domingo, 17 de abril de 2011

A SOLIDARIEDADE DE VOLUNTÁRIOS TRANSFORMA LACRES DE LATINHAS EM CADEIRAS DE RODAS

Por Célia Ribeiro

O que parecia mais uma lenda urbana, dessas que se alastram na internet como rastilho de pólvora acesa, em Marília está mobilizando centenas de pessoas. Nos momentos de lazer, seja em casa, nas reuniões familiares, ou nas confraternizações com os amigos e colegas de trabalho muita gente se preocupa em retirar o lacre de alumínio das latinhas de cerveja e refrigerante por um motivo comum: contribuir com a doação de cadeiras de rodas.

Garrafas pets e tambores cheios de lacres

Quem nunca ouviu falar que juntando os lacres seria possível trocar por um aparelho ortodôntico, atire a primeira lata! Embora essa história provoque desconfiança à primeira vista, algumas pessoas determinadas aceitaram o desafio de transformar o material reciclável em um equipamento essencial para locomoção de um sem número de pessoas com necessidades especiais permanentes ou temporárias.

Volunários da ACC entregam uma das cadeiras

Uma dessas figuras é um conhecido empresário do ramo de metalurgia. A indústria do qual é sócio é muito conhecida no meio dos negócios. Seus produtos vencem, a cada ano, a concorrida disputa do Prêmio Top Five e ele teria muitos motivos para estar sob a luz dos holofotes. No entanto, discretíssimo, concordou em atender a reportagem desde que fosse mantida a confidencialidade.

Como para os jornalistas a notícia é o mais importante, o “Correio Mariliense” aceitou a condição de não citar seu nome e nem da empresa. Então, vamos chama-lo apenas de industrial. Pois bem: ele começou a entrevista dando uma verdadeira aula sobre reciclagem. Reclamou que os preços variam muito e que, às vezes, prefere receber os lacres de alumínio, doar as cadeiras de rodas e só vender o material na época em que as cotações estiverem razoáveis.

Conforme disse, sempre que alguém estiver necessitado, independente de haver lacres de alumínio doados em quantidade suficiente, o caso será avaliado e a pessoa certamente conseguirá ser atendida.

ALTO CUSTO

Iago Barbosa
De fala mansa e sorriso fácil, apesar do horror à promoção pessoal, o industrial contou histórias tocantes para justificar o apoio ao projeto dos lacres de alumínio: “Certa vez, fui pescar na Amazônia e fazendo uma trilha chegamos a um lugarejo em que havia uma jovem que não conseguia se locomover. De tempos em tempos, seu pai precisava percorrer 20 quilômetros pela floresta, empurrando a cadeira de rodas, até chegar à cidade mais próxima onde uma condução levaria pai e filha para Manaus, onde ela fazia tratamento médico. A cadeira chegava arrebentada, toda amarrada com arame. Às vezes, eles conseguiam uma cadeira de rodas nova para voltar. Às vezes não. E tinham que voltar os 20 quilômetros pela floresta naquelas condições”.

Sensível, voltou a Marília disposto a fazer a diferença. Envolvendo os operários da fábrica e demais colaboradores, o industrial conseguiu motivar muita gente. Hoje, dezenas de pontos na cidade arrecadam as garrafas pets cheias de lacre de alumínio. Quem doa sempre tem uma explicação: a satisfação de praticar a solidariedade com um pouquinho de esforço. Afinal, é só retirar o lacre e juntar.

Uma das entidades que abraçou a causa é a ACC (Associação de Combate ao Câncer), presidida por Claudine Barion, cujos voluntários desempenham um trabalho incrível em benefício de milhares de pacientes portadores de doenças oncológicas de Marília e mais 62 municípios da região.

“Muita gente não acredita que os lacres podem virar cadeiras de rodas. Ainda é pequena a divulgação. Apesar disso, já conseguimos um bom volume e doamos duas cadeiras de rodas desde o início da campanha no final de 2.010”, afirmou a presidente. Ela disse que os próprios pacientes retornam às suas cidades e lançam a campanha entre os amigos e familiares. O resultado é que a arrecadação continua aumentando.

