domingo, 26 de junho de 2011

ATRAÍDOS PELA HORTA COMUNITÁRIA, MORADORES DE BAIXA RENDA SE UNEM PARA TRANSFORMAR O BAIRRO

Por Célia Ribeiro

Girassois integrados à paisagem
A paisagem bucólica do gado pastando tranquilamente numa grande área verde, a menos de 15 minutos do centro de Marília, lembra as pequenas cidades de antigamente. Mas, esse cenário que passa despercebido para a maioria das pessoas encantou uma jovem senhora que viu ali mais que um lugar pitoresco. Ela sonhou transformar aquele pedaço de chão em algo que unisse os vizinhos, resgatasse a autoestima coletiva e, de quebra, servisse para melhorar a qualidade de vida no entorno.

E foi assim, pela determinação de quem viu além do alcance, que germinou um dos mais belos projetos sociais da zona oeste: a horta comunitária instalada em 6.000 metros quadrados do abandonado Poliesportivo Américo Capeloza. Para conhecer essa história, o “Correio Mariliense” ouviu sua idealizadora, a ex-estudante de Psicologia, designer de móveis e artista plástica Márcia Zaros.

Márcia exibe os rabanetes orgânicos
“Sou autodidata em quase tudo o que eu sei”, começou a contar, recordando o início de tudo: “Comecei a me interessar pela questão ambiental porque já reciclava lixo em casa e estava trabalhando com fitocosméticos artesanalmente”. Usando a internet, ela realizou uma vasta pesquisa sobre projetos sociais ligados à saúde e à preservação ambiental quando teve a ideia de reunir os moradores da vizinhança e lhes propor um desafio.

“Muita gente critica, mas poucas pessoas se dispõem a fazer alguma coisa para mudar aquele estado de coisas”, comentou Márcia, assinalando que não se conformava em ver aquela imensa área pública abandonada. No antigo salão comunitário do poliesportivo funciona, provisoriamente, uma unidade da Casa do Pequeno Cidadão, mas o resto do local estava tomado pelo mato e sem uso pela população dos bairros Vila Jardim, IV Centenário, São João, Fontaneli e Alto Cafezal.
Paisagem rural a 15 minutos do centro

Deixando o conforto da casa que divide com o marido e dois filhos universitários, Márcia Zaros arregaçou as mangas e bateu de porta em porta convidando os vizinhos para uma reunião: “Não nos emprestaram nem o salão. Fizemos a primeira reunião no escuro, na quadra esportiva. Disseram que eu não conseguiria levar ninguém, mas apareceram 26 pessoas”, lembra radiante.

Trabalho que exige dedicação

Fortalecida ao ver que não estava sozinha no desejo de transformar o local, ela foi adiante. Munida do projeto “Bairro Vivo”, inicialmente desenhado para ser abraçado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária, ela partiu para segunda etapa: foi à Secretaria Municipal do Meio Ambiente em busca de mudas de árvores para a formação de um bosque e depois, na Secretaria Municipal da Agricultura, conseguiu um importante aliado, o ex-secretário e engenheiro agrônomo Antônio Jorge Favoreto.

“Se tem uma coisa que funciona é a Secretaria da Agricultura. Pena que eles têm poucos recursos. Quando expliquei meu projeto, o secretário aprovou na mesma hora. Mandou agendar um horário com o trator para limpar o terreno, mandou examinar o solo e fazer a correção do PH com calcário e nos deu todo apoio”, afirmou a líder comunitária.

Há um ano, finalmente, nascia a primeira parte do projeto comunitário com a horta orgânica que utiliza esterco como adubo e mão-de-obra voluntária das 14 famílias que atualmente se beneficiam da proposta: cada um leva para casa, duas vezes por semana, uma sacola cheia de verduras e legumes fresquinhos. O excedente é vendido em uma banca instalada em frente ao conjunto habitacional do bairro e toda renda é reinvestida no projeto.

COLHENDO OS FRUTOS
Os excedentes são vendidos para gerar renda
Na semana passada foi realizada a segunda grande colheita. Lá são produzidos: alface, almeirão, couve, pepino, cheiro verde, coentro, rúcula, repolho, berinjela, tomate, pimentão, tubérculos (beterraba, cenoura, rabanete) 03 tipos de feijão, milho, abóbora de várias espécies, mandioca (amarela e branca), entre outros. Também há pés de limão e jabuticaba e eles esperam conseguir doações de mudas enxertadas de frutíferas que produzem mais rápido.

