segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Expressinho Tricolor: a inclusão pelo esporte

Por Célia Ribeiro

Gabriel madrugou para treinar
Passava pouco das 7 horas da manhã quando a movimentação de operários, na obra do futuro Pronto Socorro da zona sul, na Vila Hípica, anunciava mais um dia de trabalho pesado. No portão ao lado, indiferente ao burburinho, um menino saltava da bicicleta todo arrumadinho, de cabelo cortado, banho tomado e devidamente uniformizado como se fosse disputar a final do campeonato.

O garoto sonhador tem apenas 11 anos. É Gabriel Fonseca dos Santos, estudante aplicado do 2º. Grupo do Nova Marília, que treina no Expressinho Tricolor há três meses. A exemplo de outros 300 meninos, quer ser jogador de futebol e, quem sabe, seguir a trilha de outros que passaram pelos campinhos da escolinha de futebol da periferia e ganharam o mundo.

Fabiano (Atlético Mineiro), Ederson (Lion da França), Alceu (Japão), Ronieli (Turquia), João Marcos (Ceará) e outros 20 jogadores profissionais deram os primeiros chutes na Associação Atlética Expressinho Tricolor que, antes de ser uma escolinha de futebol, é uma entidade preocupada com a formação dos meninos como cidadãos.
Disciplina antes de tudo
O “Correio Mariliense” acompanhou uma manhã de treino. Chamou a atenção a educação dos garotos. Ao se aproximarem, estendem a mão, cerimoniosamente, para o “bom dia”. Soubemos depois que o técnico Santir (José Maria Ferreira da Paz) leva os meninos com rédea curta, como diriam os antigos: “Eles precisam aprender, desde cedo, o respeito aos outros”, explica Marcos Henrique de Souza.
Santir e Marcos: fazendo contas

Coordenador do projeto, o funcionário público estadual se junta a Santir na hora de fazer as contas fecharem no fim do mês. Afinal, nos três locais de treinamento (Vila Hípica, Balão Mágico, na zona sul, e Poliesportivo J.K, na zona norte), treinam cerca de 300 meninos de 06 a 15 anos.

Nos campos da zona sul é cobrada uma taxa simbólica de 20 reais por mês, sendo que 30% dos meninos não pagam nada. Na zona norte é tudo gratuito, explicaram Santir e Marcos. Eles disseram que os uniformes são vendidos a preço de custo (30 reais o kit) e muitos parcelam esse valor. Mas, cada caso é estudado separadamente e a entidade ajuda a maior parte dos craquinhos.

Meninos dividem o sonho
Perigos da rua
O coordenador do Expressinho contou que muitos meninos ficavam pela rua antes de treinarem na escolinha: “Alguns viviam em situação de risco. Agora, aprendem a ter disciplina, a respeitar as pessoas e se dedicam nos treinos estabelecendo seus objetivos de vida”.

Não fica barato manter a estrutura da escolinha.
O Expressinho está em busca de patrocinadores para custear as despesas que chegam a 10 mil reais por mês. A área da Vila Hípica (Poliesportivo Yusaburo Sasazaki), onde fica a sede, pertence à Igreja de Santa Rita que a cedeu ao clube.

“Se cada jogador que foi revelado aqui se preocupasse em ajudar esses meninos, doando uma pequena quantia por mês, 500 reais que fosse, nossa situação seria outra”, observa o técnico Santir, ele mesmo um ex-jogador profissional com passagens por grandes clubes como o CRB de Alagoas.

O Expressinho Tricolor tem 30 anos, é presidido por Wilson Scioli e conta, ainda, com os competentes treinadores Ronaldo e Tita.

Resultados

Em pleno 2.010, alguns garotos estão se destacando. É o caso de Igor Lopes, 12 anos, que treina há três anos no Expressinho. Ele disputou o Campeonato Paulista e integra a seleção de Marília. “Das 06 categorias que disputamos no primeiro semestre, vencemos 05 e ficamos em segundo lugar em uma”, revelou, orgulhoso o pragmático treinador.

Se depender de entusiasmo e preparo, é bom deixar papel e  caneta reservados. Para os autógrafos!

Para ajudar
Para saber mais e colaborar com a escolinha de futebol, acesse: http://www.expressinhotricolor.com.br/

 
* Reportagem publicada no "Correio Mariliense" de 05.09.2010

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