segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Violência doméstica: a sociedade pode meter a colher, sim.

Por Célia Ribeiro

Dra. Rossana e milhares de arquivos
Com quase 30 anos de experiência, um incrível poder aglutinador e referência quando o assunto é violência doméstica, a delegada titular da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Marília, Drª Rossana Rodrigues Rossini Camacho acredita que somente com a participação da sociedade haverá resultados efetivos na prevenção e no combate à violência contra mulheres, crianças e idosos, de ambos os sexos, no ambiente familiar.

Desde a instalação da DDM na cidade, em 1.987, o perfil das vítimas vem mudando: “Antes, para procurar a delegacia, a mulher precisava estar muito machucada. Hoje, ao menor sinal de violência, de ameaça, ela procura ajuda”, informou a delegada. Neste sentido, vale a máxima de que “em briga de marido e mulher, se mete a colher, sim”, pontuou.

Conforme disse, a cidade é privilegiada por oferecer uma estrutura de atendimento especializado às vítimas de violência doméstica e familiar reconhecida pelo Ministério da Justiça como “Programa Inovador”, na área de Segurança Pública com Cidadania.

Por exemplo: nas amplas instalações da Delegacia da Mulher, localizada à Rua Luiz Pereira Barreto, nº 201 (Jardim Maria Izabel), funciona o Núcleo de Apoio Multidisciplinar (NAM), composto por assistente social (parceria com a Prefeitura), estagiárias do curso de Serviço Social, psicólogos voluntários, estagiários do curso de Psicologia e Unidade Jurídica (em fase de implantação).

Jardins internos da DDM
Além do acolhimento humanizado, o Núcleo dá apoio e orientação às vítimas de violência e seus familiares, encaminhando-os para a rede de serviços de atendimento à mulher em situação de violência (Rede Mulher de Marília).

ECONOMIA

O impacto dos prejuízos que a violência doméstica provoca na economia foi mensurado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Segundo a Dra. Rossana, isso custa 10% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 2,8 bilhões ao País. São despesas com segurança pública, hospitais, medicamentos, faltas ao trabalho, ocorrência de doenças (depressão, hipertensão, estresse, tentativa de suicídio etc), redução da produtividade no trabalho etc.

Por isso, prosseguiu a delegada, a violência doméstica merece ser encarada sob vários aspectos, cabendo à sociedade voltar seus olhos para a problemática que, embora se inicie no ambiente familiar, afeta a todos.

A Drª Rossana Camacho elogiou as ações de instituições e empresas que exercem sua responsabilidade social ao apoiarem a causa. Ela citou a Avon, líder mundial na venda de cosméticos, que dedica amplo espaço em seus folhetos de produtos à questão da violência doméstica e destina renda para projetos da área.

“Depois que a Avon começou a publicar o telefone 180, que atende 24 horas de qualquer orelhão, mesmo sem ficha, onde o atendente orienta as vítimas sobre o serviço de apoio mais próximo, aumentou muito o número de mulheres que nos procuram”, informou. Somente na semana passada, de acordo com a delegada, houve dois casos graves em que as mulheres chegaram à DDM através do telefone 180 divulgado pela Avon.

Ela citou um caso emblemático: “Uma revendedora conseguiu quebrar o ciclo de violência de uma cliente que há 14 anos era mantida em cárcere privado pelo companheiro, que não a deixava sair de casa. A moça perguntou sobre aquele anúncio no folheto e recebeu a explicação sobre o funcionamento do telefone de emergência. A partir daí, ela conseguiu procurar ajuda”, assinalou.

CAPACITAÇÃO

A Drª Rossana afirmou que a comunidade tem apoiado a causa e muitas empresas e instituições de Marília colaboram com a delegacia onde atuam, além dela, que é delegada titular de Prevenção e Interação com a Comunidade, também os delegados Celso Antônio Borlina e Eduardo Cardoso de Melo Tucunduva (operacionais), 05 escrivãs, 04 investigadoras, 01 agente e 01 auxiliar de serviços. São registradas cerca de 2.500 ocorrências que geram mais de 400 inquéritos, por ano.

