, nos tópicos selecionados para melhor entendimento:

 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Procurando valorizar as “pratas da casa”, a secretária trouxe a pedagoga Mirela Clemente Armentano da Secretaria da Educação. Com projeto premiado na área ambiental, a professora foi convidada a reforçar a equipe que reformulou o “Centro Curupira de Educação Ambiental”. A unidade, que funciona no bosque, tem atuado em parceria com as escolas (redes pública e particular) num bate-bola onde todos ganham com a troca de experiências.

Outro reforço foi a chegada da engenheira florestal Ludmila de Araújo Passos que além de cuidar dos licenciamentos ambientais e dos TACs (Termos de Ajustamento de Conduta), está trabalhando num inventário florestal do bosque, juntamente com Francisco Carlos Sanches, da área de Arborização Urbana.
Área de Preservação Permanente (APP) na zona norte, cuidada
pela ONG "Instituto Salve do Planeta Terra"
Falando em servidores municipais, Soninha assinalou que esta gestão tem buscando a valorização dos trabalhadores para que possam atender melhor a população. Por exemplo, as refeições agora estão sendo feitas num refeitório adequado cuja inauguração acontecerá em breve. E no horário do almoço, a Secretaria colocou à disposição dos trabalhadores um computador com acesso à internet, tabuleiro de xadrez etc.

O computador foi doado pela ETEC (Escola Técnica “Antonio Devisate”) que recebe computadores, impressoras e outros equipamentos descartados e transforma o “lixo eletrônico” em hardwares disponibilizados à população. Em outubro de2011, o Correio Mariliense publicou reportagem especial sobre o assunto.

COLETA SELETIVA

Muito embora ocorra em poucos bairros, com a participação da Cooperativa de Catadores Cotracil, a coleta seletiva será mais incentivada pela nova secretária do Meio Ambiente: “A gente trabalha de forma focal, pontual. Nas escolas, temos tambores para coleta seletiva. A Secretaria e o bosque são pontos de coleta”, disse. Ela defende uma “reestruturação das cooperativas de Marília” com o apoio para que os catadores se organizem.

Escola Fisk dá exemplo com coleta seletiva
De qualquer modo, Soninha observou que a população deve continuar separando o lixo, independente da coleta seletiva. Conforme disse, latinhas de alumínio, papel, vidro, papelão, e garrafas PET não sobram nas lixeiras. Ela assinalou que ao separar o lixo orgânico do reciclável, a população colabora com os catadores que não precisam revolver os sacos plásticos. “É uma questão social”, destacou.

Lâmpadas fluorescentes recolhidas das Emeis serão descontaminadas
A novidade são os estudos para instalação de eco pontos em áreas estratégicas da cidade. Soninha Cardoso informou que estão sendo realizados estudos para que em determinados pontos haja locais para recebimento de descarte de móveis, entulhos etc que a população acaba jogando nas áreas públicas, como os itambés que margeiam o município.

A lição de casa está sendo feita pela Secretaria: centenas de lâmpadas fluorescentes recolhidas das escolas municipais estão acondicionadas, com cuidado, para serem enviadas a uma empresa que realiza a descontaminação, evitando danos ao meio ambiente.

ARBORIZAÇÃO URBANA

“Na frente da casa do cidadão, a árvore tem uma função não só paisagística. Ela tem uma função na biodiversidade, ela abriga pássaros, refresca. Um bairro arborizado pode chegar a uma diferença de três graus de temperatura, onde a sensação térmica é muito melhor”, afirmou a secretária.

Segundo disse, “temos uma proximidade maior do fiscal da Secretaria do Meio Ambiente com a população. Não tem mais esse olhar punitivo só. Ele tem um olhar educacional, de acolhimento dessa população, de instrutor desse processo. Mudamos a notificação que é mais clara e menos impositiva. Aí, a pessoa vem ao bosque e escolhe uma árvore que goste e ache bonita, recebe uma cartilha de instrução de como ela deve fazer o coveamento, qual a profundidade”, assinalou.
Praças e rotatórias adotadas são bem cuidadas
As mudas são cedidas pelo viveiro da Secretaria Municipal da Agricultura num tamanho fácil de manusear. Soninha disse que “a gente precisa desmistificar algumas coisas. Toda árvore mal plantada faz com que a calçada fique irregular. A árvore, mesmo que seja de pequeno porte, se ela não tiver a profundidade, um coveamento adequado, a raiz vai vir para a superfície”.

