domingo, 5 de junho de 2011

BELAJUDA:ONG DA INDÚSTRIA DE CHOCOLATE LEVA SOLIDARIEDADE AO CHÃO DE FÁBRICA

Por Célia Ribeiro

O delicioso aroma do chocolate invade o ambiente. Perto das 11hs, começa a movimentação em direção ao refeitório onde uma vitrine com diversos tipos de doces, estrategicamente instalada, está ao alcance de todos. Para muitos “chocólatras”, trabalhar numa empresa assim seria um verdadeiro sonho. Mas, com olhar atento o que se vê é apenas a superfície de uma ideia inovadora que conseguiu levar a solidariedade ao chão de fábrica.

Eloizi descartando pilhas: bom exemplo

Com unidades em Marília (Bel Chocolates) e Herculândia (Laticínios Hércules), o grupo Bel S/A emprega 700 colaboradores diretamente e outros 300 indiretamente. As campanhas tradicionalmente realizadas no mês de julho, por conta do aniversário da empresa, geraram ações sociais tão bem sucedidas que o caminho natural foi a criação de uma organização não governamental: a Associação Beneficente Belajuda.

Mantida com recursos doados pelos colaboradores, a Belajuda foi regularmente constituída em 2.003. Cada associado tem liberdade para doar qualquer valor, a partir de um real por mês, explica Eloizi Dedemo Ferraz, engenheira de alimentos e membro do Conselho Administrativo da empresa. As doações são aplicadas em projetos sociais que beneficiam a comunidade e também o público interno.

O pontapé inicial foi dado há oito anos quando uma das tarefas da gincana de julho era uma ação social que os colaboradores deveriam desenvolver. Um grupo escolheu a Associação Filantrópica, entidade que abriga meninos carentes. Sensibilizados, esses colaboradores resolveram continuar colaborando com a entidade depois do evento, promovendo festas mensais de aniversário para os internos etc.

“Como a iniciativa partiu dos colaboradores, nós abraçamos a causa da Filantrópica. Promovemos um bingo e o dinheiro arrecadado foi usado na reforma da cozinha da entidade”, recorda Eloizi Ferraz. Foram substituídos os azulejos, as bancadas, os armários e outros móveis.

A partir daí, a ideia da criação da ONG tomou corpo: inicialmente, a Belajuda foi constituída apenas com colaboradores do Grupo Bel S/A de Marília. Em 2.008, com a aquisição do Laticínios Hércules, os trabalhadores de Herculândia também foram incorporados e os projetos sociais distribuídos entre as duas cidades.

CRIANÇA E ADOLESCENTE

Voluntários participam ativamente dos projetos
“A Belajuda não pretende assumir o papel que é do Estado”, ressalta Eloizi Ferraz. Conforme disse, “nosso foco é a criança e o adolescente voltado à educação e à saúde. Mas, também temos um braço que atende os idosos onde temos uma parceria com a Mansão Ismael”. Segundo ela, os colaboradores participam ativamente dos projetos como voluntários e essa é uma das razões do sucesso da ONG.

E por falar em projetos, além da reforma da cozinha do orfanato e do apoio ao asilo, o Belajuda deixou sua marca em outras entidades como no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer e Hemopatia (GACCH),na EMEFEI “Chico Xavier” (projeto de apoio à alfabetização e reforço escolar para crianças do ensino fundamental), na Escola Estadual “Amélia Lopes” (inclusão de alunos no Projeto Belo Futuro, incentivo aos alunos que se destacam em atividades extracurriculares e palestras orientativas), entre outros.

Solidariedade
BELO FUTURO

Mas não é só para a comunidade que a ONG tem se voltado. Os colaboradores que praticam o bem fora do trabalho também são beneficiados internamente: o Projeto Belo Futuro é um exemplo. Destinado aos jovens de 15 a 18 anos, geralmente filhos e irmãos de colaboradores, o projeto está em sua quinta turma. Com duração de um ano e aulas aos sábados, o curso pretende preparar os futuros profissionais dentro de uma visão humanista.

“Nossa área de seleção sentiu carência de profissional adequado no mercado de trabalho. Então, se estamos sentindo necessidade disso vamos nós aqui formar os profissionais do futuro”, assinala a engenheira, para quem os resultados não poderiam ser melhores. Diversos ex-alunos do projeto foram contratados pela empresa e outros conseguiram colocação no mercado de trabalho.

“Os próprios funcionários são escalados para as aulas. Tem o pessoal que fala sobre controle de qualidade, tem o que dá aula sobre contabilidade, tem o profissional de Recursos Humanos e assim por diante”, explica Eloizi que também participa do projeto com o tema voluntariado.

Investindo no futuro: aulas aos sábados
“A gente está despertando nessa moçada o sonho”, afirma Eloizi Ferraz ao lembrar que, nas regiões mais carentes de Marília, o envolvimento com drogas tem vitimado famílias inteiras. “Ser traficante dá status, poder e dinheiro”, pontua a engenheira ao destacar a importância do investimento na infância e na adolescência, passando valores e solidariedade desde cedo.

LINGUAGEM DOS SINAIS

A preocupação com a qualidade dos seus recursos humanos fez com que a empresa criasse um curso de Libras para que os colaboradores pudessem se comunicar com colegas deficientes auditivos. A Bel Chocolates abriu 60 vagas para que quem trabalha nos diferentes turnos pudesse participar, abrindo opção aos familiares dos colaboradores numa segunda etapa.

No entanto, a procura foi tanta que as vagas foram preenchidas apenas pelo público interno. A partir da formatura, no mês que vem, além da comunicação interna estar facilitada, todas as comemorações e festividades da empresa terão tradução para a linguagem dos sinais e, com isso, os mais de 15 deficientes auditivos da fábrica estarão perfeitamente integrados.
Uma das turmas do Curso de Libras

Outro projeto destinado aos colaboradores é o “Viva Bem”. Em parceria com a Universidade de Marília (Unimar), já houve ações para controle da obesidade e palestras educativas. Como há muitos pedidos de informações relacionadas à velhice, neste ano haverá palestras sobre doenças como Alzheimer, Parkinson etc.

LATICÍNIOS HÉRCULES

A atuação social no município de Herculândia, onde a Bel S/A adquiriu o Laticínios Hércules também está avançando, segundo Eloizi Ferraz. Começou com um curso de bombons e trufas para geração de renda que beneficiou 50 mulheres na primeira turma. Agora, está em fase gestacional o projeto para utilizar as folhas não aproveitadas de embalagens de leite na confecção de sacolas retornáveis.

Sacola retornável faz sucesso
Como a primeira volta da bobina de embalagem é descartada no lixo, devido aos cuidados para evitar contaminação, esse material resistente pode ser usado na futura cooperativa de artesanato que a Prefeitura de Herculândia deverá fomentar. Através da ONG Belajuda, serão doados máquinas de costura, materiais além de suporte para que as cooperadas produzam as sacolas para geração de renda.
A primeira experiência com essa sacola deu certo: com apoio da Tetrapak, fornecedora da embalagem longa vida, a empresa produziu 1.000 unidades para doar aos colaboradores. Agora, no lugar de sacolas plásticas, ao comprarem doces na fábrica eles utilizam a sacola retornável contribuindo, também, na preservação do meio ambiente.
Outras informações sobre a empresa: http://www.bel.com.br/ e http://www.produtoshercules.com.br/

* Reportagem publicada na edição impressa do "Correio Mariliense", edição de 05.06.2011

Um comentário:

  1. parabens as Empresas e aos colaboradores e participantes deste projeto...muito bom!!

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