O trabalho é duro e exige muita determinação: “Não temos estrutura nenhuma, nem banheiro para eles usarem. Se a gente pudesse dar um lanche ou uma sopa, a gente teria muito mais pessoas participando”, afirmou Márcia Zaros. Além da falta de local, o projeto sofre com a precariedade das condições de trabalho: “Quando chove temos que sair correndo por medo dos raios já que não temos onde nos abrigar”.
Márcia Zaros: concretizando um sonho

A água é outra dificuldade. A irrigação é toda manual e não há reservatório. Por isso, quando o bairro fica sem água, a horta também sofre. A líder comunitária disse que a “Prefeitura prometeu o reservatório , mas daqui a pouco começa o verão e podemos perder tudo”. Outra necessidade são os sombrites para proteção dos canteiros.

Márcia também cultiva a terra

“Fico frustrada. Essa morosidade, essa burocracia para fazer as coisas, me deixa desanimada. Não é coisa de milhões que precisamos”, disse, acrescentando que horticultores profissionais que vão visitar o projeto se surpreendem: “O que gente está fazendo, produzindo alimentos com qualidade sem ter um reservatório de água, é milagre”.

Sem nenhum vínculo partidário ou político, Márcia Zaros demonstrou preocupação com a aproximação da eleição municipal de 2.012: “Gostaria que não fossem misturados interesses políticos de ano de eleição com a urgência do básico que a gente precisa. Porque um projeto, por mais bacana que seja, ele pode morrer porque não foi socorrido a tempo. É igual doente. Se você chega lá, um mês depois que ele faleceu, levando o remédio que veio da Europa e custou um milhão de reais, adianta o que?”

VOOS MAIS ALTOS

Crianças aprendem a produzir tijolo
O projeto “Bairro Vivo” é ambicioso: a ideia é envolver a comunidade para a transformação social através da geração de renda (cursos profissionalizantes como a produção de doces e compotas, além da fabricação de sabão e sabonete vegan à base de extratos de plantas), produção de tijolos ecológicos na olaria comunitária, construção de um biodigestor para produção de gás natural etc.

Segundo Márcia Zaros, um pequeno investimento mudaria a realidade do bairro: o que precisam é a construção de uma cozinha com fogão industrial, sanitário e uma sala para os cursos . “O coração do projeto é mesmo a horta. Mas, o que vai sustentar são as oficinas”, finalizou. Para conhecer mais sobre o projeto, acesse: http://www.projetobairrovivo.blogspot.com/

* Reportagem publicada na edição de 26.06.2011 do "Correio Mariliense"

domingo, 19 de junho de 2011

Construções Sustentáveis: para especialista, a tendência, que veio para ficar, compensa o investimento

Por Célia Ribeiro


Sustentabilidade na construção civil
Diz o ditado popular que a parte mais sensível do homem é o bolso. Assim, se a opção pelas construções sustentáveis não sensibilizar pelo viés preservacionista, vai emplacar em função da relação custo-benefício. Este cenário foi traçado, na última quarta-feira à noite, pelo engenheiro civil Fernando de Barros, da Consultoria Master Ambiental de Londrina, durante as duas horas em que falou para uma plateia atenta, no auditório da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Alta Paulista, em Marília.

Plateia de engenheiros e arquitetos

“A construção civil é a atividade humana de maior impacto ambiental”, afirmou logo no início, quando traçou um panorama do setor. Ao contrário do que muita gente pensa, a opção por utilizar madeira certificada, sistemas de aproveitamento da água da chuva, aquecimento solar, descargas com duplo comando nos vasos sanitários, entre outros recursos para economizar água e energia elétrica, por exemplo, trará economia a médio e longo prazos.

A marolinha de alguns anos atrás se transformou num tsunami e veio pra ficar, assinalou o engenheiro. A tendência dos “prédios verdes” é irreversível e os profissionais da área precisam se preparar, disse, citando a certificação norte-americana LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) utilizada para avaliar esse novo modelo de construção.
Válvula com dupla descarga

A degradação ambiental e seus reflexos nocivos estão batendo à porta de todos, independente do país. “A construção civil consome 75% dos recursos naturais do planeta, 34% da água e 50% da energia elétrica”, observou o especialista que foi além ao destacar que 72% da madeira comercializada no Brasil não tem certificação e, portanto, é ilegal.