Segundo o industrial, já foram doadas seis cadeiras de rodas, incluindo as da ACC. Beneficiaram-se tanto pessoas que necessitam do equipamento permanentemente como outras que o utilizarão como empréstimo e depois devolverão para que outros possam utiliza-lo. Os preços das cadeiras variam de 200 a 2.000 reais, dependendo da especificidade.

Claudine Barion e Neusa Gruppo
Claudine Barion destacou que quem quiser contribuir, basta levar garrafas pets cheias de lacres para a sede da ACC, que fica ao lado do Fórum. Informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 34545660 ou e-mail: accmarilia@hotmail.com

PONTOS DE COLETA

Mais de 120 empresas colaboram com a campanha em Marília. Entre elas estão: bares, padarias, postos de combustível, churrascarias, lanchonetes, pesqueiros, sorveterias, associações filantrópicas, escolas de idiomas, colégios, clubes, entre outros estabelecimentos comerciais. Isto sem contar os funcionários das empresas que arrecadam em casa e com suas famílias.

Alguns pontos: Orly Bagueteria, Gráfica Grespan, Gráfica Folhigraf, Gráfica Central, Associação de Combate ao Câncer (ACC), Lanchonete Quentinho, Auto Posto Esmeralda, Escola Fisk, Yara Clube, Itapuãzinho, Casa Grill, Pesqueiro Amoreira, Gigantão Marília, Auto Posto Dallas, Auto Posto Ouro Branco, Auto Posto Itamarati, Frutos da Terra, Restaurante Fogão a Lenha, entre outros.

* Reportagem publicada no "Correio Mariliense", edição de 17.04.2011

13 comentários:

  1. Quantas garrafas são necessárias para ter uma cadeira de rodas???

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    1. Olá! Pelo que me informaram, varia muito o preço do metal. Por isso, às vezes eles guardam os lacres à espera de melhor cotação. Um abraço!

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    2. Boa tarde Celina, como vai?

      Trabalho em uma empresa, onde todos os anos, nós os funcionários, adotamos uma ou mais instituições que precisem de ajuda.A idéia dos lacres das latinhas me parece muito boa e gostaria de ajudar alguém que esteja precisando aqui em minha cidade (Macaé - RJ). Você pode, por favor, me dar alguma informação a este respeito?

      Desde já agradeço!

      Adriana

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    3. Boa tarde, Adriana!
      Muito obrigada por seu comentário. Muito bom saber que vcs realizam ações sociais. Para saber sobre o trabalho da ACC (Associação de Combate ao Câncer de Marília) com os lacres de latinhas, entre em contato com a entidade pelo e-mail: accmarilia@hotmail.com ou telefone (14) 34545660. As diretoras poderão lhe orientar. Boa sorte a vcs! Um abraço e apareça sempre por aqui.

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  2. sou do Rio de Janeiro como faço pra doar.tenho variàs garrafas cheias,poderia me informar se por aqui tem?

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    1. Boa tarde! Obrigada pelo comentário.
      Não conheço iniciativas do tipo no RJ, mas tenho amigos que moram aí e vou tentar obter essa nformaçao.
      Se quiser, contate-me no Twitter para trocarmos msgs.

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  3. Boa tarde Celinha,

    Sou Renata Colella, gostaria de saber onde eu consigo fazer a "troca" de lacres de lata por cadeiras de rodas.
    Estou procurando na internet mas não estou achando.
    Obrigada,
    Aguardo,
    Renata (renata@mgomide.com.br)

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  4. Ola estou começando a juntar os lacres e queria saber como eu do estado do Rio de Janeiro posso fazer para quando eu tiver uma boa quantidade de lacre para enviar para vocês.

    Carolina( carolinasantana96@hotmail.com

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  5. Boa noite!
    Moro na cidade do Rio de Janeiro e tenho algumas garrafas contendo anéis de latinhas. Onde posso fazer a doação?
    Grta
    Andréa

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    1. Tenho 10 garafa de 2 litros cheia de lagres gostaria de saber a onde troca sou do Rio de Janeiro padre Miguel

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    2. Boa tarde!
      Em Marília, há vários locais que pegam lacres. No RJ desconheço as entidades.

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  6. Tenho 2 galões de 5 litros de lacre de alumínio estou em são Paulo. cono eu faço pára doar

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  7. Tenho 2 galões de 5 litros de lacre de alumínio pára doação. Como fazer estou em são Paulo

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