domingo, 19 de junho de 2011

Construções Sustentáveis: para especialista, a tendência, que veio para ficar, compensa o investimento

Por Célia Ribeiro


Sustentabilidade na construção civil
Diz o ditado popular que a parte mais sensível do homem é o bolso. Assim, se a opção pelas construções sustentáveis não sensibilizar pelo viés preservacionista, vai emplacar em função da relação custo-benefício. Este cenário foi traçado, na última quarta-feira à noite, pelo engenheiro civil Fernando de Barros, da Consultoria Master Ambiental de Londrina, durante as duas horas em que falou para uma plateia atenta, no auditório da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Alta Paulista, em Marília.

Plateia de engenheiros e arquitetos

“A construção civil é a atividade humana de maior impacto ambiental”, afirmou logo no início, quando traçou um panorama do setor. Ao contrário do que muita gente pensa, a opção por utilizar madeira certificada, sistemas de aproveitamento da água da chuva, aquecimento solar, descargas com duplo comando nos vasos sanitários, entre outros recursos para economizar água e energia elétrica, por exemplo, trará economia a médio e longo prazos.

A marolinha de alguns anos atrás se transformou num tsunami e veio pra ficar, assinalou o engenheiro. A tendência dos “prédios verdes” é irreversível e os profissionais da área precisam se preparar, disse, citando a certificação norte-americana LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) utilizada para avaliar esse novo modelo de construção.
Válvula com dupla descarga

A degradação ambiental e seus reflexos nocivos estão batendo à porta de todos, independente do país. “A construção civil consome 75% dos recursos naturais do planeta, 34% da água e 50% da energia elétrica”, observou o especialista que foi além ao destacar que 72% da madeira comercializada no Brasil não tem certificação e, portanto, é ilegal.

TECNOLOGIAS ECOINTELIGENTES

Fernando de Barros

Para fazer frente ao desafio de frear o processo de degradação ambiental surgiram as tecnologias ecointeligentes: “São dispositivos utilizados nos ambientes construídos para a gestão e redução no consumo de energia elétrica, água, conforto termoacústico” etc, disse o engenheiro, citando os sensores de presença e válvulas com duplo fluxo para vaso sanitários, como exemplos.

As construções sustentáveis demandam um estudo minucioso envolvendo diferentes aspectos, desde a localização do terreno e o impacto que a obra provocará na vizinhança, até os detalhes que farão a diferença quando os trabalhos forem concluídos: aquecimento solar da água, automação (elevadores e iluminação), reaproveitamento da água da chuva, maximização da iluminação natural, uso de madeira certificada, compra de fornecedor regional (localizado a menos de 800 Km de distância), menor produção de esgoto e lixo etc.

O engenheiro explicou que as construções sustentáveis “proporcionam um ambiente saudável e adequado para as pessoas desenvolverem as suas atividades, minimizam os impactos ambientais e preservam recursos naturais, gerando resultados financeiros sustentáveis para os negócios e promovem o desenvolvimento da sociedade sem comprometer as gerações futuras”.
Condomínio empresarial ecointeligente
Citando dados norte-americanos, Fernando de Barros destacou as vantagens dos “prédios verdes”: valorização de até 3% do valor do metro quadrado do imóvel, redução do custo operacional de até 25%, aumento da produtividade de 16%, além da associação da marca ao conceito de sustentabilidade que é a cereja do bolo.

As construções sustentáveis geram economia de energia na faixa dos 30%, redução de 35% na emissão de carbono, entre 30 e 50% de redução no uso de água e diminuição de 50 a 90% do descarte de resíduos.

O profissional alertou, no entanto, para a vigilância sobre aqueles que pretendem “maquiar” a obra chamando-a de “verde”. Na propaganda, o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), por exemplo, baixou uma série de normas para exigir que anunciantes provem os benefícios ecológicos de seus produtos quanto utilizarem a questão ambiental na publicidade.

Na construção civil, existe uma certificação que demanda muitos estudos e acompanhamento de consultoria especializada para obter o selo LEED norte-americano. Por isso, mais que tentar adaptar suas construções às novas regras, os empreendedores estão fazendo a lição de casa e começando a pensar a sustentabilidade desde o projeto, assinalou Fernando de Barros, responsável pela certificação de inúmeros empreendimentos em todo o País e que acaba de montar uma filial de sua empresa em Marília.

Em entrevista ao “Correio Mariliense”, o especialista disse que quem critica os altos custos das construções sustentáveis desconhece o assunto: “O aumento do custo é muito pequeno. Na verdade, é fazer diferente. É claro que se for captar a água da chuva vou ter que colocar mais calhas, ter filtragem porque a água não pode chegar escura ao vaso sanitário”, frisou, assinalando que esse investimento compensará na manutenção do imóvel.

ATUALIZAÇÃO PROFISSIONAL
Muito estudo e planejamento até a conclusão da obra

Para a engenheira civil e chefe da Divisão de Aprovação de Projetos na Prefeitura Municipal, Cláudia Sornas Campos, “com essa palestra vemos o quanto estamos atrasados”. Atual presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos, ela informou que em breve será promovido um curso sobre “Impacto de Vizinhança” visando a atualização dos profissionais da área.

Cláudia Sornas Campos observou que a sede da entidade deu exemplo ao usar a captação de águas pluviais e que a entidade espera contribuir com a questão ambiental ao promover eventos que tragam mais conhecimento aos associados: “A gente tem que conhecer mais e aplicar mais esses conhecimentos sobre sustentabilidade”, finalizou.

Para saber mais sobre o assunto, acesse: http://www.masterambiental.com.br/ e http://www.cbcbrasil.org.br/

*Reportagem publicada na edição de 19.062011 do "Correio Mariliense"

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