TECNOLOGIAS ECOINTELIGENTES

Fernando de Barros

Para fazer frente ao desafio de frear o processo de degradação ambiental surgiram as tecnologias ecointeligentes: “São dispositivos utilizados nos ambientes construídos para a gestão e redução no consumo de energia elétrica, água, conforto termoacústico” etc, disse o engenheiro, citando os sensores de presença e válvulas com duplo fluxo para vaso sanitários, como exemplos.

As construções sustentáveis demandam um estudo minucioso envolvendo diferentes aspectos, desde a localização do terreno e o impacto que a obra provocará na vizinhança, até os detalhes que farão a diferença quando os trabalhos forem concluídos: aquecimento solar da água, automação (elevadores e iluminação), reaproveitamento da água da chuva, maximização da iluminação natural, uso de madeira certificada, compra de fornecedor regional (localizado a menos de 800 Km de distância), menor produção de esgoto e lixo etc.

O engenheiro explicou que as construções sustentáveis “proporcionam um ambiente saudável e adequado para as pessoas desenvolverem as suas atividades, minimizam os impactos ambientais e preservam recursos naturais, gerando resultados financeiros sustentáveis para os negócios e promovem o desenvolvimento da sociedade sem comprometer as gerações futuras”.
Condomínio empresarial ecointeligente
Citando dados norte-americanos, Fernando de Barros destacou as vantagens dos “prédios verdes”: valorização de até 3% do valor do metro quadrado do imóvel, redução do custo operacional de até 25%, aumento da produtividade de 16%, além da associação da marca ao conceito de sustentabilidade que é a cereja do bolo.

As construções sustentáveis geram economia de energia na faixa dos 30%, redução de 35% na emissão de carbono, entre 30 e 50% de redução no uso de água e diminuição de 50 a 90% do descarte de resíduos.

O profissional alertou, no entanto, para a vigilância sobre aqueles que pretendem “maquiar” a obra chamando-a de “verde”. Na propaganda, o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), por exemplo, baixou uma série de normas para exigir que anunciantes provem os benefícios ecológicos de seus produtos quanto utilizarem a questão ambiental na publicidade.

Na construção civil, existe uma certificação que demanda muitos estudos e acompanhamento de consultoria especializada para obter o selo LEED norte-americano. Por isso, mais que tentar adaptar suas construções às novas regras, os empreendedores estão fazendo a lição de casa e começando a pensar a sustentabilidade desde o projeto, assinalou Fernando de Barros, responsável pela certificação de inúmeros empreendimentos em todo o País e que acaba de montar uma filial de sua empresa em Marília.

Em entrevista ao “Correio Mariliense”, o especialista disse que quem critica os altos custos das construções sustentáveis desconhece o assunto: “O aumento do custo é muito pequeno. Na verdade, é fazer diferente. É claro que se for captar a água da chuva vou ter que colocar mais calhas, ter filtragem porque a água não pode chegar escura ao vaso sanitário”, frisou, assinalando que esse investimento compensará na manutenção do imóvel.

ATUALIZAÇÃO PROFISSIONAL
Muito estudo e planejamento até a conclusão da obra

Para a engenheira civil e chefe da Divisão de Aprovação de Projetos na Prefeitura Municipal, Cláudia Sornas Campos, “com essa palestra vemos o quanto estamos atrasados”. Atual presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos, ela informou que em breve será promovido um curso sobre “Impacto de Vizinhança” visando a atualização dos profissionais da área.

Cláudia Sornas Campos observou que a sede da entidade deu exemplo ao usar a captação de águas pluviais e que a entidade espera contribuir com a questão ambiental ao promover eventos que tragam mais conhecimento aos associados: “A gente tem que conhecer mais e aplicar mais esses conhecimentos sobre sustentabilidade”, finalizou.

Para saber mais sobre o assunto, acesse: http://www.masterambiental.com.br/ e http://www.cbcbrasil.org.br/

*Reportagem publicada na edição de 19.062011 do "Correio Mariliense"

domingo, 12 de junho de 2011

CARONA SOLIDÁRIA: PROJETO CRIATIVO É BOM PARA O BOLSO E MELHOR AINDA PARA O MEIO AMBIENTE

Por Célia Ribeiro

O que era para ser um simples exercício teórico, do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na universidade, acabou se transformando num negócio promissor para três jovens empreendedores: a carona solidária. Desde o fim de 2.009, quem não quer viajar sozinho pode oferecer ou solicitar carona a vários destinos em todo o Brasil, dividindo os custos da viagem e, principalmente, contribuindo para a redução de gás carbônico na atmosfera devido à diminuição de carros na estrada.