DOMINGO NO BOSQUE

O “Domingo no Bosque”, evento tradicional das tardes de domingo no pulmão verde de Marília também passou por melhorias nestes 40 dias de gestão da nova secretária. Os ambulantes foram organizados no mesmo local e orientados a recolherem o lixo gerado, como canudinhos plásticos e palitos de algodão doce, que poderiam ferir os animais que vivem soltos no bosque. Além disso, os ambulantes foram orientados a usarem “vestimenta adequada para manipulação de alimentos (gorros e luvas). Para completar, os artesãos estão sendo convidados a exporem e venderem seus trabalhos no local.
Lazer no bosque atrai famílias inteiras
E por falar em verde, Soninha informou que uma equipe está realizando um levantamento das praças existentes no município, daquelas que foram adotadas por moradores e associações de bairro e dos locais em que há interesse em ter uma área de lazer. A ideia é realizar os projetos paisagísticos, implantar a praça com seus equipamentos de lazer e contar com a parceria dos moradores para ajudarem na manutenção. A equipe da arquiteta e paisagista Aglays Damasceno recebeu mais funcionários e equipamentos, acrescentou a secretária.

PARCERIAS

Soninha Cardoso garantiu que apesar de ter poucos meses à frente da Secretaria, já que o mandato do prefeito termina dia 31 de dezembro, não se intimidará com os desafios e está preparando alguns projetos para pleitear recursos junto à iniciativa privada. Ela lembrou que grupos econômicos como o Santander e a Petrobrás apoiam projetos ambientais e têm muitos recursos disponíveis. Basta ter disposição para escrever os projetos nos padrões exigidos pelas empresas e ir à luta. Fôlego, pelo visto, não falta à jovem secretária.

 * Reportagem publicada na edição de 27.05.2012 do Correio Mariliense

domingo, 20 de maio de 2012

CERCADOS DE BELEZAS NATURAIS, BAIRROS DA ZONA LESTE DE MARÍLIA QUEREM LAZER E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL.

Por Célia Ribeiro

Moradores dos bairros da zona leste de Marília vivem o paradoxo de terem, ao alcance dos olhos, um cenário digno de cartão postal enquanto sofrem com a falta de opções de lazer . Os itambés, com suas cachoeiras e quedas d’água brotando da imensa área verde, são um espetáculo à parte que poucos têm aproveitado, como por exemplo, para a prática de esportes radicais. O que se vê, por outro lado, é o descaso com o acúmulo de lixo e entulho da construção civil que a Associação de Moradores do Jardim Aeroporto luta para combater.

Prática de parapente no Jardim Lavínia, captada por Ivan Evangelista

Formada por 15 bairros e condomínios, a entidade representativa de cerca de 10 mil habitantes, perdeu as contas das vezes que reivindicou melhorias para a região. Segundo a presidente, Waldivia Maria de Oliveira, uma das últimas mobilizações reuniu 631 assinaturas num abaixo-assinado entregue, no ano passado, ao ex-prefeito Mário Bulgareli.

Por incrível que pareça, carente de áreas públicas de lazer, a região possui um terreno com quase 10 mil metros quadrados, localizado no fim da Rua Shinji Kuroki, que reúne todas as condições para ser revitalizado. Os moradores sonham com a construção da praça que tem até nome: “Praça Pôr-do-sol”, cujo projeto foi elaborado pela arquiteta Angela Torres, gratuitamente.

Projeto da praça está só no papel
Na praça dos sonhos, estão previstos: ciclovia, academia ao ar livre, bancos para leitura, playground, jardim, mesas para xadrez e gamão, relógio solar além de teatro de arena. O ator principal, que aparece na maior parte do ano, promete um espetáculo sem cobrança de ingresso: o pôr-do-sol que se descortina no vale!

VIGILÂNCIA

Segundo a presidente da Associação de Moradores, a Prefeitura de Marília deveria investir naquelas áreas de preservação permanente, realizando limpeza periódica, bem como intensa fiscalização para coibir e, em caso de flagrante, punir com multas pesadas quem joga lixo ou descarrega caçambas de entulho da construção civil nos itambés que margeiam os bairros.

Sempre que ela recebe denúncia de moradores, Waldivia Maria recorre aos órgãos públicos na tentativa de resolver o problema. No entanto, é um trabalho de formiguinha que nem sempre é reconhecido, assinalou a líder comunitária. Sem sede própria (a entidade funciona na sua residência), a Associação também não tem renda, o que dificulta a atuação. Mesmo diante das dificuldades, a presidente está sempre batendo à porta da Câmara Municipal e da Prefeitura levando as reivindicações da população.