Brinquedoteca: espaço lúdico para as crianças
Além disso, periodicamente, a DDM promove capacitações sobre violência doméstica para públicos distintos como estudantes de Medicina e Enfermagem da Famema e Unimar, Polícia Militar, Polícia Civil, Secretaria Municipal da Educação (diretoras de escola), profissionais de Recursos Humanos das empresas, lideranças comunitárias etc. Ela espera montar um grupo de jornalistas e radialistas, em breve.

Articulada, a delegada Rossana leva ao pé da letra a missão de interagir com a comunidade e, ano após ano, contribui para fazer de Marília uma referência nacional no combate à violência doméstica.

INSTITUTO AVON
Lirio Cipriani e a ministra, na premiação

O Instituto Avon foi um dos homenageados pela Secretaria Nacional de Política para as Mulheres tendo recebido o prêmio “Boas Práticas na Aplicação, Divulgação ou implementação da Lei Maria da Penha pela Campanha Fale sem Medo – Não à Violência Doméstica”.

A campanha “Fale sem medo” foi lançada no país em 2008 e tem sido instrumento valioso de conscientização da sociedade sobre a necessidade de mudanças de paradigmas culturais e comportamentais para a promoção da paz no ambiente familiar, por meio do exercício do respeito, do diálogo e do conhecimento das causas que promovem estes efeitos, que envolvem principalmente a mulher.

“Esse prêmio é resultado de um trabalho que tem sido feito em conjunto com as mais de 1,1 milhão de revendedoras autônomas Avon. É o engajamento e comprometimento delas em vender os produtos Pulseira, Gargantilha e Anel da Atitude, em levar informações valiosas a outros milhões de mulheres, em divulgar o número 180 e em colocar o tema da violência doméstica em pauta, sem medo, o que torna a nossa campanha algo tão expressivo e forte. Digno de receber esse prêmio”, comemora Lírio Cipriani, diretor executivo do Instituto Avon. "Isto tudo ajuda a mudar a maneira como vemos a questão, ampliando o repertório de como podemos fazer, juntos, para transformar esta triste realidade."

Além da violência doméstica, o Instituto Avon tem atuação destacada em campanhas sobre o câncer de mama. Na região de Marília, patrocinou os programas de prevenção e detecção precoce da doença em Marília (Santa Casa de Misericórdia/Secretaria Municipal da Saúde), Hospital Amaral Carvalho de Jaú, e Santa Casa de Misericórdia de Palmital, com investimentos de mais de meio milhão de reais.

Reportagem veiculada no Jornal Correio Mariliense, edição de 22.08.2010







3 comentários:

  1. Muito boa a abordagem do assunto.
    A Violência Doméstica é uma Violência Silenciosa, até pela forma que ela acontece e todo o constrangimento que ela ocasiona.
    O apoio psicológico às estas vítimas é fundamental e a inciativa de municipios em dar este suporte é de suma importância a qualidade de vida a população.
    Empresas Privadas, especialmente as que têm como maior consumidor mulheres deviam seguir o exemplo da Avon e divulgar mais, de forma didática os direitos assistidos as estas vitimas.A Lei Maria da Penha esta aí para ser cumprida e ao alcance de todos e todas classes sociais.Que venham as iniciativas!!!!

    Celinha minha amiga , parabéns pela abordagem dos assuntos sempre tão atuais e levados à todos através de uma leitura agradável e objetiva.
    E mais importante, parabéns pelo sonho que esta sendo concretizado e abrindo fronteiras pelo mundo, agora com o blog vai levar a todos suas idéias, opiniões e trabalho.
    Sucesso!

    Besitos
    Rosemneire

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  2. Graças a Deus existe o CACAM em Marilia, para protejer as crianças!!!

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