Quem explica é o empresário Carlos Bitencourt que se juntou aos fundadores do portal http://www.caronasolidaria.com/, Leandro Cervelin e Rafael Moraes. Os três saíram da Univem (Centro Universitário Eurípedes de Marília) com formação em administração de empresas e tecnologia da informação e em comum têm a preocupação com a sustentabilidade.
Rafael Moraes, Carlos Bitencourt, Jane Bochi e Rodrigo Más no Esmeralda Shopping
Com aproximadamente 1.500 usuários cadastrados, o portal funciona da seguinte maneira: a partir de um cadastro, onde são informados os dados pessoais, o interessado pode oferecer ou solicitar carona para determinado destino. Fica a critério dos interessados, após o contato inicial facilitado pelo site, decidir se ratearão os custos da viagem.

Segundo Carlos Bitencourt, já foram contabilizadas dezenas de caronas tanto dentro de Marília como para outras cidades paulistas e de outros estados. Ele citou os casos do Rio de Janeiro e Natal (Rio Grande do Norte) em que usuários se organizaram para realizarem as viagens no mesmo carro. Uma das cidades que mais utiliza a carona solidária é Botucatu, observou Carlos Bitencourt, contando que a Prefeitura do município colocou o site como um dos serviços oferecidos à população.

Com o sucesso da iniciativa, o grupo se prepara para a fase 2 do projeto, que é disponibilizar às empresas espaço publicitário no portal para veicularem suas marcas. Elas terão direito a usar o “Selo Carona Solidária” e poderão organizar, dentro de Marília, deslocamentos em grupo entre seus funcionários visando reduzir o custo do transporte. Para outras informações, o contato é: carlos.bitencourt@caronasolidaria.com

Durante esta semana, a equipe da carona solidária participou da exposição da Semana do Meio Ambiente organizada pela ONG W-Ecos no Esmeralda Shopping.

*Reportagem publicada no "Correio Mariliense", edição de 12.06.2011

ESMERALDA SHOPPING DOOU MUDAS DE IPÊS

As comemorações do Mês do Meio Ambiente acontecem em Marília com uma programação diversificada. No Esmeralda Shopping, uma exposição organizada pela W-Ecos, e encerrada neste domingo, ofereceu informações sobre as iniciativas ambientalmente corretas da cidade e, de quebra, doou aos clientes 300 mudas de ipês.

Clientes levaram mudas para casa
Segundo o ambientalista Rodrigo Más, responsável pela mostra, a semana reuniu um pouco de tudo desde o dia 04: desfile do Curso de Moda da FAIP, onde foram apresentadas criações a partir de materiais reaproveitados, show da Banda em Balde em que latões e outros objetos são usados na percussão sob comando do maestro Augusto Botelho; criações com material orgânico (sementes e galhos) da artista plástica Tereza Oliveira; mostra de madeiras nativas tropicais, exposição de objetos recuperados do lixo pela Cotracil; o Portal Carona Solidária, entre outros.

Rodrigo Más disse que apesar do shopping, “por si só, ser um centro de consumo, quando se agrega a questão ambiental neste percurso é preciso sensibilizar muito bem as pessoas. E, a doação das mudas entrou neste sentido. As pessoas saíram não só com as sacolas de compra, mas também com uma muda que vão plantar e ajudar numa construção ambiental para toda a cidade”.


A boa notícia, no entanto, o ambientalista deixou para o final. O Esmeralda Shopping adquiriu outras 100 mudas de ipês para formar um mini bosque em frente à Estação Rodoviária. O plantio aconteceu ontem, no final do passeio ciclístico que atraiu muita gente, pela manhã. “Dentro de cinco anos, quando se olhar para aquela área, que hoje não tem árvore alguma, vamos ter um espetáculo com os ipês florindo”, finalizou.