Itambés: grande potencial turístico inexplorado
(Foto: Ivan Evangelista)
Segundo a presidente, com poucos investimentos a administração municipal poderia fazer muito pela zona leste. Waldivia Maria citou o campo de futebol do Cecap Aeroporto: sem vestiários ou bebedouros de água, até os campeonatos esportivos promovidos anteriormente no local ficaram comprometidos: “Conseguimos que um projeto das melhorias  fosse elaborado na Secretaria de Obras e levamos ao prefeito. Mas, por infeliz coincidência, recebemos a resposta negativa justamente no dia que o prefeito renunciou,  cinco de março”.

Waldívia, presidene da Associação
Finalizando, a presidente da Associação do Jardim Aeroporto destacou que o Plano Diretor do Município previu “a criação do Parque dos Itambés, através de lei específica. Mas, nada foi feito. O que se vê é sujeira, entulho, lixo de construção que jogam dentro dos itambés. Não há nenhuma proteção ou recuperação ambiental”.

PREFEITURA

Através de nota da assessoria de Imprensa, a Prefeitura informou que adotou providências para solucionar os problemas citados pela líder comunitária: a Secretaria de Serviços Urbanos reuniu caçambeiros para orientação sobre descarte de entulho, promoveu a limpeza nas margens dos itambés, e realizou o plantio de 150 mudas de árvores no terreno destinado à praça.

Imagem de satélite mostra a vasta área verde e o terreno de
10.000 m2 destinado à Praça Pôr-do-Sol, no fim da Rua Shinji Kuroki
A nota acrescenta que está prevista a revisão do Plano Diretor e que, através de financiamentos  habitacionais do governo federal, “promoverá a saída das famílias que moram em submoradias em áreas irregulares, como a dos itambés, para que estes espaços sejam mantidos com as características primitivas”.

Sem especificar qualquer previsão de construção da praça reinvindicada, a Prefeitura informa que “pela Lei Municipal 3600/1990 há a possibilidade de as praças municipais serem adotadas por Associações de Moradores, Comércio Local, e demais cidadãos na oportunidade de revitalização e ocupação do espaço público com suporte paisagístico e orientação técnica da Secretaria”. 
A população pode denunciar o uso incorreto da área pelo telefone da SMA (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) 3401-2000.

*Reportagem publicada na edição de 20.05.2012 do Correio Mariliense

DICA VERDE: AVON E O CONSUMO CONSCIENTE

A Avon voltou a comercializar em seus catálogos a camiseta fabricada em tecido PET, da campanha global Hello Green Tomorrow,  com o nome de Viva o Amanhã mais Verde. O objetivo é gerar recursos para o projeto Plant a Billion Trees, coordenado pela ONG The Nature Conservancy (TNC), que tem o compromisso de restaurar trechos da Mata Atlântica por meio do plantio de um bilhão de árvores, além de promover ações voltadas para a restauração de nascentes e com conteúdo educacional.
Um dos modelos disponíveis

Desde 2010, a Avon e as revendedoras de diversos países já contribuíram com mais de US$ 3 milhões para esse projeto. A parceria Avon e TNC ajudou a restaurar trechos da mata desmatados na região sudeste do Brasil, com cerca de 1,6 milhão de árvores. Vale ainda ressaltar que a fabricação das 252 mil camisetas em tecido PET que estão à venda retiraram 504 mil garrafas PET do meio ambiente, além de gerar economia de água e de energia elétrica.

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em diversidade do planeta, seriamente ameaçado após um longo período de desmatamento que fez com que restasse apenas 7% da mata original. (Fonte: CDN)


TOME NOTA
PET: SOLUÇÕES AMBIENTAIS

 Os principais avanços da indústria das embalagens de PET em benefício do meio ambiente serão debatidos na I Conferência Internacional da Indústria do PET, organizada pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), nos dias 11 e 12 no Hotel Renaissance, em São Paulo.

Bottle-to-Bottle, tecnologias para redução de peso, tampas e gargalos menores, sistemas inteligentes para economia de energia na produção, o desenvolvimento das garrafas de PET com matéria-prima vegetal são alguns dos temas. Além disso, o evento trará os crescentes índices da reciclagem que fazem do Brasil uma referência mundial graças aos avanços nas inúmeras aplicações para PET reciclado.