Sementes, galhos e folhas viram arte

MOSTRA DA UNIVEM VAI ATÉ O DIA 22
Artesanato com cacos de cerâmica
 Aberta no último dia 06, a exposição “Vida que te quero verde” da Univem receberá caravanas de escolas de Marília e região, além do público em geral, até o dia 22. No local, sob coordenação da consultora de Jardinagem e Paisagismo, Lilian Aparecida Marques de Oliveira e da artista plástica Neusa Macedo Soares, estão expostos artesanatos, materiais reciclados, malha eco da Altenburg, sacolas retornáveis, obras de arte de diversos artistas que focaram seu trabalho na sustentabilidade, banners com trabalhos das escolas de Marília, objetos dos projetos de geração de renda da universidade etc.

Trabalhos de colégios na Univem

BOSQUE TEM PROGRAMAÇÃO ATÉ JULHO

O Centro de Educação Ambiental, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Marília, realiza atividades o ano todo. No entanto, por conta do “Dia Mundial do Meio Ambiente” comemorado em cinco de junho, foi elaborada uma programação especial voltada aos estudantes, mas aberta ao público em geral, que só terminará no dia cinco de julho.

“Esta é a 14ª edição do ‘Mês do Meio Ambiente’ e a cada edição nós abrimos espaço para as pessoas que tem feito ações e não têm oportunidade de mostrar esse trabalho”, explicou a educadora ambiental Jane Bochi. Em média, 400 crianças passam pelo Bosque Municipal, diariamente. Ela destacou a parceria com o Curso de Design da Univem que, pelo 4º ano criou a arte estampada nas camisetas, as logomarcas, os certificados, as molduras de papéis etc, seguindo o tema.
Peça teatral atrai as crianças e adolescentes
Nos próximos dias haverá a seguinte programação: 12/06, às 15h, “Domingo no Bosque – Música e Ecologia”; dia 13, às 9h – Teatro: “Quem foi que disse que o peixe só morre pela boca?” (alunos da Juventude Católica de Marília); dia 15, às 14h – Teatro: “A cigarra e a formiga” (Grupo de Teatro Mágico Infantil de Getulina); dia 16, às 14h – Teatro: “A Paz” (alunos do Colégio Assembleiano de Marília) e dia 17, às 14h – Projeto Ludibus – Ônibus da Alegria (alunos da Unesp de Marília).

* Reportagem publicada na edição de 12.06.2011, do "Correio Mariliense"

domingo, 5 de junho de 2011

BELAJUDA:ONG DA INDÚSTRIA DE CHOCOLATE LEVA SOLIDARIEDADE AO CHÃO DE FÁBRICA

Por Célia Ribeiro

O delicioso aroma do chocolate invade o ambiente. Perto das 11hs, começa a movimentação em direção ao refeitório onde uma vitrine com diversos tipos de doces, estrategicamente instalada, está ao alcance de todos. Para muitos “chocólatras”, trabalhar numa empresa assim seria um verdadeiro sonho. Mas, com olhar atento o que se vê é apenas a superfície de uma ideia inovadora que conseguiu levar a solidariedade ao chão de fábrica.

Eloizi descartando pilhas: bom exemplo

Com unidades em Marília (Bel Chocolates) e Herculândia (Laticínios Hércules), o grupo Bel S/A emprega 700 colaboradores diretamente e outros 300 indiretamente. As campanhas tradicionalmente realizadas no mês de julho, por conta do aniversário da empresa, geraram ações sociais tão bem sucedidas que o caminho natural foi a criação de uma organização não governamental: a Associação Beneficente Belajuda.

Mantida com recursos doados pelos colaboradores, a Belajuda foi regularmente constituída em 2.003. Cada associado tem liberdade para doar qualquer valor, a partir de um real por mês, explica Eloizi Dedemo Ferraz, engenheira de alimentos e membro do Conselho Administrativo da empresa. As doações são aplicadas em projetos sociais que beneficiam a comunidade e também o público interno.

O pontapé inicial foi dado há oito anos quando uma das tarefas da gincana de julho era uma ação social que os colaboradores deveriam desenvolver. Um grupo escolheu a Associação Filantrópica, entidade que abriga meninos carentes. Sensibilizados, esses colaboradores resolveram continuar colaborando com a entidade depois do evento, promovendo festas mensais de aniversário para os internos etc.

“Como a iniciativa partiu dos colaboradores, nós abraçamos a causa da Filantrópica. Promovemos um bingo e o dinheiro arrecadado foi usado na reforma da cozinha da entidade”, recorda Eloizi Ferraz. Foram substituídos os azulejos, as bancadas, os armários e outros móveis.

A partir daí, a ideia da criação da ONG tomou corpo: inicialmente, a Belajuda foi constituída apenas com colaboradores do Grupo Bel S/A de Marília. Em 2.008, com a aquisição do Laticínios Hércules, os trabalhadores de Herculândia também foram incorporados e os projetos sociais distribuídos entre as duas cidades.

CRIANÇA E ADOLESCENTE

Voluntários participam ativamente dos projetos
“A Belajuda não pretende assumir o papel que é do Estado”, ressalta Eloizi Ferraz. Conforme disse, “nosso foco é a criança e o adolescente voltado à educação e à saúde. Mas, também temos um braço que atende os idosos onde temos uma parceria com a Mansão Ismael”. Segundo ela, os colaboradores participam ativamente dos projetos como voluntários e essa é uma das razões do sucesso da ONG.

E por falar em projetos, além da reforma da cozinha do orfanato e do apoio ao asilo, o Belajuda deixou sua marca em outras entidades como no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer e Hemopatia (GACCH),na EMEFEI “Chico Xavier” (projeto de apoio à alfabetização e reforço escolar para crianças do ensino fundamental), na Escola Estadual “Amélia Lopes” (inclusão de alunos no Projeto Belo Futuro, incentivo aos alunos que se destacam em atividades extracurriculares e palestras orientativas), entre outros.

Solidariedade
BELO FUTURO

Mas não é só para a comunidade que a ONG tem se voltado. Os colaboradores que praticam o bem fora do trabalho também são beneficiados internamente: o Projeto Belo Futuro é um exemplo. Destinado aos jovens de 15 a 18 anos, geralmente filhos e irmãos de colaboradores, o projeto está em sua quinta turma. Com duração de um ano e aulas aos sábados, o curso pretende preparar os futuros profissionais dentro de uma visão humanista.

“Nossa área de seleção sentiu carência de profissional adequado no mercado de trabalho. Então, se estamos sentindo necessidade disso vamos nós aqui formar os profissionais do futuro”, assinala a engenheira, para quem os resultados não poderiam ser melhores. Diversos ex-alunos do projeto foram contratados pela empresa e outros conseguiram colocação no mercado de trabalho.

“Os próprios funcionários são escalados para as aulas. Tem o pessoal que fala sobre controle de qualidade, tem o que dá aula sobre contabilidade, tem o profissional de Recursos Humanos e assim por diante”, explica Eloizi que também participa do projeto com o tema voluntariado.

Investindo no futuro: aulas aos sábados
“A gente está despertando nessa moçada o sonho”, afirma Eloizi Ferraz ao lembrar que, nas regiões mais carentes de Marília, o envolvimento com drogas tem vitimado famílias inteiras. “Ser traficante dá status, poder e dinheiro”, pontua a engenheira ao destacar a importância do investimento na infância e na adolescência, passando valores e solidariedade desde cedo.

LINGUAGEM DOS SINAIS

A preocupação com a qualidade dos seus recursos humanos fez com que a empresa criasse um curso de Libras para que os colaboradores pudessem se comunicar com colegas deficientes auditivos. A Bel Chocolates abriu 60 vagas para que quem trabalha nos diferentes turnos pudesse participar, abrindo opção aos familiares dos colaboradores numa segunda etapa.

No entanto, a procura foi tanta que as vagas foram preenchidas apenas pelo público interno. A partir da formatura, no mês que vem, além da comunicação interna estar facilitada, todas as comemorações e festividades da empresa terão tradução para a linguagem dos sinais e, com isso, os mais de 15 deficientes auditivos da fábrica estarão perfeitamente integrados.
Uma das turmas do Curso de Libras

Outro projeto destinado aos colaboradores é o “Viva Bem”. Em parceria com a Universidade de Marília (Unimar), já houve ações para controle da obesidade e palestras educativas. Como há muitos pedidos de informações relacionadas à velhice, neste ano haverá palestras sobre doenças como Alzheimer, Parkinson etc.

LATICÍNIOS HÉRCULES

A atuação social no município de Herculândia, onde a Bel S/A adquiriu o Laticínios Hércules também está avançando, segundo Eloizi Ferraz. Começou com um curso de bombons e trufas para geração de renda que beneficiou 50 mulheres na primeira turma. Agora, está em fase gestacional o projeto para utilizar as folhas não aproveitadas de embalagens de leite na confecção de sacolas retornáveis.