A programação completa pode ser conferida em www.pettalk.org.br.  Informações pelo telefone 0800.771.3388 ou pelo e-mail pettalk@promoeventos.com.br. (Fonte: WN&P COMUNICAÇÃO LTDA)

domingo, 13 de maio de 2012

ARQUITETA E AGRÔNOMO RECUPERAM ÁREA DEGRADADA PARA VIVEREM NUM PARAÍSO ECOLÓGICO, À BEIRA DOS ITAMBÉS.

Por Célia Ribeiro

Logo que os primeiros raios de sol surgem no horizonte, anunciando o novo dia, um grupo especial de habitantes já está acordado. Saltando de uma árvore a outra, recolhendo os frutos da terra que caíram na madrugada e celebrando a renovação da vida, dezenas de espécies, que habitam os itambés no entorno de Marília, encontraram o lugar perfeito para se reproduzirem depois que uma família começou a devolver à natureza um pouco do que foi perdido com a exploração desenfreada.

Festa na floresta: vizinhos especiais exploram a área recuperada
O paraíso perdido, que o Correio Mariliense citou na reportagem de domingo passado, existe na zona leste: a Shangri-la, na verdade, é a propriedade onde vivem a arquiteta Ângela Torres, seu marido, o engenheiro agrônomo Fábio e o filho Enrico. Em menos de 04 anos, eles transformaram o lugar num santuário ecológico aonde o respeito ao meio-ambiente vem em primeiro lugar.

Angela Torres na varanda da propriedade
Dedicada às construções com foco na sustentabilidade, há 10 anos, a arquiteta levou para casa as ideias que oferece aos clientes: reaproveitamento do que for possível, desperdício zero e uso racional dos recursos naturais. Não por acaso, a família mandou drenar as cinco nascentes d’água da propriedade que desembocam num lago, repleto de tilápias, e seguem o curso devolvidas às cachoeiras do vale, no fundo do terreno.

 A visão da residência, construída em posição estratégica, é inebriante. Em níveis, o terreno abriga ampla área verde que está sendo reflorestada com mais de 400 mudas de árvores nativas, um playground reformado após ser adquirido em um ferro-velho, o campo de futebol e o lago margeando o pomar.

Vista privilegiada de casa: o paraíso é logo ali!
O casal mandou construir uma fossa séptica para que o esgoto não seja lançado no vale, ao contrário do que acontece com as demais construções das imediações. E isso é uma das coisas que mais entristece a arquiteta: a falta de tratamento de esgoto da cidade faz com que os dejetos sejam despejados na natureza, comprometendo a fauna e a flora, e colocando em risco uma das mais belas formações naturais que, além de Marília, só existe nos estados de Minas Gerais e da Bahia.

Dormentes de madeira da antiga estrada de ferro foram comprados a baixo
custo e formam a escada que interliga os níveis do terreno.
“Quando conheci este lugar, fiquei encantada”, recorda a arquiteta, acrescentando que ela e o marido tentam “amenizar o impacto ambiental do lugar devolvendo à natureza um pouco do que outra pessoa tirou”. Ela reconheceu as dificuldades da empreitada, mas ressaltou que continuará fazendo sua parte.

CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS

Na reforma para um cliente, arquiteta reaproveitou a
madeira que seria descartada. O resultado foi essa
parede que divide a área de lazer do imóvel.
Desde os tempos da universidade, Ângela torres pesquisa o assunto. Nas obras que projeta, sejam reformas ou novas construções, oferece aos clientes a possibilidade de economizarem evitando o desperdício, reaproveitando materiais e utilizando alternativas mais práticas como placas cimentícias e tijolo ecológico.

“Nos Estados Unidos, se usa placa cimentícia há mais de 60 anos. É uma coisa mais minimalista e demanda menos mão-de-obra”, observou a arquiteta. No caso das reformas, possui inúmeras obras em que reutilizou a madeira que seria jogada fora, como na casa que ganhou uma área de lazer, com balcão da churrasqueira e parede lateral confeccionados justamente com a madeira que seria descartada. O resultado, na foto desta página, é muito interessante.

Vista interna da área de lazer do cliente: madeira reaproveitada
deu um efeito muito bonito, sem apertar o orçamento.
Na obra do Jardim Santa Gertrudes, apresentada na reportagem de domingo passado, a arquiteta também está inovando com o emprego do tijolo ecológico que, através de sistema de encaixe, tem um resultado final muito bonito e os custos das obras ficam entre 20 e 25% mais baratos.