Sacola retornável faz sucesso
Como a primeira volta da bobina de embalagem é descartada no lixo, devido aos cuidados para evitar contaminação, esse material resistente pode ser usado na futura cooperativa de artesanato que a Prefeitura de Herculândia deverá fomentar. Através da ONG Belajuda, serão doados máquinas de costura, materiais além de suporte para que as cooperadas produzam as sacolas para geração de renda.
A primeira experiência com essa sacola deu certo: com apoio da Tetrapak, fornecedora da embalagem longa vida, a empresa produziu 1.000 unidades para doar aos colaboradores. Agora, no lugar de sacolas plásticas, ao comprarem doces na fábrica eles utilizam a sacola retornável contribuindo, também, na preservação do meio ambiente.
Outras informações sobre a empresa: http://www.bel.com.br/ e http://www.produtoshercules.com.br/

* Reportagem publicada na edição impressa do "Correio Mariliense", edição de 05.06.2011

TOME NOTA

PRÊMIO FORD AMBIENTAL

O Prêmio Ford, que visa reconhecer iniciativas de preservação do meio ambiente, chega à 16ª edição e abre inscrições, gratuitamente, a partir do dia 07 de junho.

Poderão participar: pessoas físicas, empresas, escolas, organizações não-governamentais e outras entidades. A premiação é composta pelas categorias Conquista Individual, Negócios em Conservação, Ciência e Formação de Recursos Humanos, Meio Ambiente nas Escolas e Fornecedor. A novidade este ano é o desmembramento da categoria Distribuidor em duas: Automóveis e Caminhões. O regulamento e as orientações para a inscrição podem ser encontrados no site http://www.premiofordambiental.com.br/ (Fonte: Burson-Marsteller Brasil )

PLÁSTICO DA CANA-DE-AÇÚCAR

Com a proibição do uso das sacolas plásticas o consumidor acostumado a usar sacolinhas de supermercado para armazenar e descartar o lixo doméstico, aos poucos terá de buscar outras alternativas, ou seja, embalagens sustentáveis. É crescente a comercialização de sacolas recicláveis para transportar as compras de mercado, porém, o lixo ainda é um problema para muitas pessoas.


A Braskem acaba de lançar o “Embalixo Sustentável” que, segundo o fabricante, é 100% renovável pois não é feito do petróleo, mas da cana-de-açúcar. O “plástico verde” está sendo produzido na cidade de Triunfo, no Rio Grande do Sul. A matéria-prima utiliza etanol de cana-de- açúcar para produzir eteno, a ser posteriormente transformado em polietileno, o tipo de plástico mais usado no mundo. O produto já está disponível nos supermercados.

RUA VERDE

A primeira rua verde de São Paulo: esse é o projeto que está sendo conduzido pela EMBALIXO, em parceria com a Associação dos Lojistas da rua Oscar Freire, na Capital. O objetivo é distribuir aos consumidores, amostras do Embalixo Sustentável, incentivando-os a utilizar o produto em detrimento das sacolinhas plásticas ou mesmo dos sacos para lixo convencionais, feitos à base de petróleo. A Associação, que reúne 150 lojistas, afirma que milhares de pessoas circulam diariamente nos comércios da rua.

A intenção, segundo afirma Rafael Costa, diretor da EMBALIXO é fazer da Oscar Freire um exemplo a ser seguido em outras regiões da cidade e do país. "Queremos mostrar que é possível praticar responsabilidade socioambiental gerando trabalho e renda para as cooperativas de catadores e retornando os materiais recicláveis para a cadeia produtiva, essa é uma das vantagens do uso de um saco para lixo sustentável", comenta.
Oscar Freire: rua verde da Capital

Além dos lojistas, as lixeiras instaladas na rua também receberam sacos para lixo sustentáveis. A EMBALIXO está efetuando o gerenciamento de resíduos no local e um carro da empresa recolhe os resíduos das lixeiras no final do dia, diariamente.

A Ação na rua Oscar Freire teve início no mês anterior e será concluída no próximo dia 13 de junho. A EMBALIXO já programa ações semelhantes em outras ruas da Capital e também no interior paulista. (Fonte: Camargo Comunicação)