Aliás, a questão econômica é uma das que mais pesa quando clientes a procuram. Então, aproveitando as inúmeras possibilidades que uma reforma ou nova obra permitem, a arquiteta sugere aos clientes alternativas que agradem ao bolso, mas também aos olhos. Que sejam bonitas, confortáveis, mas também, ecologicamente corretas.

Ela citou a reforma de vários imóveis na Rua das Turquesas, no valorizado bairro Esmeralda, como um bom exemplo de sustentabilidade: “Nas seis lojas conseguimos vender tudo: tacos, janelas, portas, guarda-roupas etc”. Para a arquiteta, “obra que demanda muita caçamba é obra em que tem muito desperdício”.

Sistema de encaixe dos tijolos ecológicos usados na obra da zona leste
Ângela Torres comentou que vai levar muito tempo até que a sustentabilidade na construção civil seja rotina. Ela frisou que não se preocupa com selo verde ou certificações em suas obras porque, para isso, teria que atender a uma série de exigências que ainda não são viáveis: “Numa construção sustentável, pra valer, não pode ter nem resíduo de terra dos pneus de caminhões e tratores que estiverem na obra. Como essa terra fica no asfalto e com a chuva vai para as galerias de águas pluviais e depois para os rios, que já estão assoreados, tem que ter o cuidado de lavar os pneus e varrer a terra para dentro da construção”.
Em sua casa, a arquiteta usou madeira de demolição para os móveis, como esse banco.
No entanto, há muitas formas de minimizar o impacto ambiental e obter economia nas construções, ponderou a arquiteta, citando o uso de placas para aquecimento solar, escolha de lâmpadas de LED que duram mais de 10 anos, aproveitamento da água da chuva para descargas dos sanitários, lavagem de quintais e jardins etc. Opções existem. É uma questão de bom senso, finalizou. O e-mail da arquiteta é: angelct@ig.com.br

PARAÍSO PERDIDO 

Subir nas árvores, brincar no playground no meio de uma grande área verde, jogar futebol com os amiguinhos em casa: quando muitos meninos vivem presos em apartamentos ou casas cheias de grades, por causa da segurança, o garoto Enrico, de 07 anos, tem o privilégio de viver em contato com a natureza que aprendeu a respeitar desde sempre.

Lago repleto de tilápias é mantido com a canalização das nascentes

Abrindo um largo sorriso ao falar do filho, Ângela Torres disse que ela e o marido ensinam o respeito à natureza ao filho para que ele também possa crescer contribuindo para a preservação ambiental: “Ele já tem uma visão bem diferente das outras crianças. Muita criança não sabe nem o que é subir em árvore. Ele tem uma luneta e curte muito essa coisa de contemplar a natureza”, comentou orgulhosa.
Angela relaxa no playground: brinquedos comprados no
ferro-velho, eram do Cristo Rei e foram reformados.
No lago, as tilápias estão visíveis nas águas cristalinas. Mas, a pesca ali só é permitida se o peixe for devolvido ao lago, logo em seguida. Assim, até mesmo os amiguinhos de Enrico, que estão sempre por lá, também aprendem a importância de valorizarem a natureza e cuidarem dela para as gerações futuras.

 *Reportagem publicada na edição de 13.05.2012 do Correio Mariliense

domingo, 6 de maio de 2012

CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL: MARILIENSES APOSTAM NAS VANTAGENS DA OBRA QUE PRESERVA A NATUREZA.

Por Célia Ribeiro

Tudo começa com alguns rabiscos. Geralmente em preto e branco, os traços rápidos revelam diferentes formas geométricas de algo que não cabe no papel. Não importam as dimensões. Grande ou pequena, sempre chega o momento da ideia ganhar formas concretas. Casa, moradia, abrigo, habitação ou porto seguro. São muitos os nomes para apenas um significado: lar! Entretanto, para um número crescente de famílias a construção dos sonhos só será perfeita se também contribuir para a preservação ambiental.

Tijolos ecológicos  evitam desperdício
As construções sustentáveis estão por toda parte. Enquanto nas edificações comerciais existe uma tendência à inclusão de dispositivos visando a eficiência energética, ao reaproveitamento da água etc, de olho nas certificações e selos ambientais, nas construções residenciais o que move os futuros moradores é a preocupação com o meio-ambiente e a economia no bolso, não necessariamente nesta ordem.


A observação é do construtor Sérgio Roberto de Souza Rocha, 34 anos, que trabalha na construção civil desde a adolescência vivida na divisa do Mato Grosso. Apesar da pouca idade, só em Marília ele participou da construção de mais de 30 imóveis e, a julgar pelo número de ligações telefônicas recebidas durante a entrevista, ele precisaria de um dublê para atender tanta procura.

Na última quinta-feira, o Correio Mariliense foi entrevista-lo no Jardim Santa Gertrudes, atrás da pista do Aeroporto. Na Rua Inês Cintra ele comanda uma equipe de trabalhadores que está erguendo a segunda moradia à base de tijolo ecológico. Com sistema de encaixe que elimina boa parte das ferragens e caixarias, os tijolos são unidos por cola comum e representam uma evolução na construção civil.

“O principal é não agredir a natureza porque não tem geração de entulho, nem desperdício”, explicou o construtor. Segundo ele, os tijolos vêm sob medida a partir do envio do projeto à fábrica. Na obra do Aeroporto estão sendo usados tijolos de uma empresa de Oriente, mas na primeira casa que ele fez, no Condomínio Campo Belo, foi usado material adquirido em Pederneiras.

Com redução de até 25% no custo dos materiais, a maior dificuldade está na mão-de-obra. Embora não necessite de um treinamento específico, muitos trabalhadores mostram certa resistência à técnica. Ele observou que “falta mão-de-obra para tudo, e ainda mais neste caso”, citando a fase de aquecimento no setor da construção civil, com muitas reformas e novas obras em andamento.

EMPURRÃO

Sérgio, construtor
O construtor contou que ficou sabendo da novidade pela arquiteta Vera Lúcia Oliveira, autora do projeto do Campo Belo: “Ela que me incentivou. Fui a Pederneiras onde conheci o tijolo ecológico, vi como funcionava, recebi uma apostila e nada mais. A partir daí, começamos a construção que ficou excelente”.

Mostrando interesse sobre a questão ambiental e seu impacto no futuro do planeta, Sérgio Roberto disse estar feliz porque, após a conclusão da primeira casa, tem sido procurado por muitas pessoas interessadas em adotarem a técnica em suas obras.


Cola no lugar do cimento: facilidade e rapidez


Os trabalhadores, por sua vez, até estranham no começo, mas depois que se habituam também apoiam a mudança. Um exemplo é o pedreiro Eliseu de Lima Andrade, 24 anos, que exibindo um tubo de cola garantiu: “É bem mais simples que usar cimento”.

PRESERVACIONISTAS

O casal de servidores públicos Eliana e Adriano Peixoto Treviso, pais de um casal de filhos adolescentes, construiu a casa dos sonhos no Residencial Campo Belo com ligações próprias para utilizar a água da chuva nos vasos sanitários. O próximo passo será instalar uma cisterna para o armazenamento da água que custa caro e vem de graça da natureza.
Residência do Campo Belo, de Eliana e Adriano Treviso

Admitindo que a redução no custo dos materiais  também pesou na decisão, Adriano explicou que a opção pelo tijolo ecológico ocorreu por se tratar de alternativa sustentável, que não gera resíduos nem desperdício. Em janeiro, a família mudou-se para a confortável residência projetada pela arquiteta Vera Lúcia Oliveira, em 260 metros, e só tem elogios a fazer: “Nós acreditamos na alternativa de construção sustentável e com o custo mais barato, unimos o útil ao agradável”, assinalou a esposa, Eliana Treviso.

PARAÍSO PERDIDO

Num cenário que lembra o filme Shangri-La (Paraíso Perdido) de 1.973, a arquiteta Ângela Torres projetou a casa da família de frente para o vale localizado no fim da Rua Shinji Kuroki, na zona leste. Estudiosa das construções sustentáveis, com várias obras em andamento, ela investiu na canalização das minas da propriedade, cuja água limpa é lançada nas cachoeiras do Itambé.

Angela Torres
Além disso, construiu uma fossa séptica para tratar o esgoto que geralmente é lançado “in natura” no bairro, reformou um playground que comprou num ferro velho e teria sido do Colégio Cristo Rei, e reutiliza muitos materiais de demolição para compor um espaço bonito, funcional e em completa harmonia com a natureza.  A entrevista completa e as fotos da Shangri-La mariliense, os leitores poderão conferir no próximo domingo!

* Reportagem publicada na edição de 06.05.2012 do Correio Mariliense